Hoje acordei a pensar que nem eu sou tão bom como me dizia a minha mãe quando era pequenininho, nem os outros são tão maus como me fazia crer a minha professora da catequese, quando falava dos meninos que não eram baptizados.
Talvez tenha sonhado com esses tempos recuados e perdidos na desarrumação de memórias que é um cérebro humano. Precisava de contratar uma especialista em limpezas para me arrumar as ideias e limpar-lhes o pó. Por vezes penso como seria bom poder regressar ao passado com as imagens tão claras como num filme em Full HD e som surround da melhor qualidade.
Reviver o passado visto de fora, a comer pipocas e a beber coca-cola, sentado confortavelmente... pensando melhor, talvez não fosse assim tão bom. Sendo eu actor no filme da minha vida não me parece que pudesse manter a calma perante uma série de acontecimentos que talvez estejam melhor esquecidos atrás de algum aparador com um espelho partido.
Estou em crer que será algo traumático representar e assistir em simultâneo ao filme das nossas vidas. Até porque a professora da catequese tinha um penteado assustador e a sala onde nos ensinava as terríveis histórias da Bíblia estava sempre mergulhada numa penumbra adocicada, com mobília sem idade. Disso lembro-me. E chega.
5 comentários:
Essas memórias que nos fixam as vertigens.
No Novo Testamento só há uma coisa de interesse. Uma pergunta feita por um romano: "o que é a verdade?".
Ju, o passado é uma grande vertigem sem dúvida!
Jorge, existirão muitas respostas mas a minha preferida é, apenas, meia resposta: a verdade não é a realidade.
o gajo já tem perfil (quando está de lado)e sim, claro, frequentou a catequese
ah, é verdade, vai ter uma exposição
E o que é a realidade?
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