terça-feira, abril 10, 2012

FIB

FIB é a sigla para Felicidade Interna Bruta. Ora bem, ia sendo tempo de tentar encontrar outras formas de medir o desenvolvimento político e social que não fosse a frieza fedorenta de um monte de notas de dólar! A ideia terá partido do rei do Butão, numa tentativa para demonstrar que a felicidade não implica, obrigatoriamente, o sofrimento de uma maioria em nome de uma Balança Comercial equilibrada.

A publicação de primeiro Relatório Mundial sobre Felicidade, elaborado pela Universidade de Colúmbia a pedido das Nações Unidas estabeleceu um ranking que, ainda assim, mostra como um PIB equilibrado pode contribuir fortemente para trazer as pessoas bem dispostas e com uma sensação de bem estar reluzente. Isto parece confirmar aquela velha ideia de que o dinheiro não compra a felicidade mas ajuda a encontrá-la.

Convém não esquecer que este estudo, sendo realizado por uma instituição ocidental, terá sido influenciado por valores ocidentais no estabelecimento dos principais factores que contribuem para definir e quantificar a felicidade humana.

É interessante que se comece a pensar de modo diverso, que o enriquecimento e os valores do capitalismo selvagem sejam questionados enquanto finalidade máxima das nossas sociedades. Poderá esta nova atitude vir a influenciar, a médio ou longo prazo, a forma como pensamos e projectamos a vida do planeta?

Sem grande surpresa Portugal surge classificado no lugar 73, a meio de um ranking com 156 nações. É aquela nossa velha atitude de nunca assumirmos as coisas nos seus limites. Nunca estamos demasiado bem nem admitimos estar demasiado mal, estamos sempre mais ou menos ou assim-assim, como se costuma dizer.

"Vai-se andando" ou "o que tem de ser tem muita força", não são meras expressões vazias de significado; são aforismos reveladores que sintetizam uma filosofia existencial milenar característica do nosso povo. É desta forma que combatemos a infelicidade, admitindo a fatalidade do destino. É também assim que descobrimos uma nesga que nos permita procurar a felicidade.

Se tivermos de ser felizes, seremos. Se isso não for possível... paciência.

22 comentários:

Anónimo disse...

Rui,

muito boa a temática!Acontece que nós ( Portugal e Brasil ) vivemos no ocidente e nossos regimes são capitalista! ( Nada de chavões como " capitalismo selvagem" ) Regime capitalista, ponto. O que esse monarca atrasado, de um país pobre, esta criando ( BIF ) é u´a maneira, que outros regimes, no passado recente, encontravam para tapar o sol com a peneira! A felicidade de cada um esta no que ele pretende da vida! As pretensões dependem da informação, cultura, educação, e meio. Os índios não aculturados, no Brasil, tem um PIF muito maior que os aculturados, e nem por isso o capitalismo é o culpado. A culpa é do Cabral, que os descobriu....

Silvares disse...

Ahahahah, o velho Cabral continua preenchendo o nosso imaginário. Se não fosse ele teria sido outro e aí a História seria diferente. Parece-me que a Felicidade é um óptimo indicador para medir o sucesso de um regime (político ou económico). Quanto ao chavão... o capitalismo poderia ser mais domesticado e menos selvagem, não acha?

banzai disse...

hahaha Boa Eduardo. Não entendo de economia, mas teria que domesticar o bicho selvagem a rédeas curtas, onde o bicho vai parar desse jeito?
Não consegui visualizar a posição do Brasil (e o Japão?)
madoka

Jorge Pinheiro disse...

Acho que a nossa mentalidade é exactamente essa. E a mentalidade é o que nós somos como povo. Qt ao capitalismo, não é fácil domá-lo, como se tem visto. A alternativa é o feudalismo. Até agora, a História não produziu outros regimes consistentes (salvo devaneios ideológicos de curta duração e muita mortandade).

Anónimo disse...

Rui,
concordo que sempre é preciso vigilância e freio curto na ganância dos agentes financeiros, e empreendedores insaciáveis.Mas culpar, sempre, o "capitalismo", ou chama-lo de "selvagem", é bordão da esquerda frustrada em diversas tentativas, de outros regimes! Não se inventou nada melhor do que o capitalismo. Há que saber administra-lo. Duas leis são fundamentais: " Livre concorrência", e "Oferta e procura". Importante deixar o ESTADO o mais longe possível do mercado, e investir em EDUCAÇÃO. O resto se resolve!

Anónimo disse...

Madoka,

pelo estudo, que o Rui se referiu, quanto mais ricos são os países, maior é o FIB. O Japão deve estar bem colocado nesse quesito. Mesmo porque, a obediência e submissão do povo oriental, entra com outros parâmetros para serem aferidos! A felicidade é subjetiva e relativa. Difícil de ser comparada!

banzai disse...

tem razão Eduardo, como aferir isso não é mesmo? difícil de comparar, mesmo porque a pesquisa foi realizado por uma instituição ocidental. Pelos meus olhos o FIB em terras nipônicas não estão no topo do ´bem estar reluzente´ não, mas é bem aquilo que vc diz, a FIB é subjetiva e relativa.
Madoka

Jorge Pinheiro disse...

