sexta-feira, junho 30, 2006

Zombie Nation

Alexander Droboniev e o seu castelo papados por um azar, 1995-2001

Um gajo não devia meter-se em trabalhos que se desviem dos respectivos talentos naturais. Para quem os não tem, se calhar, não fará muita diferença servir bicas ou abrir valas comuns. Já para quem sonha a realidade acaba sempre por parecer pouco e saber a menos ainda.

Demasiado mesquinho.

Passei a manhã toda a fazer contas. Multiplicar horas por minutos e dividir o resultado por blocos de 90. Dividir o resultado dessa divisão por semanas (era necessário descobrir o número exacto de semanas) para encontrar o resultado pretendido. Agora será necessário encaixotar estas coisas todas num horário semanal, enfim, um trabalho que deixaria Hércules com saudades da querida Hidra mais as suas cabeças infinitas.

Sinto-me mesquinho.

Após três horas nesta merdonga já quase me cai a cabeça dos ombros e vem aquela vontade meio manhosa de pintar. Sim, meio manhosa porque, se fosse genuína, não precisava de estar nesta espécie de trabalho forçado para a sentir e lhe cheirar a necessidade. Depois de fazer este tipo de trabalho, nos intervalos, não apetece fazer mais nada que não seja babar a pança em frente a um écrã de televisão a ver uma merda qualquer. Qualquer merda serve desde que não me obrigue a... pensar.

Amanhã volto a ser mesquinho. Está combinado.

quinta-feira, junho 29, 2006

"A Crise"

Mas... espera lá! Houve algum dia, alguma hora, um minutinho que fosse em que o o país não tivesse estado em crise? Que merda é essa, "A Crise"? Essa merda que nunca veio, nem nunca chegou nem se foi embora. Quando começou, o que a define, qual o seu aspecto, porque não descola? Há tantas perguntas que não são perguntas! Porque se o fossem decerto teriam respostas.

"A Crise" é a porca da loba que nos amamenta. Uma loba porca, a precisar de ver água que não lhe sacie apenas a sêde. Eu sou Rómulo, tu és Remo e ambos esticamos as beiças em direcção aos cones das tetas virados ao contrário. As tetas da loba que já não tem nome, que não é nada, que nem sequer é ninguém. Aquelas tetas sempre a pingar tristeza, a pingar desejo e nós a tentarmos mamar, a falharmos os lábios, a usarmos os dentes.
Mordemos a teta que nos amamenta porque não gostamos do que delas jorra mas também não temos nada melhor para chupar.

Nós somos Remo, vós sois Rómulo. E a puta da loba abala, encosta abaixo. Vai buscar alguma ratazana que lhe mate a fome, algum cacho de uvas verdes que lhe sacie a sêde, nem ela sabe bem o que quer ou o que necessita. Ficamos abandonados à nossa sorte. Lá regressa ela, encosta acima, para confortar os nossos corpos nús, corpos de bébé, sem destino nem cemitério ou catacumba que nos acolha agora e nem na hora da nossa morte.

Nós somos Rómulo, vois sois Remo e o contrário é bem verdade.
Temos uma cidade para inventar, num mundo que não existe e temos um império por construir.

Eles vivem!

Será mesmo assim tão arrasador? Estaremos definitivamente transformados em algo que o destino não nos havia reservado por sermos europeus? Transformados numa espécie de americanos mal amanhados, a viver o sonho americano fora do lugar e colonizados por um imaginário que não queremos mas nos é imposto por uma máquina de ilusões demasiado forte para as nossas mentes pouco brilhantes, por cá andamos alegres e com as cabeças entre as respectivas orelhas.

