Para que queremos nós mais tempo? Os avanços e descobertas científicas, nomeadamente no campo da medicina, têm permitido que a vida humana se prolongue muito para lá do que, à primeira vista, seria a vontade divina.
Somos cada vez mais velhos e o que ganhamos com isso? Esta capacidade anti-natura tem trazido uma mão-cheia de novos problemas de solução impossível. Vivemos mais tempo, logo consumimos mais recursos.
Consumimos mais recursos económicos, mais recursos alimentares, mais tudo, durante mais tempo. Por outro lado o nosso corpo consome-se também e surge o aumento sustentado da senilidade, da fraqueza dos ossos e dos músculos, da capacidade de visão que se apaga progressivamente.
Disparam as despesas médicas em direcção à estratosfera!
Tenho a sensação de que, nos tempos de crise económica que atravessamos, esta velhice toda começa a ser encarada como algum embaraço.
Se a Economia comanda a vida (e não o sonho, como diz aquela canção) qual a justificação que pode sustentar esta aposta, aparentemente descabelada, no prolongamento da vida até onde formos capazes de a prolongar, sem que isso signifique lucro de nenhuma espécie?
Há aqui qualquer coisa que não bate certo. A menos que, afinal, estejamos a cagar para a Economia e o amor pela vida humana ainda seja o valor supremo da nossa existência. Mais do que um Orçamento de Estado equilibrado e níveis interessantes no crescimento económico, estaremos nós empenhados em fazer da felicidade o objectivo primordial do tempo que andamos por este planeta?
Isto sou eu a sonhar, mas já não é o sonho que comanda a vida. Pois não?
5 comentários:
Silvares,
muito lúcido seu texto. Tenho pensado muito nisso.Tenho um total desprendimento pela vida! Acho que cada um deve viver aquilo que merece, e a vida produtiva, sem pendengas de saúde, pode ser longa o quanto durar, mas ficar velho e dando trabalho para a família e custos para o Estado, não acho justo.Mas como não temos a capacidade de determinar a data de nossa morte, resta torcer pelo melhor! Se esta noite eu for dormir, e amanhã não acordar, não chorem por mim. Fui na hora certa!
Eduardo, durma bem e acorde melhor!
:-)
Anselmo, como podes constatar, não foi ainda essa noite!!! C:-)
Para além das questões filisóficas envolvidas, há uma contradição entre a Economia e os avaços na Medicina. Uma contradição que a Sociedade ainda não resolveu, DANDO AOS "NOVOS" VELHOS UM PAPEL SOCIAL E NÃO APENAS REFORMANDO-OS.
Eduardo, aquele Anselmo era eu, como deves ter percebido. Às vezes esqueço-me que estou com aquele chapéu de côco.
:-)
Jorge, muito bem observado. Estamos a largar o tempo de vida mas o planeta parece estar a encolher.
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