No oriente o trabalho é um caminho para a divindade... assim também eu!

Silvares disse...

Madoka, o que nos faz pensar que o PIB é objectivo e rigoroso? Talvez os fatos-com-gravata dos senhores do dinheiro. Mais as suas indecifráveis caras-de-pau? O FIB é tão credível quanto o PIB, o problema é não "mexer" em dinheiro.

Jorge, estou em crer que a História está à espera que alguém se lembre de um modelo alternativo.É uma questão de imaginação humana e vontade política. Mas nós sabemos do que depende a vontade política... assim o capitalismo vai continuar a fazer figura de coisa menos má (que coisa boa a gente sabe que não é!).

Eduardo, só espero que a frustração da esquerda em não conseguir encontrar um regime alternativo suficientemente eficaz não a faça desistir. A direita e o capitalismo são animais perigosos (por muito que lhe custe aceitar esta terminologia) e bem selvagens.

Anónimo disse...

Rui,

durante toda minha vida, desde muito jovem, era taxado de direita pela esquerda, e de esquerdista pela direita, portanto, esses adjetivos não me dizem nada. Tenho uma liberdade muito grande de pensar o que eu bem entender! Às vezes discontentando a esquerda ( em geral burra, e recalcada ) e às vezes batendo de frente com a direita ( muitas vezes truculenta e irracional ).

rui sousa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
rui sousa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
rui sousa disse...

O conceito que muitos têm de felicidade é que lhes estraga a vida. Para muita gente felicidade é ter uma vida fácil e sem problemas, quando eu acho que felicidade é podermos correr atrás do que queremos. Dá-me uma certa vontade de rir quando vejo o mundo Ocidental a tremer com a perspectiva de poder deixar de “ter”. Quando estivemos na eminência de sermos invadidos por Espanha, depois da morte de D. Fernando, foi o povo que foi ter com o Mestre de Avis e lhe ofereceu a sua vida para lutarem juntos por aquilo que queriam. Quantos de nós, hoje em dia, estão dispostos a isso? Quando a Alemanha se preparou para invadir a Inglaterra, todos nos lembramos quais foram as palavras de Churchill: “sangue, suor e lágrimas”, “ Entram nesta ilha mas só por cima dos nossos cadáveres “. A Inglaterra era uma democracia, e os ingleses podiam ter corrido com ele, mas disseram sim ao seu líder, e muitos morreram mas é esse o preço que se paga para se viver como se quer. Os índios da América morreram a lutar pela sua forma de vida ( desgraçados dos que se renderam, hoje vivem como ratos ) e é isso que cada um tem que fazer; fazer aquilo que quer e gosta. Ser livre não é podermos nadar no pântano da informação e na sofisticação informática/ electrónica, é vivermos de acordo com o que queremos. Parece simples, mas dá trabalho.



O Capitalismo tráz à superfície o pior de nós ( a ganância, a indiferença, a raiva, a vingança, etc. ), mas num contexto diferente, se invertermos a ordem de prioridade das coisas pode também tirar o melhor que há em nós. A liberdade e a lei da oferta e da procura podem ser usadas de muitas formas. Muhammad Yunus no seu trabalho à frente do Grameen Bank operou um pequeno milagre num dos países mais pobres do mundo, o Bangladesh. E qual a fórmula? Premiar com reconhecimento e prestigio e não com dinheiro. A história está toda bem contada nos seus livros … e não me parece que ele perca muito tempo a pensar se é de esquerda ou de direita.

Já agora só mais um pormenor. O Muhammad Yunus ganhou na altura o prémio nóbel da paz, pois eu acho que ele deveria ter ganho antes o prémio nóbel da economia, porque é disso que se trata, de uma nova maneira de ver e usar a economia.

Anónimo disse...

Rui Sousa,

concordo com você em muitos pontos! Tenho dito que : " Feliz aquele que, na vida, não teve tempo para pensar em felicidade"!
Quanto a essa bobagem de esquerda ou direita, também acho que só deveria significar sinal de trânsito.

Silvares disse...

Eduardo, já me chamaram fascista, já me chamaram, comunista. Continuo a preferir ser tratado por Rui.
:-)

Rui, dizem por aí que a felicidade é poder viver sem medo. Parece-me uma ideia interessante.

Rui Sousa disse...

Rui, viver sem medo é quase impossível, mas é possível controlar o medo e não deixar que ele nos impeça de viver. O segredo é vender a alma ao Diabo e não lhe entregar a mercadoria, como diria o grande Keith Richards. Acho esta frase lindíssima.

Jorge Pinheiro disse...

Depende da mercadoria, mas a ideia parece boa.

Rui Sousa disse...

A mercadoria é exactamente a alma.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Rui Sousa,

a frase pode ser boa, mas não se aplica, pois quem vende a alma e não entrega, não pode ser feliz!

rui sousa disse...

Eduardo, se fizer isso ao Diabo SÓ PODE ser feliz.

Anónimo disse...

Wanted magnificent writing! I seriously experienced reading them, tonsil stones that you are an ideal journalist.I will make the time to lesemarke your web site Satellite direct but will sometimes give back in the future. I must support you actually keep going your current wonderful discussions, have a very good great holiday penis advantage saturday!