Não deve haver nada pior que a obrigação de simpatia, a necessidade profissional de afivelar um sorriso quando a vontade é estar com a cara que temos e não aquela que outros nos querem ver trazer agarrada ao cimo do pescoço.
Vem isto a propósito daqueles programas que passam na TV nestes inícios de tarde de fim-de-semana, onde os canais televisivos promovem os seus produtos comerciais (telenovelas, programas de "famosos" e outras coisas do género) com "entrevistas" às personagens que fazem as caras dos seus écrãs.
Toda a gente conhece toda a gente, toda a gente é absolutamente bonita e especial e toda a gente tem coisas fôfas a dizer de toda a gente, desde que faça parte da respectiva "família" que é a do tal canal de TV, seja público ou privado.
A coisa é tão forçada que apenas encontro paralelo nas caras que fazemos quando, sentados na sanita, nos vemos e desejamos para descarregar a tripa. Corados, meio desfigurados, ao sentir aquele desprendimento magnífico, estamos capazes de assegurar ao mundo como o amamos por nos sentirmos tão mais leves.
Nesses curtos momentos a felicidade é visível e não é necessário fingir um sorriso tão rígido que, vendo bem, é apenas um esgar desesperado, nem dizer aquelas banalidades estupidificantes que os tais programas nos impingem com imagens de carinhas sorridentes, de um "kisch" assustador, que nos ilustram o écrã.
Nauseante.
6 comentários:
Rui, andas muito severo com o "SÓ riso" dos que buscam seus 5 segundos de fama!
Por aqui é o Fausto Silva aos domingos com essa babaquice de risos, sorrisos, caras de espanto(?) e choro de emoção. De embrulhar o estomago.
Mas vamos ao que realmente interessa; "Corados, meio desfigurados, ao sentir aquele desprendimento magnífico, estamos capazes de assegurar ao mundo como o amamos por nos sentirmos tão mais leves."
Genial, de mestre!
Rui, aí, no Brasil, aqui é a mesma coisa. No fundo, o bom disso tudo é essa diversidade. Há coisas forçadas por demais. Mas sempre há momentos sim que emocionam. Há esperança!!!
bjs
madoka
Sorriso de sanita.
é, por vezes a merda invade outros sítios aparentemente mais imaculados...
Eduardo, simples desabafo. Na verdade eu quero é que toda a gente seja feliz à sua maneira. A TV tem aquela coisa magnífica que é o botãozinho de desligar ou trocar de canal. :-)
Li, quando aliviamos algo que nos incomoda as nossas relações com o mundo ficam bem mais pacíficas...
Madoka, prezo muito a sinceridade mas a falsidade incomoda-me. Nestes programas sinto mais falsidade que sinceridade (que é o que comove). As crianças riem de facto, estas personagens riem profissionalmente (na maior parte dos casos).
Jorge, um belo sorriso, na maior parte das situações (de sanita).
Dear Zé, shit is everyware...
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