Tenho seguido com interesse e avidez as reportagens de Paulo Moura que vêm sendo publicadas no jornal Público ao longo dos últimos dias com reflexos no blogue Repórter à Solta. (também aqui)
É um relato de viagem com contornos épicos. A escrita de Moura tem uma limpidez rara e a forma como organiza descrições de acontecimentos e informação recolhida junto das pessoas que foi contactando, fazem destas reportagens peças muito interessantes para tentarmos um rabisco que nos permita vislumbrar uma migalha da imensidão que é a China.
No jornal de hoje a peça de Moura termina de forma elucidativa.
Tao Feiya, professor de História Cultural na Universidade de Xangai, quando questionado sobre o que considera que a China tem para oferecer ao mundo, remata uma série de considerações afirmando que "Os chineses sempre foram pobres ao longo de milénios. Essa é uma das suas características mais marcantes. Por isso desenvolveram valores de trabalho, de honradez. Nenhuma família gosta de ter um filho ou um marido preguiçoso. É uma vergonha. Esses valores, de simplicidade e trabalho, talvez sejam o que a China tem para ensinar ao mundo".
Olá China.
7 comentários:
Belos valores.
Eduardo, o contacto começa a estabelecer-se entre o mundo Ocidental e a imensa China. Onde irá isto conduzir-nos? Esta questão parece-me apaixonante.
Em relação à China penso uma coisa que me deixa a mim próprio um pouco perturbado. O que eu acho que a China tem de melhor para oferecer ao mundo é uma coisa que tem mais de 4 mil anos e que aos longo do tempo muito pouco tem mudado ( na sua essência ): a sua medicina tradicional e a filosofia de vida que lhe está associada. É estranho ( ou talvez não ) que no meio desta avalanche de modernidade não me ocorra nada de que valha a pena referir. De qualquer modo não sei como é que essa sabedoria do passado encaixa neste presente tão estupidificado, mas pelo que vejo os chineses também não perecem muito preocupados com isso.
São os primeiros a abrir o comércio e os últimos a fechar (aqui e vi em Espanha também).
Aqui usam trabalho escravo e a máfia chinesa em São Paulo dispensa maiores comentários.
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Nunca entendi muito bem povos que constroem muros; é um problema meu.
A China é um continente muito populoso. Posto isso, e sem a pretensão de "ensinar" China para ninguém, é preciso admitir que eles estão se saindo melhor do que o esperado pelo ocidente. Tem lá suas mazelas, suas incongruências mas o resultado final me parece animador.
Vamos falar de taoísmo?
Rui, a filosofia de vida é sempre muito interessante mas convém ter a fome (física) saciada.
Li, a Grande Muralha é passado. O presente é bem mais complexo de compreender.
Eduardo, o problema (será um problema?) são as tais "mazelas e incongruências" quanto ao resultado final... era bom que a China não virasse um imenso Ocidente plantado a Oriente.
Jorge, tema profundamente interessante.
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