sexta-feira, setembro 17, 2021

No future

No future. A velha palavra de ordem que tanto me fez saltar e espernear quando era ainda um teenager sem juízo que pudesse ignorar parece estar de regresso. O contexto é outro, a envolvência muito diferente mas, imagino eu, a sensação de vazio que ora te põe em pulgas ora te deixa prostrado é decerto semelhante.

Nos anos 70 o problema era a Guerra Fria e a iminência de uma guerra nuclear que arrasasse o planeta de um momento para o outro. Esta pressão constante fazia com que fosse urgente viver tudo, "a vida num só dia", aproveitar cada minuto para rebentar a cabeça e explodir em delírio permanente. A música punk é uma boa metáfora de como nos sentíamos.

Neste final do primeiro quartel do século XXI o problema é a certeza da degradação das condições de vida sobre o planeta devido à poluição e às alterações climáticas. Embora saibamos qual o final anunciado devido aos constantes spoilers produzidos pelos cientistas sobre a História da Humanidade, não somos capazes de evitar o desastre. A nossa sociedade global já não consegue travar a tempo de evitar o mergulho no precipício.

Antes o temor da morte súbita, agora a certeza da morte lenta. Isto não são invenções ou delírios juvenis, são coisas que acontecem. O Ser Humano não tem hipóteses de ser outra coisa a não ser predador de si próprio. Somos como o tal escorpião que atravessa o rio no lombo do sapo.

Sem comentários: