Esta manhã, ao olhar uma pequena e irrequieta nuvem de mosquitos que dançava num raio de sol, lembrei-me que a vida é uma coisa deveras complexa. Normalmente um gajo não pensa nessas coisas, de tal modo anda aos tropeções nos problemas quotidianos.
Senti uma certa tristeza.
Quando a humanidade patinar desta para melhor não haverá nada nem ninguém para a chorar, muito menos para lhe sentir a falta. Talvez Deus.
Um melro esvoaçou lá atrás. Depois outro que saltitou pelo chão naquele jeito meio apatetado que têm os pássaros quando andam, patas no chão. Olhei de novo os insectos bailarinos. O que comerão aqueles melros? Não sei, mas percebi que também aqueles insectos não terão ninguém para os carpir. Nem aqueles melros, nem o planeta Terra, quando o Sol se tiver extinguido e toda a vida tiver desaparecido da sua face azul, não haverá lágrimas nem gritos desesperados. Talvez Deus, ou então o silêncio.
Talvez Deus seja o Silêncio.
4 comentários:
Lindas reflexões! Eu acho que Deus é o silêncio. E que quando a gente se for, só haverá um retorno ao que somos: parte dele.
"filosofia de tasca" ou coisa assim...
Ana, grato pelo seu comentário.
:-)
Zé, foram-se as tascas restou a filosofia... um gajo tem de viver com aquilo que tem.
Olá Rui
Lindíssimo.
O silêncio ou outro azul.
estes olhares instantaneos que atravessam os pensamentos projetam ou refletem Deus?
Obrigada por publicares.
Sara Afonso
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