sábado, novembro 23, 2013

Polícias e bófias

Desta vez não houve cães à perna de ninguém!

O pessoal ficou de cara à banda com a manifestação dos polícias na escadaria da Assembleia da República (ver aqui, com vídeo e tudo). Tanto polícia à paisana a gritar, a esbracejar e com cara de poucos amigos é coisa para atemorizar qualquer cidadão enfiado nas suas pantufas.

Não me parece surpreendente que os polícias fardados, destacados para manter a ordem pública, se tenham desviado para deixar subir os manifestantes por ali acima. Parecia uma cena do World War Z!

Poderá haver explicações mais ou menos piedosas para semelhante atitude. A verdade é que a maioria dos polícias tem um respeito, no mínimo, limitado pelas regras que deveriam preservar bem como pelos "cidadãos-macacos" que deveriam defender. Os exemplos quotidianos são mais que muitos.

Basta recordar vários episódios passados naquele mesmíssimo local com desfechos bem diferentes e magníficas cargas policiais sobre pessoas indefesas.

Os polícias portugueses, pelo simples facto de o serem, colocam-se a si próprios acima da Lei. Estacionam os seus carros em situações que a um "cidadão-macaco" valeriam multas avultadas; carregam frequentemente à matracada no focinho de cidadãos indefesos e até de velhinhas que não representam ameaça, dirigem-se às pessoas em termos agressivos e desrespeitosos se para aí estiverem virados, etc e tal.

Se, porventura, dão da caretas com algum doutor ou senhor importante ficam mansos como cordeiros.

Por vezes penso: quem nos protege dos nossos protectores?

É evidente que nem todos são assim, que há muita gente boa nos corpos policiais. Eu diria que há uma razão de um polícia por cada 50 bófias. Qualquer coisa assim.

domingo, novembro 17, 2013

Natalices

Há uma canção que diz que "Natal é quando um homem quiser". Sinceramente sempre me pareceu poesia a mais mas, recentemente, o presidente da Venezuela veio tornar a cantiguinha em doce realidade (ver aqui). Nicolás Maduro é um coração de manteiga e, muito por causa disso, tem sido ridicularizado.

A intenção de Maduro é louvável, ele quer trazer felicidade e esperança ao povo. Não percebo bem a razão pela qual tão gozado tem sido.

Hoje de manhã fui ao centro comercial e, por todo o lado, há árvores e enfeites de Natal! Não reparei que alguém tenha considerado ridícula esta antecipação da festa do Menino Jesus ou do Pai Natal, conforme as inclinações mais religiosas ou mais consumistas dos festejantes.

Fica a sensação de que em nome do consumo podemos decretar sem temor a antecipação do Natal mas, se o fizermos em nome de outra coisa qualquer, podemos levar com gargalhadas jocosas pela cabeça abaixo. Não me parece justo.

Por mim o Natal até pode ser em Agosto, embora dessa forma a vaca e o burro que aquecem o Menino Jesus corram o risco de ir para o desemprego.

terça-feira, novembro 12, 2013

Pensamento nocturno (coisa de coruja)



A sensação é incómoda. Dá comichão onde não se deve coçar por ser feio. Difícil é ficar quieto. Coço o peito para disfarçar, reviro os olhos. Não consigo esconder a nervoseira. Bato o pé, bato o pé, bato o pé, e não é compasso musical. É desconforto apenas.

Olho o mundo em volta e não consigo pensar outra coisa que não seja: quanto tempo vai levar até esta merda rebentar de vez?

sexta-feira, novembro 08, 2013

Equilíbrio

Hoje é dia de greve da Função Pública em Portugal. Os trabalhadores protestam, reclamam, esbracejam, esperneiam, mas nem migalhas têm a ilusão de vir a receber.

Neste dia veio a público uma notícia que dá conta do aumento do número de multimilionários no nosso país (ler aqui), apesar da crise... ou será por causa da crise? Não só são mais como estão mais ricos. O equilíbrio acentua-se: os ricos mais ricos, os pobres mais pobres.

Haverá algum dia a mínima possibilidade de inverter esta tendência?

quinta-feira, novembro 07, 2013

Anjos

Até ao dia de ontem não me recordo de ter alguma vez ouvido falar de Rob Ford, o agora mundialmente célebre mayor de Toronto. Repare-se bem nos motivos desta súbita celebridade a nível planetário (ver aqui, por exemplo).

Pessoalmente estou-me nas tintas para o facto de ele ter fumado crack ou ter tentado desculpar-se desse facto dizendo que, provavelmente, o tinha feito durante uma bebedeira, daí não se lembrar com clareza do que acontecera. Pior a emenda que o soneto.

O que me faz reflectir sobre o sucedido é tentar perceber se um governante, uma pessoa com responsabilidades na gestão da coisa pública, não pode ter momentos em que se passe daqui para lá de Marraquexe? O que pergunto é: exigimos aos que nos governam um comportamento irrepreensível, mesmo quando estão longe dos nossos olhares, no remanso dos seus lares? Queremos ser governados por anjos?

Quanto a Rob Ford... parece-me demasiado gordo. Mas pode ser apenas impressão minha. Chiça, é mesmo complicado resistir à tentação de julgar os outros...

sexta-feira, novembro 01, 2013

Artista (mais ou menos) imortal

Terminou ontem a residência artística de Banksy nas ruas de Nova Iorque. Os trabalhos realizados foram sendo expostos aos olhos do resto do mundo neste site (clica aqui).

Banksy já se tornou o maior fenómeno da chamada street art e é conhecido um pouco por todo o lado onde houver meios de comunicação de massas que ultrapassem as notícias sobre a lingerie sexy de artistas pimba e os pensamentos profundos de dirigentes e jogadores de futebol. A cada dia que passa Banksy vai-se transformando numa autêntica lenda urbana.

O facto de manter uma identidade secreta faz dele uma espécie de super-herói de banda desenhada. Tal como o Batman ou o Homem-aranha, Banksy está a ser colocado num pedestal  na sala do museu da cultura Pop. Ele é um dos primeiros artistas a garantir que o seu nome fará parte da História da Arte do século XXI. Isto partindo do princípio que haverá alguém para virar a página do calendário para o século XXII.

Banksy já é um artista mais ou menos imortal (como todos os outros). O problema é que a imortalidade já não tem condições de garantir aos que dela gozam o triunfo definitivo sobre a morte. Só um bocadinho.