quinta-feira, julho 31, 2008
Eco perdido
quarta-feira, julho 30, 2008
Uma questão económica
Por um lado continuamos a manifestar a nossa fé na Democracia enquanto forma mais justa para a governação dos povos, por outro assistimos a repetidas manifestações de algum cinismo por parte dos que nos governam democraticamente.
Desta vez nem precisamos de saír do nosso jardinzinho à beira-mar plantado que é este imenso Portugal. José Sócrates descobriu uma súbita admiração por Muamar Kadafi, um dos ditadores há mais tempo no activo. A razão será o estabelecimento de acordos comerciais, em particular no campo energético tendo o gás natural líbio como condimento afrodisíaco. Ainda não há muito tempo Kadafi era considerado um pária internacional, acusado de fomentar o terrorismo e não respeitar nada que se pareça com direitos humanos lá na terra dele.
Basta uma pesquisa rápida no Google para depararmos com uma preenchida agenda de contactos internacionais deste ditador com ar de zombie, que parece estar sempre para lá de Marraquexe, como costuma dizer-se (e está, de facto).
Foi também notícia a forma como Sócrates lambeu as botas a José Eduardo dos Santos, o presidente angolano. Eduardo dos Santos é outro que tal, um cleptocrata encartado, rico como Cresus e figura nada recomendável se tivermos em conta o tal ideal democrático. Claro que os recursos naturais angolanos e os negócios nem sempre muito bem explicados que se desenvolvem entre Portugal e Angola podem servir de pretexto para explicar tanta macieza no trato entre os estadistas em questão.
And so on, a lista é infindável e não emporcalha apenas José Sócrates mas a esmagadora maioria dos líderes dos "grandes" países europeus e da maior parte das democracias por esse mundo fora.
Em suma, a democracia e os direitos humanos são a letra da canção mas a música varia muito conforme o tempo e o local do espectáculo. Afinal de contas a economia mundial não se compadece com os direitos das minorias e muito menos com o direito à vida de quem cai em desgraça na terra dos poderosos.
Podemos concluir que a Democracia é uma questão económica. Desgraçadamente.
terça-feira, julho 29, 2008
Claro como água (para o meu Mestre)
Pintura recente de Jorge Pinheiro
segunda-feira, julho 28, 2008
Debaixo do sol
domingo, julho 27, 2008
Verdinhos e sorridentes
Pelo que compreendo e ouço e posso ver, Jerónimo tem razão. Dentro de alguns anos, os descendentes dos agricultores e pescadores do reino dos Algarves serão todos tratadores de relva e jardineiros, recepcionistas e criadas de quarto, etc., etc., quando a "monocultura do turismo" secar todas as actividades tradicionais em volta. Essa "monocultura" criará (ou já terá criado?) uma espécie diferente de latifúndio, se assim lhe podemos chamar.
E está a alastrar e vai chegando ao Alentejo, não apenas na costa mas também para o interior com a barragem do Alqueva a prometer cada vez mais novos empreendimentos "golfísticos" que exigem muito mais água que todos os camelos do deserto juntos.
Jerónimo olha aterrorizado para um futuro próximo sem operários nem camponeses nem pescadores, substituídos por legiões de trabalhadores temporários, sem sindicatos nem organizações de classe que protejam os menos favorecidos da gula capitalista. Jerónimo parece ter razão no prognóstico traçado.
sábado, julho 26, 2008
O ovo, a galinha e o candidato
sexta-feira, julho 25, 2008
2º Tempo
Gostei. A palavra gostar não se aplica bem mas não me apetece pensar muito nisso. Fica assim mesmo.
quinta-feira, julho 24, 2008
O Cavaleiro das Trevas (post a 2 tempos)
Esta noite vou ver o mais recente filme inspirado na personagem do Batman. Vi todos os anteriores, sempre fui um admirador do Cavaleiro das Trevas, decerto atraído pelo seu romantismo sombrio.
