segunda-feira, junho 24, 2019

Macacos

Há quem diga, quem pense, quem acredite: a vida não pode ser só isto! Tem de haver algo mais; outra vida após a morte? E essa vida implicará nova morte e assim por diante, vida e morte reflectido-se eternamente uma na outra e a nossa alma a ricochetear sem cessar, até à eternidade?

Mas pode ser outra coisa, a vida pode ser outra coisa que não podemos imaginar, uma coisa tão diversa daquilo que percepcionamos que não temos capacidade para imaginar o que seja. A vida pode mesmo não ser nada.

Entretanto, neste quotidiano delirante, vamos vivendo (!?), preocupamo-nos com coisinhas de nada, com merdices, ou preocupamo-nos com coisas importantes, com merdas determinantes, cenas que, se a vida for só isto, são deveras notáveis e grandes. Cada macaco no seu galho, todos os macacos pendurados na Árvore da Vida.

sexta-feira, junho 21, 2019

Desígnio

Ultimamente tem-se falado por aí da ausência (e da necessidade de a suprir) de um ideal que possa amalgamar vontades desavindas no sentido de conferir um sentido comum ao pulsar do coração lusitano. Frase complicada, não?

Resumindo de forma directa: fala-se para aí que falta um ideal que una os tugas em torno de um desígnio comum.

A coisa saltou para a arena do falatório após a leitura em voz alta do discurso do Dia de Portugal, este ano da responsabilidade do jornalista João Miguel Tavares.

Que isto, que aquilo, que é de direita, que não tem autoridade nem saber, que sim, que não, que foi mal escolhido, que não sabe o que diz, bocas a torto e a direito, umas no alvo, outras nem por isso. Pessoalmente posso dizer que gostei do discurso, que gosto do João Miguel apesar de discordar dele em muitos pontos e em muitos aspectos.

Gosto dele porque me parece inteligente e honesto. Como sou um gajo de esquerda estou habituado a pensar que inteligência e honestidade são qualidades exclusivas do meu pessoal. É assim, um gajo pensa certas coisas sem pensar nelas! Não é preciso muito tempo de reflexão para perceber que estas qualidades não são exclusivas de nenhum campo político. Há demasiados filhos-da-puta no mundo e seria uma coincidência mágica que se amontoassem todos de um dos lados da barricada ideológica.

Penitência feita.

Mas a questão do ideal unificador ficou-me a dançar na cabeça e, já agora, proponho um: lutar contra a ignorância. Ficaria muito feliz se declarássemos aberta a época da caça à estupidez sem termo certo. Seria uma caçada eterna, assim à maneira da das divindades nórdicas lá no mundo onde se divertem.

quarta-feira, junho 05, 2019

Como poderás tu saber!?

Não há que tentar dar a volta à coisa, contornar, ir por fora, fingir que não é bem assim: um gajo ou está de um lado ou fica do outro. Ninguém consegue equilibrar-se sobre uma linha imaginária que, ainda que dividindo, está longe de separar o que quer que seja. Chego a temer que a coisa seja mesmo tipo "bem contra mal", "certo contra errado" e pronto, espero que isto chegue e seja ponto final nas dicotomias que nos moldam o quotidiano.

Não quero acreditar nisto, que as coisas possam ser postas de modo assim tão simples mas... tenho a impressão que a maioria (esmagadora) das pessoas só é capaz de ponderar uma situação, analisar um problema e, Deus nos valha, imaginar uma solução se acreditar que está certa, que é boa, que não dá a mínima hipótese ao estúpido do otário que se senta ao seu lado. A tal linha divide, não separa.

Não há maneira de chegar a uma conclusão satisfatória. Certo, bom, mau, errado, certo, mau, bom, errado, etc. e por aí fora; baralha, volta a dar... estou em crer que tudo depende do buraco a partir do qual observas a situação. Como poderemos alguma vez ter a certeza!?