Nos últimos dias tenho tido esta imagem na janela do quarto. Nova Iorque, rua 46 com a nona avenida. Nova Iorque, a cidade das ruas perpendiculares às avenidas (o contrário também é válido), pejadas de gente em movimento e táxis amarelos. Gente que resume o mundo todo dentro desta cidade, gente de todas as cores, formas e feitios, gente com todos os aspectos e imagens. Nova Iorque.
Amanhã é dia de viajar no regresso a Portugal. Viagem longa e demorada que me vai pôr a cabeça um tanto retorcida. Quando se voa de um continente para outro o tempo fica confuso e quem paga é a nossa cabeça.
As férias aproximam-se do seu fim, voando sobre as nuvens.
quinta-feira, agosto 30, 2012
segunda-feira, agosto 20, 2012
Ratatatatata... BUM!!!
Vejo imagens dos confrontos na Síria entre uma tropa maltrapilha, os revoltosos, e o exército ao serviço de Assad filho. As armas dos revoltosos chamam a minha atenção. Não percebo nada de armas mas aquelas parecem-me bastante modernas.
De onde vêm as armas? Quem as coloca nas mãos daqueles homens? Não estou a ver onde iriam eles arranjar dinheiro para pagar as armas e as munições. É como um ver um tipo qualquer a pedir esmola na rua exibindo um i-pad. Faz-me confusão.
Talvez tenham adquirido o armamento a crédito, em sistema de leasing, não sei. Haverá um hipermercado de armas para revolucionários com futuro? "Jovem revolucionário, visita as nossas instalações e vê as oportunidades que te oferecemos. Rebenta com os teus inimigos hoje e começa a pagar só no próximo Ramadão!"
Se todas as empresas deste mundo fossem tão generosas como as que produzem e comercializam armamento decerto a crise actual seria rapidamente ultrapassada.
De onde vêm as armas? Quem as coloca nas mãos daqueles homens? Não estou a ver onde iriam eles arranjar dinheiro para pagar as armas e as munições. É como um ver um tipo qualquer a pedir esmola na rua exibindo um i-pad. Faz-me confusão.
Talvez tenham adquirido o armamento a crédito, em sistema de leasing, não sei. Haverá um hipermercado de armas para revolucionários com futuro? "Jovem revolucionário, visita as nossas instalações e vê as oportunidades que te oferecemos. Rebenta com os teus inimigos hoje e começa a pagar só no próximo Ramadão!"
Se todas as empresas deste mundo fossem tão generosas como as que produzem e comercializam armamento decerto a crise actual seria rapidamente ultrapassada.
sexta-feira, agosto 17, 2012
Uma prova?
Um gajo anda sempre na dúvida. Quer queira quer não queira, por muito ateu que me possa imaginar (talvez seja apenas vagamente agnóstico), a dúvida sobre a existência de Deus está sempre presente nos confins da minha caverna craniana.
Distraído como sou posso muito bem deixar escapar sinais evidentes da Sua existência. Há quem diga que esses sinais estão por toda a parte e só um cego os não vê. Um cego ou um distraído, permita-se-me acrescentar.
Ontem, ao ler o jornal, dei de caras com um desses famosos sinais. Pelo menos penso que possa ser um sinal. Refiro-me à notícia algo patética do neonazi húngaro que veio a descobrir ser de ascendência judaica (ver aqui).
Há uma canção de Sérgio Godinho que pergunta "pode alguém ser quem não é?", esta historieta mostra que não. Um gajo é o que é e não pode contrariá-lo. Seja por acção do destino ou por intervenção divina, somos o que somos e não há nada a fazer contra isso.
Csanad Szegedi vai ter de deixar o Parlamento Europeu para o qual tinha sido eleito graças à sua doença ideológica. Os neonazis como ele não admitem um deputado com sangue impuro a correr-lhe nas veias. Se as raízes judaicas deste tipo não tivessem ficado à vista de toda a gente ninguém haveria de o incomodar por isso. É a tal velha questão do ser e do parecer.