As expectativas são elevadas. As críticas entusiasmam e há a personagem do Joker que, segundo ouço dizer, é magistralmente interpretada pelo malogrado Heat Ledger ao ponto de se falar em Oscar póstumo pelo seu desempenho.
O restante elenco é de luxo, a produção dispendiosa e o argumento decerto não terá sido descurado. Todos os ingredientes necessários a um repasto de luxo. Espero não apanhar uma indigestão.
Mais logo, após ver o filme, postarei o 2º tempo deste post.
quarta-feira, julho 23, 2008
O que é arte?
Este texto de Desidério Murcho saíu no Público de ontem. Parece-me um texto interessante que tem o dom de colocar a velha questão "O que é a arte?" sob diversos pontos de vista, enquadrando convenientemente a questão de cada vez que é colocada.
Murcho conclui o seu texto propondo que todos nós sabemos muito bem o que é a arte mas quando tentamos explicar o nosso ponto de vista entramos num labirinto sem saída. Poderemos então concluir que uma coisa é sabermos do que se trata e outra, completamente diferente, verbalizarmos a nossa intuição. Concordo.
Na minha óptica o problema reside na natureza da arte. Ela escapa ás nossas palavras porque não pertence ao domínio do verbalizável. Um pouco como Deus, também a arte carece de uma forma que se possa expor através da simplicidade tosca das palavras. Quando muito poderemos tentar aproximações, frases interessantes, poemas ou aforismos que possibilitem ao outro um vislumbre do que nós pensamos saber.
A arte é coisinha do mundo das ideias e, como tal, poderemos encher páginas e mais páginas de volumosos calhamaços sem nunca conseguirmos a definição desejada. Nem um pouco mais ou menos.
A arte pratica-se e frui-se. Tentar explicá-la será sempre uma tarefa inglória e escorregadia. A arte está dentro de nós e tão fundo que tentar encontrar a definição que tantos procuram é como procurar o Santo Graal ou um comboio na linha do horizonte quando estamos na praia a olhar o mar.
Enfim, este texto (e tantos outros) são belos exercícios filosóficos mas, num tema como este, nem mesmo a Filosofia nos poderá satisfazer. Ou poderá?
terça-feira, julho 22, 2008
Ipirangueando
segunda-feira, julho 21, 2008
Animalidade empacotada
Quando peguei naquele hamburguer e o trinquei senti uma vertigem. De súbito dei por mim no topo de uma colina esverdeada com o sol a bater-me nas costas. Ao fundo do declive suave que escorria dos meus pés uma manada de... bichos de 4 patas, pastava com a maior das calmas. Eram tão bonitos! O pêlo luzia e o movimento das mandíbulas fazia dos... daqueles bichos, as coisas vivas mais bonitas que alguma vez tivera oportunidade de contemplar. Tão bonitos, tão bonitos que de imediato senti vontade de matar pelo menos um. Era um misto de inveja e de saliva a escorrer-me dos lábios. Corri por ali abaixo como um mamute ou coisa que o valha, de tal modo brutal e pesado que a bicharada debandou sem grande alvoroço, num movimento colectivo mais de fastio que de outra coisa. Trinquei o hamburguer e deixei-me de sonhos parvos.
A carne (era carne acho eu) pareceu-me mais plastificada que da última vez. Sendo carne devia ser carne de... vaca? Aqueles bichos criados em cativeiro e alimentados a rações esquizóides são vacas, não são? Pelo menos têm cornos e tetas e cascos... só podem ser vacas. Apesar do aspecto de total infelicidade e estupidez infinita, são vacas sim senhor! Apesar de nunca terem sabido o que é ser livre, de nunca terem conhecido outra realidade que não fosse a manjedoura à frente do focinho, de nunca terem experimentado as pernas para darem uma corridinha, acho que não faz delas uma espécie de não-vacas! Espero que não.
