terça-feira, junho 23, 2020

Discurso indirecto

Há gajos a quem se dá um bocadinho de corda e vão por aí fora: falam, falam, falam, principalmente se o tema forem eles próprios. Falam do que sabem e do que não sabem desde que isso lhes sirva para polirem um bocadinho mais a ponta do seu nariz. Há gajos deslumbrados consigo próprios. Emproados, vaidosos, convencidos de que há dentro deles um poço sem fundo prestes a ficar pleno de sabedoria. Mas, não o somos todos? Deslumbrados com a imagem que fazemos de nós próprios? Sábios incompreendidos? Sei que alguns têm baixa auto-estima mas esses são uma minoria. Serão? Espera aí, paciente leitor, que faço eu? Estou com a corda toda! E falo, falo, falo, pouco dizendo que se aproveite. Ainda por cima o tema não sou eu próprio... ou serei? Escrevo estas coisas para me convencer de que há algo de substancial no meu pensamento? Isto é o meu pensamento? Se não me ponho a pau dou tal polimento à ponta do meu nariz que ainda fico ofuscado pelo reflexo da luz a incidir sobre ele. Calo-me. Paro de escrever. O melhor será reflectir sobre o assunto. Calado.

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