O meu sonho era debater questões religiosas com a senhora que limpa as escadas; como lavar o pecado da alma sem recorrer a produtos corrosivos ou como interpretar as manchas de gordura deixadas pelos vizinhos evitando a tentação de os considerar animais indignos de piedade?
O meu sonho era falar de futebol com um grande filósofo; como considerar epistemologicamente os erros dos árbitros ou como superar os limites da brutalidade provocada pela paixão clubística?
O meu sonho era discorrer sobre meteorologia com um economista encartado; acha que vai chover hoje? Ainda há pouco estava tanto calor, como é possível esta súbita sensação, este calafrio que sinto, agora que estou ao pé de si?
O meu sonho era saber o que sonhei esta noite. Infelizmente o meu sonho é estar acordado.
6 comentários:
Andas filosofando poeticamente!
Por vezes dá-me para isto :-)
Faz bem para o espírito e alma. Continue!
Para além da hermenêutica da exegese, um texto carregado de metáforas de um quotidiano opressivo e indeciso. E se sonharmos a dormir não é pior?
Jorge, sonhar é sempre bom. Seja a dormir, seja acordado.
Pois... e de facto ninguém sonha por nós, era só o que faltava.
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