Segundo
Passos Coelho Rui Machete foi “infeliz” nas afirmações que produziu quando
andou a lamber botas na Rádio Nacional de Angola. Quer-me parecer que, mais do
que infeliz, foi espertalhão, daquele jeito que o são todos os “chico-espertos”
com cartão de militante dos partidos do “arco do poder”. Na verdade, todos os
espertalhões que nos governam são infelizes. São uns tristes porque não têm
escrúpulos nem cultura suficiente para compreender a grandeza dos valores
éticos que deveriam orientar as suas acções enquanto responsáveis pela coisa
pública. Ignorância?
Foi infeliz
Paulo Portas, foi infeliz Miguel Relvas, foi infeliz Miguel Macedo, infeliz foi
Aguiar Branco e é infeliz Maria Luís Albuquerque. Muito infeliz é Nuno Crato. Infelicíssimo
foi Miguel Gaspar. No meio de todos estes infelizes escapa Assunção Cristas
graças aos deslumbramentos da maternidade. Infeliz se mostrou Cavaco Silva
quando confundiu Thomas Mann com Thomas More ou quando comeu bolo-rei de boca
aberta perante uma nação estupefacta com tal falta de educação. Infeliz é o
povo que elege esta gente para o representar e governar. Assim se compreende
que nem Machete se demita nem Passos veja razões para o demitir.
Somos nós os
responsáveis por tanta infelicidade. A nossa infelicidade é colectiva como o
revelam certos estudos internacionais que tentam compreender o sentir das
nações do mundo. Há mesmo quem nos designe por “latinos tristes”. Pois é, somos
uns tristes. E Machete é ministro dos negócios estrangeiros mas quer-me parecer
que os negócios pelos quais ele vela serão de natureza a rondar o
inconfessável, natureza idêntica aos de Miguel Relvas ou de Dias Loureiro, para
citar apenas dois homens de bem (como nos assegurava Cavaco em relação ao seu
fiel conselheiro) que entretanto se diluíram na imensidão da sua infelicidade,
desaparecendo dos radares da opinião pública e se aconchegam agora nos lençóis
de seda do mais doce esquecimento.
Isto é uma gente que não lembraria ao diabo
mas que anda por aí e o povo, a querer dormir descansado, não compreende porque
tem tantos pesadelos a assombrar-lhe o quotidiano. Portugal, apesar de tanto
fato e gravata, é um país com muito mau aspecto.
8 comentários:
O Vasco Pulido Valente relembra muito bem a nossa estória no seu artigo de ontem no Público.
A massa de que são feitos uns e outros é a mesma.
Um abraço.
João, também li esse artigo e concordo a 100% com o que dizes. Apesar de maldisposto, o Vasco Pulido Valente escreve umas coisas interessantes...
Há uma questão que recorrentemente me vem à cabeça nestes dias "infelizes" que correm: porque é que os chamados partidos de esquerda ( CDU e BE ) não capitalizam em votos ( em apoio ) este descontentamento social que varre o nosso país. Como é que é possível que, estando nós tão fartos dessa gente que nos faz diariamente vomitar para o balde, não haja uma força política que veja isso e que apareça como um sopro de esperança. Esta apatia ( para não dizer mediocridade ) da nossa esquerda é que me deixa verdadeiramente de rastos. Não quero entrar naquele discurso do " são todos iguais ", mas tudo isto me parece mau de mais para ser verdade. Andamos todos a viver uma mediocridade acima das nossas possibilidades, e assim não há povo que aguente.
CDU e BE ?
Para mal basta assim !
brilhante moço, brilhante!
João, esse " basta assim " é verdadeiramente devastador. Um país governado por este tipo de gente que nos governa merece tudo menos um " basta assim" … mesmo que a oposição seja a tristeza que é ( como referi ). Uma coisa é incompetência ou ideologia, outra é baixo nível, mediocridade, mentira e ligações perigosas. Em relação às duas primeiras até poderia empregar o termo " basta assim ", mas em relação às quatro últimas que referi NÃO. Há coisas que saltam à vista. E em relação a essas nunca deveria haver um " basta assim ".
Amigos, para pior não basta assim. Isso não. Pior do que isto deve ser impossível. É uma gente ignorante, sem escrúpulos, mentirosa e descaradamente vigarista. Olhem para o Paulo "Irrevogável" Portas, o tal dos submarinos e das linhas vermelhas (estou só a dar um exemplo). Assim como assim, a soberania nacional já nem sequer é uma anedota.
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