A palavra "exposição" tem muito que se lhe diga.
Diz o dicionário que "exposição" é mostrar algo a alguém publicamente. Mas não será necessário pensar muito para percebermos que a definição peca por redutora.
A exposição de crianças, vulgar na Idade Média, um pouco rara nos tempos que correm, confere outra dimensão ao vocábulo.
A relação com a fotografia está a perder-se nesta era digital. Até há bem pouco tempo atrás, exposição tinha a ver com a velocidade do obturador. Agora isso faz pouco sentido.
Também nas areias da praia (ou nas caminhadas sob a inclemência do astro-rei), exposição é outra coisa. Altera a cor da pele e provoca sensações potencialmente irritantes.
"Exposição" é uma palavra e, como tal, tem a plasticidade de uma pastilha elástica. Mastiga-se, sopra-se, volteia-se no céu da boca e cospe-se quando já perdeu o sabor.
Expor é mostrar. A natureza da exposição depende daquilo que se expõe. No caso de uma exposição de arte o que se está a mostrar?
Mostra-se o resultado de uma actividade, o trabalho transmutado em objectos. Mas, na verdade, o que está ali? Eu digo: energia!
Gosto de pensar que, quando expomos arte, oferecemos energia. Uma energia transformada, mas energia; do mais puro que possamos imaginar!
Essa energia gera força. Uma força tanto maior (ou menor) quanto aquela que o observador for capaz de cruzar com o objecto exposto.
A arte é energia, disso não tenho a menor dúvida, mas nem todos somos capazes de o compreender, embora todos estejamos aptos a exercer essa maravilhosa troca de energias invisíveis entre o que vemos e o que trazemos dentro de nós. O resultado é aquilo que designamos por "fruição".
Termino abruptamente (que o texto tende a alongar-se de forma complexa) dizendo que expor-se é como convidar alguém a colocar a ponta da língua numa tomada de electricidade. Nem todos estão dispostos a fazê-lo ou são suficientemente loucos para o experimentar.
No entanto todos somos capazes de perceber que enfiar a língua numa corrente eléctrica será, decerto, uma experiência fora do comum, apesar de, eventualmente, mortal.
É bonito.