terça-feira, março 12, 2019

Errático

De vez em quando é necessário olhar o espelho com alguma atenção. Será? Parece que sim.

Reparar nos pormenores do nosso rosto, perceber os contornos do corpo que arrastamos connosco e que nos arrasta também sobre a crosta deste mundo; bem vistas as coisas é a imagem que exportamos, aquilo que os outros vêem quando orientam os olhos na nossa direcção.

Mas, aí está uma questão pertinente: vemo-nos com os nossos olhos, somos incapazes de compreender o olhar alheio ("o mundo de cada um é os olhos que tem"), entrar na pele de alguém e calçar-lhe os sapatos é tarefa digna de fantasmas, coisa própria de espíritos errantes.

O espelho é uma superfície, aquilo que nele vemos é superficial. A coisa pode ganhar outros contornos se focarmos a atenção nos olhos. Os olhos são como portas, entras e e sais da alma que te anima. Tens a certeza que é por aí que queres ir?

Temos o corpo e o espelho (a superfície) e temos os olhos e alma (o profundo interno), no meio de tudo isto o cérebro, a tentar compreender, a tentar ver, a tentar ser. Temos o mundo (superfície e profundo interno em simultâneo) sobre ele, dentro dele, em seu redor, milhões de milhões de cérebros de todas as espécies; vida.

Tempos houve em que pensava na Vida como sendo uma permanência, algo infinito, eterno, uma coisa assim. Agora não tenho a certeza disso. Bastante pelo contrário.

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