Imagino que Szegedi esteja, neste momento, a esbofetear-se e a espetar um garfo nas costas da mão. Por um lado castiga um judeu desprezível, por outro penitencia-se por ser tão... nazi!?
Se Deus existe deve divertir-se com cenas deste calibre.
Distraído como sou posso muito bem deixar escapar sinais evidentes da Sua existência. Há quem diga que esses sinais estão por toda a parte e só um cego os não vê. Um cego ou um distraído, permita-se-me acrescentar.
Ontem, ao ler o jornal, dei de caras com um desses famosos sinais. Pelo menos penso que possa ser um sinal. Refiro-me à notícia algo patética do neonazi húngaro que veio a descobrir ser de ascendência judaica (ver aqui).
Há uma canção de Sérgio Godinho que pergunta "pode alguém ser quem não é?", esta historieta mostra que não. Um gajo é o que é e não pode contrariá-lo. Seja por acção do destino ou por intervenção divina, somos o que somos e não há nada a fazer contra isso.
Csanad Szegedi vai ter de deixar o Parlamento Europeu para o qual tinha sido eleito graças à sua doença ideológica. Os neonazis como ele não admitem um deputado com sangue impuro a correr-lhe nas veias. Se as raízes judaicas deste tipo não tivessem ficado à vista de toda a gente ninguém haveria de o incomodar por isso. É a tal velha questão do ser e do parecer.
Imagino que Szegedi esteja, neste momento, a esbofetear-se e a espetar um garfo nas costas da mão. Por um lado castiga um judeu desprezível, por outro penitencia-se por ser tão... nazi!?
Se Deus existe deve divertir-se com cenas deste calibre.
Etiquetas:
doença,
estupidez pura e simples
quinta-feira, agosto 16, 2012
Merceeiros e bombistas
Dizem por aí que há menos crianças em Portugal logo é
natural que haja menos professores, menos escolas, menos investimento na
educação. Há quem queira reduzir o problema a uma questão de números. Regressa
o velho espírito merceeiro que caracterizou a política nacional durante o tempo
da Outra Senhora.
Quando Salazar governou não consta que houvesse falta de
crianças. Nesses tempos, que tantos de nós recordam com um suspiro saudosista,
havia muitas crianças. As aldeias do interior pululavam de vida, os portugueses
não necessitavam de incentivos governamentais para se reproduzirem.
Na época
dourada do fascismo saloio ter filhos era uma riqueza familiar. Mal pudessem
com a sachola, as crianças estavam aptas a entrar na idade adulta, cavando
terra, semeando miséria. Não faltavam crianças nem faltavam professores ou
escolas. O ditador sabia bem que a ignorância lhe facultava os cidadãos
necessários à implementação da sua visão socioeconómica. Vivemos 48 anos de
aposta contínua na pobreza, fosse pobreza material ou de espírito.
Depois da
Revolução acreditámos que o conhecimento e a educação seriam factores
determinantes para equilibrar uma sociedade que se pretendia democrática. A
Escola Pública passou a ser um direito e a qualidade do sistema educativo uma
paixão declarada por sucessivos ministros pouco dados a investir nas coisas do
amor. Com o passar dos anos começamos a compreender que nem a Escola Pública é
encarada como um direito por aqueles que nos governam, nem Portugal conseguiu
ultrapassar o estigma salazarista de gerações de crianças a quem sonegaram a
infância.
Ainda hoje a Educação é por muitos considerada mera ferramenta de
ascensão social. Não interessa o Saber ou o Conhecimento, interessa, isso sim,
o título de Doutor. Valoriza-se o “parecer”, dá-se muito pouca importância ao
“ser”. Os nossos governantes parecem inteligentes. Afinal de contas não são,
todos eles, doutores?
As medidas educativas que vão sendo largadas sobre a Escola
Pública têm o efeito de um bombardeamento da 2ª guerra mundial ordenado por um
general meio louco a quem faltasse também o mapa da zona a bombardear. Não se
vislumbra um plano, uma estratégia, um objectivo. Quando um dia as bombas se
esgotarem não vai haver pedra sobre pedra mas haverá sempre escolas privadas.
