Quem diria que ainda havíamos de assistir ao roubo de graffitis? Uma das muitas pinturas murais de Banksy foi roubada em Londres e depois posta à venda num leilão em Miami! (ler aqui)
Enquanto continuamos a discutir se as pinturas nas paredes das cidades são ou não são obras de arte, já vai havendo quem não esteja interessado nas conclusões do debate e faça negócio (ou tente fazê-lo) roubando pinturas das ruas a que pertencem.
Banksy é um fenómeno a todos os níveis.
terça-feira, fevereiro 26, 2013
sexta-feira, fevereiro 22, 2013
Vazio
Era um miúdo impaciente por poder baptizar um desenho ou uma pintura qualquer que ainda não tinha feito com o título de "sem título". Isso parecia-lhe excelente, sinal de uma maturidade irreverente, algo digno do seu inocente desprezo pelas coisas do mundo.
Nunca compreendi porque é que uma obra sem título necessita de uma etiqueta a comprovar que o título não existe. Se não tem título não seria muito mais significativo ignorar o assunto? A ausência de etiqueta seria, a meu ver, suficientemente eloquente.
É que "sem título" é um título. Ainda por cima banal, talvez o mais repetido de todos os títulos.
Nunca compreendi porque é que uma obra sem título necessita de uma etiqueta a comprovar que o título não existe. Se não tem título não seria muito mais significativo ignorar o assunto? A ausência de etiqueta seria, a meu ver, suficientemente eloquente.
É que "sem título" é um título. Ainda por cima banal, talvez o mais repetido de todos os títulos.
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domingo, fevereiro 17, 2013
Grunhidos
Cada vez mais nos fazemos entender por grunhidos. O nível de linguagem utilizado na comunicação vai descendo, descendo, descendo, até se perceber que não há fundo onde possa bater, apenas um poço que parece não ter fundo, uma queda infinita, asas que vão perdendo as penas, uma morte que nunca chega a morrer-se.
"Like", "iá", "tipo", "coiso", "giro", as palavras perdem densidade, perdem conteúdo, o significado reduz-se a quase nada (ou mesmo a nada, absolutamente). A comunicação é cada vez menos verbal, a imagem substitui o verbo, mas, ainda assim, é uma imagem fugaz, um lampejo, uma luz cintilante que se perde imediatamente nas trevas do grunhido animalesco. Não vemos, olhamos apenas para saber se "like" (quase sempre) ou se "don't like" (uma raridade).
Os grunhidos visuais ocupam o horizonte estético e fazem perigar o entendimento do ético. A arte visual balança na ignorância dos olhares destituídos de um verdadeiro e consciente espírito crítico. Vivemos a barbárie.
Quando grunhirmos, apenas, os porcos terão triunfado!
"Like", "iá", "tipo", "coiso", "giro", as palavras perdem densidade, perdem conteúdo, o significado reduz-se a quase nada (ou mesmo a nada, absolutamente). A comunicação é cada vez menos verbal, a imagem substitui o verbo, mas, ainda assim, é uma imagem fugaz, um lampejo, uma luz cintilante que se perde imediatamente nas trevas do grunhido animalesco. Não vemos, olhamos apenas para saber se "like" (quase sempre) ou se "don't like" (uma raridade).
Os grunhidos visuais ocupam o horizonte estético e fazem perigar o entendimento do ético. A arte visual balança na ignorância dos olhares destituídos de um verdadeiro e consciente espírito crítico. Vivemos a barbárie.
Quando grunhirmos, apenas, os porcos terão triunfado!
quarta-feira, fevereiro 13, 2013
Arrivederci!
Tal como a esmagadora maioria dos mortais também eu fiquei de queixo caído com a notícia da renúncia de Bento XVI ao cargo que Deus lhe confiara. Deus, decerto, terá sido o 1º a saber (Terá Ele sabido ainda antes do próprio Ratzinger? Estou em crer que assim foi.)
Bento XVI coloca uma nova questão: entre a dimensão humana e a divina fica o quê? Sim, porque João Paulo II mostrou à humanidade que o corpo humano não tem capacidade para conter a divindade.
O Papa Wojtyla penou a bom penar nos últimos tempos em que desempenhou o papel de representante de Deus na Terra. Torto de doença, decrépito e extenuado, carregou a cruz da sua suposta divindade até ir desta para melhor.
Imediatamente elevado à categoria duvidosa de Santo após bater a caçoleta, João Paulo II foi a imagem inequívoca da fragilidade dos mitos. Ratzinger veio colocar um ponto final a este exagero de forma. Ao renunciar, o Papa confessa-se humano e poupa-nos à desumanidade da mitologia católica apostólica romana.
Finalmente, no momento da despedida, Bento XVI ganha alguma da pouca admiração que o meu preconceito lhe poderia jamais dispensar. "Adeus ó vai-t'embora" como diz o povoléu. Que a vida te seja, finalmente, leve, ó Papa.
