Muitos de nós, precisam de sentir que são importantes. Para sermos felizes (ou algo aproximado) precisamos de sentir que outras pessoas escutam atentamente quando dizemos um disparate qualquer, que outras pessoas nos olham quando passamos na rua ou entramos na pastelaria; precisamos de sentir que não somos invisíveis, como o mendigo andrajoso, ali de rastos à porta do supermercado, invisível por ninguém olhar para ele. Provavelmente mal saberá falar.
Pelas razões atrás expostas, muitos de nós falam aos gritos nem que seja para explicar como cozinhamos frango cozido, vestimo-nos como palhaços de circo fingindo ter escolhido aquelas roupas por mero acaso (a graça é um dom) e fazemos vista grossa à miséria que à nossa volta prolifera. Acima de tudo fazemos vista grossa à miséria que arrastamos, agarrada à nossa sombra projectada.