terça-feira, outubro 05, 2010

100 anos de República e algumas bananas

O presidente da câmara de Lisboa desbobinava a conversa mole do costume perante uma plateia de notáveis. O parque de estacionamento do Cais do Sodré estava apinhado com carros pretos topo de gama e os respectivos cahuffeurs iam limpando alguns vestígios de pó na pele dos assentos ou cavaqueavam indolentemente nas redondezas.

Eis senão quando os Homens da Luta surgem na Rua do Arsenal vindos da Praça do Município empurrados por agentes da polícia municipal (ver aqui um texto deslavado sore o assunto). A confusão não era muito grande mas o povo tinha ali algo para o despertar da soneira provocada pelos discursos. Gel e Falâncio, acompanhados de mais alguns companheiros de luta, gritavam "Viva a república das bananas!" e o povo parecia compreendê-los muito melhor que ao macarrónico António Costa que continuava a declamar coisas chatas para dentro do microfone.

A coisa durou algum tempo. Perante tantas testemunhas os polícias empurravam os Homens da Luta com a suavidade possível. Atrás deles vinham inúmeros operadores de câmara de diferentes estações de televisão, alguns radialistas e uma mão cheia de fotógrafos. Empunhando bandeiras rematadas por apetitosas bananas os Homens da Luta lá fizeram o seu número até serem colocados a uma distância considerada satisfatória pelos polícias. Quando estes os empurraram com mais força foram vaiados pelos populares que assim demonstravam estar de acordo com a palavra de ordem, principalmente com a parte da "república das bananas". Um republicano mais agastado teve de ser levado dali enquanto berrava e esbracecejava contra os Hokens da Luta chamando-lhes fascistas. O dito republicano não estava a ver bem o filme.

Finalmente, já lá mais para o fim da rua, cantaram-se os "parabéns a você" dedicados à dita república, a das bananas. Os Homens foram embora, os chauffeurs continuaram por ali enquanto os que eles conduzem continuavam a brincar aos macaquinhos, sentados nas cadeiras VIP na Praça do Município, ouvindo os discursos banais de homens mais banais uns do que os outros. Sócrates e Cavaco a baterem-se pelo título do Rei da Banalidade em dia de comemoração da República.

4 comentários:

the dear Zé disse...

amen

Rui Sousa disse...

Acho que pelo menos uma vez na vida podíamos ser um estado original e criativo e instalar um regime misto de Republica e Monarquia, uma espécie de Republarquia ou coisa que o valha. O presidente continuava a fingir que servia para alguma coisa e o Rei ficava para aquelas cerimónias coloridas e jantares oficiais ( que normalmente são uma grande seca ). Ficavam os dois contentes ( espero eu ) e podia ser que assim se acabasse o pretexto para esses discursos que já ninguém sabe muito bem o que querem dizer.

Anónimo disse...

Por que será que somos tão iguais???????????
Só o Descobrimento e a Colonização podem explicar!!!!!

Silvares disse...

Caçador, Deus te ouça.

Rui, é uma choldra!

EEduardo, somos irmãos verdadeiros. Diria que somos gémeos.