De igual modo, o facto de eu me alimentar daquela merda, de não plantar as alfaces nem os tomates, de comer maçãs estranhas, todas iguais e sorridentes na sua obesidade impossível, de andar de carro de um lado para o outro, mesmo em trajectos que poderia perfeitamente fazer a pé, não faz de mim um não-homem... ou faz? Bebo água engarrafada, não persigo animais pela savana, compro-os já escortanhados e feitos em pedaços embalados, liofilizados, certificados, mumificados, sem cheiro, nem som, apenas cor. E, mesmo isso não há-de durar muito tempo pois tem um aspecto pouco saudável. O vermelho da carne faz lembrar demasiado o sangue. Selvajaria!
Apesar de tudo lá emborquei o hamburger mais aquelas batatas fritas, tudo regado a cervejola fresca, ainda assim o melhorzinho do menu. Os serviços do Estado esforçam-se por tornar o mais fiável possível a limpeza dos estabelecimentos que nos servem a paparoca bem como dos produtos que metemos para dentro. Cada vez estaremos mais plastificados, limpos e empacotados, como leite de vaca. Isto ainda acaba mal! Numa perspetiva otimista, claro! (esta última frase foi escrita de acordo com o Acordo Ortográfico acabadinho de promulgar por sua Excelência e Coiso e Tal, Presidente desta nossa amada República :-)
domingo, julho 20, 2008
Um filme tão simples só pode brilhar!
Já lhe tinha pegado uma vez. Quase o trouxera para casa mas, por qualquer razão, acabou trocado por outro filme qualquer. Ontem, no Videoclube (mas se já não há cassetes de vídeo...) voltei a reparar na caixinha de ONCE. Como não vi mais nada que me agradasse lá lhe peguei, desta vez a decisão de o trazer para casa estava tomada. E trouxe.
Sinceramente não fazia a mínima ideia do que estava realmente a fazer ou do que iria ver. Muito menos ouvir! ONCE foi uma surpresa agradável. Trata-se de um musical estranho e pouco usual. As personagens quase são mais reais que nós prórpios e o registo cinematográfico, por vezes, dá a sensação de estarmos perante um documentário ou um filme caseiro.
A narrativa desenrola-se com clareza e suavidade numa Dublin pouco exuberante e, aparentemente, realista. E é de realismo que se pode falar quando se fala de ONCE. Uma espécie de realismo mágico, com a magia a deixar-se vislumbrar na forma positiva como as personagens se empregam na perseguição dos seus sonhos. Mesmo que isso as impeça de serem felizes, ou totalmente felizes. Confuso? O melhor mesmo é ver o filme. Vale a pena.
sábado, julho 19, 2008
Sonho de uma tarde de Verão
quinta-feira, julho 17, 2008
Como sardinhas na lata
terça-feira, julho 15, 2008
O melhor lugar do mundo
Viva Banksy!!!
Banksy é um misterioso artista de rua. A sua identidade tem sido resguardada da curiosidade mediática ao ponto de a vaga possibilidade de ter sido descoberta constituir notícia.
Tenho uma profunda admiração por este grafiter anónimo. Não é só a qualidade plástica dos seus stencils que me fascina, é também o facto de se assumir como uma sombra num mundo de vedetas vazias sempre em busca das luzes dos holofotes que o faz merecer a minha admiração.
A fazer fé nas notícias que têm vindo a público nos últimos dias, Banksy será um tal Robin Cunningham, um Robin Hood da arte contemporânea que nos tem oferecido algumas das imagens mais críticas e interessantes do mundo que nos rodeia.
Seja ele quem for é um artista enorme com lugar assegurado nos compêndios que estejam a ser elaborados. Banksy é o protótipo do artista urbano e, até ver, o mais criativo e influente dos artistas contemporâneos. Por muito que isso custe aos críticos de arte frequentadores de vernissages e escrevinhadores de textos melífluos para publicar em suplementos dominicais.
Viva Banksy!!!
Segue as hiprligações...
segunda-feira, julho 14, 2008
Caramba!!!
É disto que eu gosto. A surpresa total, o impacto inesperado de uma bofetada com luva branquinha de cetim, mais carícia que agressão. O filme revelou-se excelente a todos os níveis.
