Uma mulher "atacou" a célebre pintura de Delacroix "A Liberdade Guiando o Povo". A putativa terrorista acercou-se da obra, indefesa, e aplicou-lhe uma tão violenta quanto enigmática inscrição a marcador: "AE911" (ler aqui).
Este género de ataque é mais ou menos comum. Muitas foram as obras que, ao longo da história, sofreram mutilações ou outro tipo de alteração ao seu aspecto físico. Basta ver a quantidade estátuas romanas ou gregas (ou mais ou menos uma coisa ou outra) que se nos apresentam sem braços, com os olhos furados ou os órgãos genitais simplesmente arrancados à força de alguma martelada certeira.
Intervir directamente sobre um objecto exposto ao público confere ao acto uma visibilidade imediata, ainda para mais na nossa sociedade hipermediatizada e com a informação a viajar a uma velocidade próxima da velocidade da luz.
As intenções da "terrorista" de Lens (onde a obra de Delacroix se encontra temporariamente exposta) tem o seu quê de enigmático. Fosse qual fosse a intenção da senhora vândala, a verdade é que o seu acto correu mundo num instantinho e pôs muito boa a gente a rebuscar explicações para a tal inscrição.
A questão que se coloca é: será inteligente publicitar estes ataques? Se a intenção do atacante é publicidade o sucesso é estrondoso! E se ninguém falasse sobre o assunto?
Escrevo a frase anterior e constato a incongruência deste post. É que, de forma mais ou menos consciente, sinto-me cúmplice deste acto de terrorismo o que faz de mim (e, já agora, também de ti, caríssimo leitor) parte activa de um processo que, à partida, condeno (condenamos).
Será tanto assim?
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