quinta-feira, setembro 27, 2018

A demissão

Ai que comoção a historieta da demissão do director do Museu de Serralves. Que houve censura, que não houve, que a administração da Fundação andou a meter o bedelho, que não meteu bedelho nenhum: não há dito que não seja contradito. É como se fosse uma altercação entre vizinhas de banca no Mercado do Bolhão mas em versão sisuda. Sabemos bem que a Verdade é uma coisa e que a Realidade é outra, são coisas muito nossas. Seria de esperar que entre pessoas educadas e civilizadas, com tão grandes responsabilidades no campo da Cultura e da Arte, uma situação deste calibre se resolvesse com calma e elevação, lá dentro de casa. Mas não, a coisa transpirou cá para fora e, pronto! Tem sido um berreiro. Uns são a favor, outros são contra, todos têm opinião se bem que não se compreenda muito bem o que terá acontecido. Abaixo a censura! Que não houve censura, que a houve... muito gosta a gente de sentir indignação.

Bem vistas as coisas somos todos enxertados da mesma cêpa: directores, peixeiras, administradores, taxistas, simples opinadores, facebookeanos militantes e todos os demais, ansiosos por termos razão, decididos a mostrar ao mundo o valor da nossa perspectiva, a força da nossa inteligência, inflexíveis na defesa do nosso pedestalzinho. Eu sei que é difícil admitir que erramos mas, caramba, não poderíamos poupar-nos a mais esta ópera bufa? A exposição lá está, o artista é renomado mas já não é isso que importa. Teremos de nos contentar com a nossa colecçãozinha de cromos: director/curador, gestora/administradora, beautiful people, gente muito séria, gente muito culta e, onde o há, o verniz todo estalado. Descansa em paz Mapplethorpe.

3 comentários:

João Menéres disse...

Cada parte, parte da verdade e parte da mentira.
Afinal quem decidiu que 19 obras não fossem expostas depois da Fundação ter suportado os custos respectivos ?
Esta será a primeira questão que coloco.
Entendo que com o mínimo de bom senso, não seria às partes ( Administração/Curador) chegarem a um acordo :
As obras mais explícitas ( sexualmente falando, digamos ) bem poderiam estar numa sala com o AVISO !
Serralves é altamente frequentada por CRIANÇAS e, como tal, o AVISO era conveniente e não seria CENSURA NENHUMA !
O curador não agiu bem !

João Menéres disse...

A esta fase ( " Entendo que com o mínimo de bom senso, não seria às partes ( Administração/Curador) chegarem a um acordo " ) faltou o DIFÍCIL ( entre o SERIA e ÀS ).

As minhas desculpas.

Silvares disse...

Enfim, um falatório bem desnecessário, digo eu.