Seja o argumento, a realização, a montagem ou o som, seja o que for é bom. A interpretação da personagem principal pela actriz Belén Rueda é o toque de classe final para um filme quase perfeito com Geraldine Chaplin a entrar em cena de mansinho e de costas, qual Nosferatu "murnauiano".
Entre o filme de terror e o drama familiar, a narrativa cresce e revolta-se contra si própria, dá cambalhotas e descansa em planos silenciosos interrompidos com súbito estrondo de fazer o espectador saltar na cadeira. Literalmente. Enfim, como de costume não sou eu que me vou alongar na descrição do enredo, não saber nada sobre o que se vai passar é um condimento importantíssimo para se poder desfrutar em pleno deste filme com um final cor-de-rosa sangue.
Absolutamente a não perder!
Na noite de 9 do corrente assisti a este Stabat Mater e, caramba, que espectáculo! Maria João Luís rebenta com as costuras da representação teatral num monólogo perfeito com o dedinho maroto de Jorge Silva Melo na encenação. O espectáculo, integrado no 25º Festival de Teatro de Almada, teve lugar no São Luís, em Lisboa. Um espaço agradável, uma representação de outro planeta e uma ovação estrondosa a fechar uma noite de teatro memorável.
Caramba!!! Tanta qualidade em tão pouco tempo ainda acaba a provocar-me alguma overdose de prazer inteligente (!? que raio quer isto dizer!?) mas se tiver que ser, seja! Overdoses assim não devem fazer grande mal à barriga.
domingo, julho 13, 2008
Voltando à vaca fria
quarta-feira, julho 09, 2008
G8, G5 e o resto do mundo
segunda-feira, julho 07, 2008
domingo, julho 06, 2008
A Pop triunfa!
Lixo
De imediato se levantam vozes indignadas que gritam impropérios contra vozes vibrantes de júbilo e saudade. Umas vozes soam da esquerda, outras respondem, vindas da direita, e nisto se anda, a discutir uma coisa de somenos, no meu entender.
Querem erguer uma pirâmide para encerrarem a memória da múmia salazarenta? Que ergam. Querem fazer romagens de saudade com os bracitos esticados em saudações nazi-fascistas? Que façam. Para o Santacombadenses será pretexto para abrirem mais uma tasca ou outra, podendo dedicar-se com maior afinco ao seu desporto favorito, a copofonia à desgarrada. Seja tinto ou seja branco uma só palavra de ordem: CHEIO!
Os bêbados lá do sítio terão mais uma razão para se embebedarem, para horror da beatas e dos chefes de família benfiquistas. Todos os salazaristas unidos na vontade de louvar saudosamente a memória do seu santinho mumificado, o Tóino das Botas. Se é isto que o povo lá do sítio deseja, se é com isto que alguns vendedores de sonhos fatelas acenam ao pessoal para desenvolver o turismo local, qual é o problema?
É claro que eu vivo bem longe de Santa Comba e só vou à minha terra natal, Viseu, uma meia-dúzia de vezes por ano. Não terei de aturar a boçalidade perigosa de tudo quanto é skinhead, ávido de encontrar outra razão para existir que não seja a sua estupidez natural, em romaria a esse santuário da mesquinhez pequenina que será, inevitavelmente, um museu dedicado ao Botas. Para os Santacombadenses que sintam náuseas perante o espectáculo degradante dos neonazis em pleno esplendor será complicado. Mas aqui, como noutras situações, deverá prevalecer a decisão da maioria.
Penso que um museu dedicado ao Ministro-Sopeira não dará muito mais que uma tasca infecta com "nacionalistas" gordos e tatuados a mijarem contra as paredes enqunto entoam hinos à estupidez humana. Se é isso que Santa Comba deseja que o tenha. E lhe faça bom proveito. Afinal de contas é sempre doloroso mas necessário decidir onde localizar os aterros sanitários destinados a despejar o lixo. Neste caso o lixo da memória recente de Portugal.