Temo bem que sim. Resta saber se isso nos prejudica mais do que beneficia ou se antes pelo contrário e vice-versa. Na verdade é um dos grandes ricochetes da História. Os europeus colonizaram o continente americano, chacinaram por completo uma série de povos autóctones, substituindo-os e moldaram todo aquele espaço à sua imagem e semelhança. Longe dos constragimentos impostos pelas tradições religiosas e políticas da "Velha Europa", os colonos geraram um "Novo Mundo" sem os respectivos velhos habitantes. Os portugueses experimentaram isso no Brasil, os espanhóis pela América central acima, os franceses e os ingleses mais para Norte, foi um fartar vilanagem que está longe de acabar enquanto houver seres humanos em cima da carcaça do planeta.

Algumas centenas de anos volvidas começámos a receber de volta uma cultura europeia reciclada e adaptada pelas novas tecnologias, transformada em produto comercial altamente apetecível. As Grandes Guerras mandaram para o outro lado do Atlântico todo o tipo de artistas, cientistas, pensadores e outras aves raras que se foram estabelecer no tal mundo novo, capaz de os aceitar e lhes dar apossibilidade de criarem coisas novas. Tão novas, tão novas que, no ricochete, vêm fazer de nós uma espécie de reflexo.

A América (não apenas os EUA, todo o continente) envia para a Europa o resultado deste estranho intercâmbio cultural e económico, ao ponto de agora ser o "Velho Mundo" a ver-se obrigado a um esforço de adaptação a formas "alíenigeas". É a invasão ao contrário, a eterna mutação dos seres humanos à procura de... ninguém sabe bem do quê!

Estamos melhor? Estamos pior? Quem sabe! Ficamos diferentes.

quarta-feira, junho 28, 2006

Eterno

Acabei de rever 2001 na TV. Raio de filme! Pensar que foi realizado em 1968... como deve ter parecido absolutamente estranho na época. Mesmo hoje continua a ser um objecto de outro mundo. É tão perfeito nos enquadramentos, tão completo na criação de ambientes, tão duro.

Se há filmes que têm escrito "eterno" no prazo de validade este é um deles. Merece ser visto por extraterrestres depois de a nossa espécie se volatilizar. Pode ser que percebam melhor aquela cena do monolito.

terça-feira, junho 27, 2006

Nós Vida

Nós Vida

As coisas no futuro não serão melhores nem piores do que são hoje. Serão diferentes. Tal como hoje são diferentes do que foram ontem e assim por diante e assim para trás. A vida é uma constante tentativa de reformular os princípios da existência. Há quem diga que andamos apenas a entreter a morte. Há quem pense que depois da morte nos transformamos noutra coisa qualquer. Nem pior nem melhor. Diferente. Apenas diferente.

segunda-feira, junho 26, 2006

A coisa promete

Hoje tem que ser, tenho de escrever qualquer coisinha sobre a selecção nacional de futebol. É que o jogo de ontem deixou-me a roer as unhas até aos cotovelos e em estado semi catatónico até o árbitro ter usado o apito sem ser para avisar que lá vinha cartão. Não me lembro de ter visto coisa assim. Aquele jogo foi uma verdadeira batalha campal e finalmente lá se marchou (quem diria) contra os canhões que sempre me pareceram deslocados no hino nacional. Por uma vez que fosse, a cançoneta havia de fazer algum sentido.

Os holandeses andam a mijar fora do testo. Desde as histórias sobre trabalho escravo em plantações de tulipas até ao partido pedófilo as surpresas vindas daquele lado não têm sido famosas. Agora que os putos da selecção de futebol das laranjocas tenham vindo jogar à maluca com os mestres do faz-de-conta é que constituiu surpresa absoluta. Então não é que os holandas quiseram jogar sujo e na fita contra a nossa selecção!? O que lhes passou pela cabeça? Mal os portugas perceberam que os adversários de ontem vinham com navalhas debaixo das botas e a baterem-se à falta como se fossem brasileiros na 3ª divisão meteram mãos à obra e deram cabo deles. É que em matéria de fita os nossos são catedráticos e os deles não passavam de aprendizes.