Podem estar descansados.
domingo, agosto 12, 2012
Subindo a linha
Vou no balanço meio aéreo do comboio. Subo a linha da Beira Alta, em direcção a casa. As férias continuam o seu caminho, encarreiradas nesta linha férrea.
À minha volta as pessoas parecem ter sido mordidas por uma mosca tsé-tsé. Vai tudo a dormir ou a dormitar. Ainda assim não vislumbro nenhum fio de baba a escorrer dos muitos cantos de bocas abertas, isso aborrece-me. Queria ver alguém a babar-se para dar mais colorido a este post.
A paisagem abre-se de vez em quando, para lá das árvores que ladeiam a linha. As árvores trazem o horizonte para cima das nossas cabeças, impedidndo que o olhar se alongue na liberdade do espaço. Lá fora corre o portugalzinho do costume; muitas casinhas, de vez em quando uma casona, como que a casa mãe das pequeninas ou o antro de algum animal predador de grande porte.
O sol e o calor, a estação de Santarém.O lugar ao lado do meu é o único vago em toda a carruagem. O mundo lá fora, ao largode Portugal, parece que corre também assim, monótono e habitual, em direcção a um fim que promete ser início de outra coisa qualquer.
Nos ouvidos trago enfiados uns auscultadores que agora me cantarolam uma cançãozinha dos Pop Dell'arte. à minha frente o computador onde vou distraindo a escrita nesta coisa que estás a ler. Estou meio recortado no espaço da carruagem, tento contruir (e dominar) um lugar só para mim, uma coisa exclusiva que vou partilhando contigo.
Sinto-me uma espécie de ciborgue imperfeito, cujas funcionalidades artificiais se encontram todas (ainda) fora do corpo. Agora o dispositivo auditivo vai debitando "The Passenger" na versão de Iggy Pop. Nada mais apropriado!
PS reparo agora na semelhança entre a foto que está na sidebar e a do cabeçalho deste blogue. Ele há coisas...
À minha volta as pessoas parecem ter sido mordidas por uma mosca tsé-tsé. Vai tudo a dormir ou a dormitar. Ainda assim não vislumbro nenhum fio de baba a escorrer dos muitos cantos de bocas abertas, isso aborrece-me. Queria ver alguém a babar-se para dar mais colorido a este post.
A paisagem abre-se de vez em quando, para lá das árvores que ladeiam a linha. As árvores trazem o horizonte para cima das nossas cabeças, impedidndo que o olhar se alongue na liberdade do espaço. Lá fora corre o portugalzinho do costume; muitas casinhas, de vez em quando uma casona, como que a casa mãe das pequeninas ou o antro de algum animal predador de grande porte.
O sol e o calor, a estação de Santarém.O lugar ao lado do meu é o único vago em toda a carruagem. O mundo lá fora, ao largode Portugal, parece que corre também assim, monótono e habitual, em direcção a um fim que promete ser início de outra coisa qualquer.
Nos ouvidos trago enfiados uns auscultadores que agora me cantarolam uma cançãozinha dos Pop Dell'arte. à minha frente o computador onde vou distraindo a escrita nesta coisa que estás a ler. Estou meio recortado no espaço da carruagem, tento contruir (e dominar) um lugar só para mim, uma coisa exclusiva que vou partilhando contigo.
Sinto-me uma espécie de ciborgue imperfeito, cujas funcionalidades artificiais se encontram todas (ainda) fora do corpo. Agora o dispositivo auditivo vai debitando "The Passenger" na versão de Iggy Pop. Nada mais apropriado!
PS reparo agora na semelhança entre a foto que está na sidebar e a do cabeçalho deste blogue. Ele há coisas...
Etiquetas:
férias,
quotidiano delirante
segunda-feira, agosto 06, 2012
Férias
Fugindo ao sol e à realidade sempre que a oportunidade se oferece, que o calor e os acontecimentos deste mundo não estão para brincadeiras.
Subscrever:
Mensagens (Atom)