Ele há coisas que acontecem, outras coisas, nem por isso. Há perguntas que me apetecia mesmo, mesmo, mesmo fazer mas que, por razões tão obscuras que me envergonham, prefiro calar e esquecer. Esquecer o quê? De que perguntas estaria eu a falar? Está esquecido.
Não sei se é sinal de crescimento e, sendo, crescimento do quê? A cada dia que passa, cada semana, cada mês, desde o início do confinamento, sinto uma espécie de desencanto que me vai pavimentando o coração até o aplanar e endurecer com uma crosta de descrença. Descreio da nossa capacidade de regenerar a sociedade, da nossa capacidade de assinar um armistício com o planeta, descreio da nossa marcha em direcção ao futuro de tal modo estamos encerrados nos preconceitos que nos construíram o passado.
Será isto um reflexo de aproximação à terceira idade? Esta pergunta atrevo-me a fazê-la mas a resposta é iludida por uma outra questão: o que é a terceira idade? Olho para a terceira idade como um reflexo da idade de reforma, a cada ano que passa ela avança mais uns meses, mais uns anos e nunca mais chega. Mas, o facto indesmentível, é que estou cada vez mais próximo dela (da terceira idade, da reforma), assim Deus me dê saúde e não me interrompa o contrato antecipadamente nem me ponha em lay off com alguma doença daquelas que, não nos matando, nos incapacita por tempo indeterminado.
Esta coisa da pandemia veio confundir a minha alegria de viver, aumentar as dúvidas, azedar certezas. A única coisa que não consegue incomodar é o amor que sinto pelas pessoas que me são mais próximas. Haja saúde!