Bento XVI coloca uma nova questão: entre a dimensão humana e a divina fica o quê? Sim, porque João Paulo II mostrou à humanidade que o corpo humano não tem capacidade para conter a divindade.
O Papa Wojtyla penou a bom penar nos últimos tempos em que desempenhou o papel de representante de Deus na Terra. Torto de doença, decrépito e extenuado, carregou a cruz da sua suposta divindade até ir desta para melhor.
Imediatamente elevado à categoria duvidosa de Santo após bater a caçoleta, João Paulo II foi a imagem inequívoca da fragilidade dos mitos. Ratzinger veio colocar um ponto final a este exagero de forma. Ao renunciar, o Papa confessa-se humano e poupa-nos à desumanidade da mitologia católica apostólica romana.
Finalmente, no momento da despedida, Bento XVI ganha alguma da pouca admiração que o meu preconceito lhe poderia jamais dispensar. "Adeus ó vai-t'embora" como diz o povoléu. Que a vida te seja, finalmente, leve, ó Papa.
domingo, fevereiro 10, 2013
Lendo
Já há algum tempo não refiro por estas bandas os livros que vou lendo. Desde a última vez que o fiz e esta, onde volto a fazê-lo, li vários romances, contos e novelas, alguns que muito me agradaram, outros mais ou menos.
Mas agora estou a ler (finalmente) "Os Detectives Selvagens" (entretanto o "c", por ser mudo, vai caindo) de Roberto Bolaño, o único dos seus romances editados em Portugal que me faltava ler.
Escrevo este post porque hoje de manhã, quando lia mais algumas páginas, ocorreu-me que "genial", perante esta obra, é uma palavra que se esvazia de sentido. Dizer que "Os Detectives Selvagens" é uma obra genial é o mesmo que não dizer nada.
Durante a leitura sinto-me como aquela personagem de "Citizen Kane", o tipo que faz a investigação e que, para o espectador, nunca é mais do que uma sombra que se entrevê de costas.
Sinto-me um tipo que está ali, a recolher informação e que vai avançando numa complexa trama de testemunhos e acontecimentos como se vivesse um sonho (ou vários sonhos, uns dentro dos outros) sem saber onde irá ser conduzido no final; que maravilha estará reservada ou que horror inominável irei, por fim, encontrar?
Este é um livro que desejo que nunca acabe. Se houvesse a possibilidade de possuir um objecto literário interminável e eterno, se pudesse ter esse objecto para me acompanhar ao longo do que a vida me reserva, seria uma coisa como esta.
Mas agora estou a ler (finalmente) "Os Detectives Selvagens" (entretanto o "c", por ser mudo, vai caindo) de Roberto Bolaño, o único dos seus romances editados em Portugal que me faltava ler.
Escrevo este post porque hoje de manhã, quando lia mais algumas páginas, ocorreu-me que "genial", perante esta obra, é uma palavra que se esvazia de sentido. Dizer que "Os Detectives Selvagens" é uma obra genial é o mesmo que não dizer nada.
Durante a leitura sinto-me como aquela personagem de "Citizen Kane", o tipo que faz a investigação e que, para o espectador, nunca é mais do que uma sombra que se entrevê de costas.
Sinto-me um tipo que está ali, a recolher informação e que vai avançando numa complexa trama de testemunhos e acontecimentos como se vivesse um sonho (ou vários sonhos, uns dentro dos outros) sem saber onde irá ser conduzido no final; que maravilha estará reservada ou que horror inominável irei, por fim, encontrar?
Este é um livro que desejo que nunca acabe. Se houvesse a possibilidade de possuir um objecto literário interminável e eterno, se pudesse ter esse objecto para me acompanhar ao longo do que a vida me reserva, seria uma coisa como esta.
sexta-feira, fevereiro 08, 2013
Ataque terrorista?
Uma mulher "atacou" a célebre pintura de Delacroix "A Liberdade Guiando o Povo". A putativa terrorista acercou-se da obra, indefesa, e aplicou-lhe uma tão violenta quanto enigmática inscrição a marcador: "AE911" (ler aqui).
Este género de ataque é mais ou menos comum. Muitas foram as obras que, ao longo da história, sofreram mutilações ou outro tipo de alteração ao seu aspecto físico. Basta ver a quantidade estátuas romanas ou gregas (ou mais ou menos uma coisa ou outra) que se nos apresentam sem braços, com os olhos furados ou os órgãos genitais simplesmente arrancados à força de alguma martelada certeira.
Intervir directamente sobre um objecto exposto ao público confere ao acto uma visibilidade imediata, ainda para mais na nossa sociedade hipermediatizada e com a informação a viajar a uma velocidade próxima da velocidade da luz.
As intenções da "terrorista" de Lens (onde a obra de Delacroix se encontra temporariamente exposta) tem o seu quê de enigmático. Fosse qual fosse a intenção da senhora vândala, a verdade é que o seu acto correu mundo num instantinho e pôs muito boa a gente a rebuscar explicações para a tal inscrição.