No fim o treinador holandês veio com conversa de taralhôco falar em teatro e perdas de tempo dos portugueses. Bem pode queixar-se mas é da falta de futebol dos seus jogadores e das opções tácticas algo manhosas que andou para ali a inventar. Se o lateral direito não tinha como missão específica arrumar o Ronaldo para o banco inventou muito bem. E não era amarelo que o árbitro lhe devia ter mostrado. O tipo fez uma entrada assassina mas mostrou ter alguma falta de inteligência em mais uma jogada, desta vez sobre o Figo, capitão do nosso time de actores profissionais. Aquele cotovelo maroto a passar perto do nariz de Figo só podia dar expulsão. Talvez o palonço não tenha querido atingir o português mas a penca de Figo é enorme e proeminente e ele joga com todas as partes do seu corpo, nariz incluído.

Peripécias à parte fica a memória de uma equipa que joga com tripas no lugar do coração e vice-versa, que joga seja lá como fôr e tudo faz para sair vitoriosa do campo. Essa maneira de jogar não é habitual entre nós e andamos todos um pouco confusos. Aquilo parece mais a célebre "Fúria espanhola" só que em versão portuguesa (revista e aumentada).

A coisa promete.

domingo, junho 25, 2006

Antes uma salada de polvo!


Sei que não sou nenhum expert e ando longe de poder fazer uma crítica cinematográfica sustentada e arrasadora. Tenho como principal credencial o facto de "papar" filmes uns a seguir aos outros. Gabo-me de não ser esquisito. Tanto vejo filmes a preto-e-branco como não, na TV com 20 intervalos ou em DVD, no cinema com putos a comerem pipocas com a matraca encostada aos meus ouvidos ou em salas de conaisseurs (vai na volta escreve-se com dois "n", não me apetece confirmar), com écrans merdosos e mais pretensiosismo que qualidade de imagem. Não me corto nunca.

Hoje regressei às salas VIP das Amoreiras (haverá designação mais imbecil para salas de cinema na capital e arredoors?) para ver A Lula e a Baleia. O espaço é agradável, as cadeiras confortáveis e, às duas da tarde, a sessão está bem composta. Tal como no Modigliani para aí uns 10 espectadores, contando já comigo e com o amor da minha vida.
Os críticos encartados que botam faladura nos jornais até davam umas palmadinhas nas omoplatas deste filme. O Jeff Daniels é um baril, a Laura Linney uma excelente actriz e o trailler tinha-me parecido bem. Tudo somado ali estava mais uma óptima oportunidade de dar uma saltada ao cinema. Nas calmas.

O filme lá vai, ao sabor de uma brisa fresquinha que empurra o barquinho por sobre as ondas, deslizante, sem grandes balanços. É uma coisa assim, certinha, sem grandes contrastes logo sem grande emoção. Bem feito, cenas de tamanho certo e prontas-a-vestir, personagens lisinhas com um ou outro momento a deixar adivinhar mais espessura que aquela. Agrada pela singeleza, pela frescura narrativa mas acaba por deixar o espectador a coçar os tomates (caso os tenha ou possa fazê-lo) e, quando acaba, salva-se o Lou Reed. Sempre magnífico o motherfucker (leia-se "sacana" como nos filmes legendados em português de Portugal)!!!

No fim de contas, pés já fora da saleta, entre uma lula e uma baleia talvez não fosse pior uma saladinha de polvo. Com azeite lá da terra, se puder ser.

sexta-feira, junho 23, 2006

Um amor assim é coisa pra não ter fim!

Um amor assim é coisa pra não ter fim
Aí está o S. João em todo o seu esplendor, brilhante e a cheirar a sardinhas quase tanto como o Antoninho dos Manjericos. É agora que o meu bom povo sai à rua e mostra os dentes naquilo que é capaz de imaginar mais parecido com cultura popular. Isto sim, são manifestações genuínas de uma tradição que nada tem de português, é algo que cai muito mais para trás no poço do tempo e nos leva de regresso ao tempo em que o Cristo ainda nem sequer andava nos tomates do Pai.

Quando eu era puto e vivia em Viseu passávamos a tarde a procurar rosmaninho nas matas das traseiras para podermos saltar as fogueiras com algum requinte e a dignidade que a celebração do santo exigia.

