Foi dose dupla. Não premeditada, dose dupla acidental, em dias consecutivos, do Sr. Nespresso No Martini No Party, o incontornável Mr. George Clooney. Ontem era um homem que matava cabras com o olhar, hoje um "desempregador" profissional em "Nas Nuvens" (o filme). Porque cometi eu tal imprudência? Por nada de especial. Apenas porque sou um vulgar consumidor e vou papando aquilo que me enfiam pelos olhos dentro, sem grandes problemas nem sombra de remorso. Afinal de contas, ir ao cinema tornou-se um gesto tão banal como comer um hamburger (vou mais vezes ao cinema) ou mijar atrás de uma árvore.
Se o filme de ontem me pareceu digno de nota já o que fui ver hoje, a despeito das melhores críticas e até de alguns rumores de poder chegar à conquista de um ou mais oscares, me deixou um pouco indiferente.
Não é que "Nas Nuvens" seja um mau filme. Longe disso. Mas também não anda assim tão perto de ser um bom filme, digamos que é um filme que balança.
O argumento tem por base uma ideia interessante, a aventura aérea do protagonista vai-se desenrolando de forma agradável, deixando o espectador curioso até que... bom, até que o velho moralismo americano entra a matar e não deixa alma que se aproveite. Na minha opinião o filme não merecia aquilo. Aquilo? Não merecia... bom, não merecia... afinal de contas, se tem aquele final é porque o merece. E se estou para aqui à procura de algo que justifique o facto de ter ido ver o filme ou qualquer coisa que me ajude a compreender o entusiasmo que tem gerado à sua volta é porque fiquei um pouco longe de perceber o que tem de tão extraordinário este "Nas Nuvens".
OK, a realização é escorreita e a montagem tem momentos muito bem apanhados. George Clooney vai naquele registo, igual a si próprio (isto é, nem bom nem mau nem mais ou menos), o filme corre como um riozinho afluente de algo muito maior. Tem a sua beleza mas também apresenta alguns lugares entediantes e acaba por se comprazer consigo próprio.
Chega de conversa da treta; "Nas Nuvens" parece-me um filme um pouco acima da banalidade. Dá para ver. Talvez depois de comer um hamburguer no McDonald´s. Ou então antes. É para consumir, sem problemas de consciência. Que raio!