A questão que se coloca é: será inteligente publicitar estes ataques? Se a intenção do atacante é publicidade o sucesso é estrondoso! E se ninguém falasse sobre o assunto?
Escrevo a frase anterior e constato a incongruência deste post. É que, de forma mais ou menos consciente, sinto-me cúmplice deste acto de terrorismo o que faz de mim (e, já agora, também de ti, caríssimo leitor) parte activa de um processo que, à partida, condeno (condenamos).
Será tanto assim?
Este género de ataque é mais ou menos comum. Muitas foram as obras que, ao longo da história, sofreram mutilações ou outro tipo de alteração ao seu aspecto físico. Basta ver a quantidade estátuas romanas ou gregas (ou mais ou menos uma coisa ou outra) que se nos apresentam sem braços, com os olhos furados ou os órgãos genitais simplesmente arrancados à força de alguma martelada certeira.
Intervir directamente sobre um objecto exposto ao público confere ao acto uma visibilidade imediata, ainda para mais na nossa sociedade hipermediatizada e com a informação a viajar a uma velocidade próxima da velocidade da luz.
As intenções da "terrorista" de Lens (onde a obra de Delacroix se encontra temporariamente exposta) tem o seu quê de enigmático. Fosse qual fosse a intenção da senhora vândala, a verdade é que o seu acto correu mundo num instantinho e pôs muito boa a gente a rebuscar explicações para a tal inscrição.
A questão que se coloca é: será inteligente publicitar estes ataques? Se a intenção do atacante é publicidade o sucesso é estrondoso! E se ninguém falasse sobre o assunto?
Escrevo a frase anterior e constato a incongruência deste post. É que, de forma mais ou menos consciente, sinto-me cúmplice deste acto de terrorismo o que faz de mim (e, já agora, também de ti, caríssimo leitor) parte activa de um processo que, à partida, condeno (condenamos).
Será tanto assim?
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terça-feira, fevereiro 05, 2013
Decadência civilizacional
Primeiro, o governo, quer legislar de forma a acabar com as smartshops onde o povo miúdo e os adolescentes encontram drogas maradas ao preço da chuva e, assim, aliviam a alma aos fins-de-semana.
Já se sabe que, de vez em quando, há uns quantos que vão parar ao hospital e os mais azarados podem mesmo ir bater com as costelas no fundo do buraco. Mas qual é o problema? São baixas colaterais na guerra contra a Crise, vítimas inocentes da luta contra o Tédio.
Da mesma forma que há crianças e velhos que são espalhados, aos bocadinhos, nas montanhas afegãs ou nas planícies paquistanesas, também aqui, no cú da Europa, há danos colaterais que se lamentam mas não podem evitar. Cada um tem a guerra que pode, alguns têm a guerra que merecem.
Mas, como se isso não bastasse, vem o governo investir ainda mais abaixo: querem fazer uma nova lei que proíba a venda de álcool a menores de 18 anos. Meu Deus!!! Que barbaridade é esta? Cortam nas drogas, cortam no álcool, o que vai restar à juventude nesta vida!?
O mundo está perdido.
Já se sabe que, de vez em quando, há uns quantos que vão parar ao hospital e os mais azarados podem mesmo ir bater com as costelas no fundo do buraco. Mas qual é o problema? São baixas colaterais na guerra contra a Crise, vítimas inocentes da luta contra o Tédio.
Da mesma forma que há crianças e velhos que são espalhados, aos bocadinhos, nas montanhas afegãs ou nas planícies paquistanesas, também aqui, no cú da Europa, há danos colaterais que se lamentam mas não podem evitar. Cada um tem a guerra que pode, alguns têm a guerra que merecem.
Mas, como se isso não bastasse, vem o governo investir ainda mais abaixo: querem fazer uma nova lei que proíba a venda de álcool a menores de 18 anos. Meu Deus!!! Que barbaridade é esta? Cortam nas drogas, cortam no álcool, o que vai restar à juventude nesta vida!?
O mundo está perdido.
sábado, fevereiro 02, 2013
Noites Brancas
"Noites Brancas" é o título da exposição patente na Fundação de Serralves que reúne um número muito significativo de obras de Julião Sarmento.
Pintura, escultura, vídeo, instalação, fotografia, a visita permite uma visão ampla e diversificada da obra deste artista considerado um dos nomes maiores da arte contemporânea portuguesa.
Estive lá ontem com os meus alunos em visita de estudo. Fiquei bem impressionado.
A exposição encontra-se aberta ao público até ao próximo dia 3 de Março.
Pintura, escultura, vídeo, instalação, fotografia, a visita permite uma visão ampla e diversificada da obra deste artista considerado um dos nomes maiores da arte contemporânea portuguesa.
Estive lá ontem com os meus alunos em visita de estudo. Fiquei bem impressionado.
A exposição encontra-se aberta ao público até ao próximo dia 3 de Março.
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