Basicamente a ideia era beber mais do que a conta e tentar aproximações de carácter sexual com a benção do santinho. Como é mais do que evidente isto não tem nada de católico, é uma celebração pagã do Verão que se aproxima e já nos faz suar as estopinhas.
O São João deve ser uma personagem abstrusa e caralhuda, roubada à noite dos tempos, capaz de feitos extraordinários que o catolicismo foi incapaz de apagar por completo limitando-se a um travesti pouco ousado com perucas feitas de cabelo roubado a defuntos de famílias pobres.

Aqui em Almada é feriado municipal. O São João sai em procissão da igreja de Cacilhas e vem dormir uma noite à capela da Ramalha, cá em cima, do outro lado de Almada. Vem dormir uma noite com a Santa da Ramalha! Amanhã ou depois, não sei bem, regressa ao poiso para mais umas centenas de dias de abstinência e bom comportamento.

Foi assim que o catolicismo se insinuou, apropriando-se dos deuses pagãos e dando-lhes "categoria" de santinhos de pau carunchoso na sua hierarquia merdosa, imposta lá das bandas de Roma, a Puta Eterna.

quinta-feira, junho 22, 2006

Chorai, pedras da calçada!

O filme tem por título Modigliani. Narra de forma mais ou menos romanceada (vá-se lá saber) aventuras e, principalmente, desventuras de Amedeo Modigliani em Paris. É o artista boémio, bebedolas mas íntegro, arrebatado e sedutor, o perfeito estereótipo que vive encafuado nos recantos mais sombrios do imaginário popular. Ele e a sua musa amam-se perdidamente, a coisa descamba e temos um final trágico à brava com o pessoal todo a fungar na sala.
Fui confirmar aquela cena final. A morte do tuberculoso e o suicídio da amada, grávida ainda por cima, janela abaixo até se espatifar no chão. Confirma. Uma breve biografia do artista confirma a coisa.

Quanto ao filme, descontando o Picasso com aspecto um tanto mais ridículo do que terá sido o real do verdadeiro, até que se papa sem necessidade de recorrer a demasiado tempêro. Formalmente parece-me ser um objecto coerente, com momentos visuais interessantes. Os enquadramentos rigorosos e bem imaginados proporcionam situações de fino recorte. Belas, até.

O que se torna um tanto insuportável é o toque melodramático que se vai acentuando em direcção ao grande final com a dupla morte das personagens principais. Não digo que seja uma lamechice (o rigor das imagens não permite tal classificação) mas talvez tivesse sido possível ir menos longe no empurrão descarado à lágrima que se adivinha.

Não chorei. Verdade, verdadinha, nem sequer andei por perto. Mas os meus olhos comoveram-se uma ou outra vez com as imagens belíssimas que entenderam ver com alguma frequência ao longo da película.

Não é nada do outro mundo mas também não será de desdenhar uma deslocação à sala das Amoreiras onde está em exibição este filme. Penso que é a única sala. Se passares por perto, caro leitor eventual, entra e vê. Pode ser que encontres motivos de interesse, quem poderá sabê-lo? Se és do tipo impressionável leva um pacotito de lenços de papel, talvez te possam ser úteis.

O óbvio

O Homem Dúvida, 2006

"Cada coisa tem a sua palavra; pois a palavra própria transformou-se em coisa. Porque é que a árvore não há-de chamar-se plupluch e pluplubach depois da chuva? "

Realmente... porque não?
Estas duas frases, retiradas de um manifesto dadaísta da autoria de Hugo Ball escrito em Zurique a 14 de Julho de 1916, ganham uma estranha consistência de cada vez que as leio.

Porque as coisas deixam o anonimato quando se lhes cola uma palavra que as traga para a luz do dia mas, logo a seguir, podem regressar ao limbo pré-objecto caso o conceito associado não se materialize com a força de uma mousse de chocolate na mente do leitor (ou do pensador ou do varredor de ruas com calos nas mãos e buracos nas solas dos sapatos).

