Cavaco Silva passa
grandes temporadas calado. Ele diz que tem de trabalhar e, por isso, não tem tempo para falar ao povo. Sinceramente não me parece que se cale por estar a trabalhar, uma
coisa não implica a outra.
Parece-me que se cala para não falar do sorriso das vacas, para
não fazer piadas torpes sobre o valor do seu próprio silêncio ou da sua reforma, que mal lhe permite fazer face às despesas do quotidiano. Apesar de tudo, de vez em quando, resolve falar de cátedra.
O nosso Presidente sente-se seguro quando fala daquilo que
vem nos livros e que, segundo o seu ponto de vista, é palavra divina. Cavaco
não parece capaz de pensar um bocadinho que seja, para lá daquilo que os livros
ensinam sem escorregar no seu próprio discurso. Não parece capaz de aprender
com os erros nem fazer o mais ténue exercício de imaginação. Ou vem nos livros
e pode aprender-se, ou não vem nos livros e é incompreensível, impossível de
acontecer.
Sempre me fez confusão o conceito islâmico de que Deus se
transformou em Livro, o Sagrado Corão. Segundo essa tradição Deus “enlivrou”.
Na efabulação católica Deus encarnou, o que parece, à partida, mais aceitável. Quando
olho para Cavaco Silva, fico com a sensação de que também ele é a transformação
de um livro em pessoa.
Ou, melhor, sendo ele um emérito professor de Economia
será a personificação de uma sebenta. Cavaco Silva “ensebentou” em Presidente.
Talvez isso explique a razão pela qual quando ele pretende explicar-se aos
mortais comuns o faça sempre daquela forma que nos parece desastrada mas que,
na verdade, é uma forma críptica de comunicar, apenas ao alcance de um pequeno
punhado de iniciados.
2 comentários:
«então o que é que o senhor presidente achou do novo papa?
- muito simpático, é um papa diferente, tem uns sapatos diferentes (sic)»
disse o sebento nojento, campeão da boçalidade
Essa é digna da personagem. Mais uma pérola para o colarzinho que ele vai fazendo para um dia atirar aos porcos.
Enviar um comentário