Então poderemos ficar preocupados. Plupluch? Pluplubach!? Caramba, meu velho senhor Ball, que raio de ideia a sua. Então não vê logo que uma palavra é tão concreta e verdadeira que quando dizemos "árvore" estamos logo a pensar "na" árvore? Em qual? Naquela, com tronco castanho e uma copa verde-bem-verde, como nos ensinam na escola primária as professoras enfastiadas quando insistimos que o tronco pode ser branco e a copa amarela e vermelha. Que devemos estar tantãs, que tolice, que é uma ideia estapafúrdia. Mesmo que seja Outono e já haja árvores sem folhas nem nada que se pareça.

Para as professoras, primeiras defensoras do senso comum a sistematizarem o nosso pensamento (a diluirem o individuo que somos na massa amorfa que haveremos de vir a ser), é óbvio que uma árvore tem aquelas cores e não outras por muito que saibam que é uma mentira tão estúpida quanto aparentemente inocente.

O senso comum torna tudo óbvio para não ter que discutir seja o que for. Temos aí a raíz de muitos males e maleitas intelectuais. Mas não há-de ser nada. A gente sobrevive e ainda tem tempo para comer uns caracóis lá mais para o fim da tarde, na esplanada sob a copa das árvores (seja lá qual for a cor delas!).

terça-feira, junho 20, 2006

Recorde Mundial

Retrato de Adele Bloch-Bauer I, óleo e ouro sobre tela, 1907, Gustav Klimt
Ora aí está, o recorde foi batido. Estamos numa época em que o mercado da arte tem apresentado uma forma invejável com alguns recordes a serem sucessivamente batidos. O Título Mundial de "O Mais Caro de Sempre" acaba de ser arrebatado pelo Retrato da Adele Bloch-Bauer, do imortal Gustav. Terá sido adquirido pela soma astronómica de 105 milhões de Euros (seja lá isso o que for) relegando para o segundo degrauzinho do pódio Rapaz Com Cachimbo, uma aguarela do divino Pablo. Num mundo como o nosso nada melhor que muitos zeros sguidos no preço do que quer seja se quisermos provar o valor da coisa. É evidente. Se vale muito dinheiro é porque tem muito valor. Não é preciso ser-se nenhum génio para compreender uma evidência destas! Seja uma obra de arte, uma empresa cotada na bolsa, um jogador de futebol, uma jóia ou urânio enriquecido, o valor monetário é que interessa. Apaga as fronteiras entre ética, estética, comércio ou economia, apaga todas as fronteiras sejam elas quais forem.
A partir de hoje a obra do imortal Gustav vai ser olhada com outros olhos pois tem um título mundial em seu poder.
Por coincidência e curiosidade irá estrear na 5ª feira um filme dedicado a Gustav. Até era capaz de apostar que irá ter muitos mais espectadores que Modigliani (discretamente em exibição numa sala das Amoreiras). Sim, afinal de contas é um filme dedicado a um recordista mundial, nem mais nem menos!

segunda-feira, junho 19, 2006

Oh Elsa!!!

Frankie goes to Hollywood (pormenor)

Não há nada que nos mantenha inteiros além da Química e da Física. Acreditar em mais do que isto é crer que a poesia se pode materializar no olhar inocente de um carapau assado na brasa.

Jeová é uma anedota que acabou por pegar melhor do que a encomenda até se tornar uma piada de mau gosto. Uma mentira mil vezes repetida acaba por se confundir com a verdade penetrando o frágil espaço da realidade. Jeová é uma anedota digna dos Malucos do Riso.

Quem sabe se, dentro de alguns séculos, num futuro longínquo, os nossos descendentes irão erguer altares a uma tal de Elsa, deusa dos festivais de Verão, propiciadora de alegria e boa disposição?

Se lhe derem espaço será uma hipótese tão credível quanto Jeová o foi noutros tempos, tempos de outros festivais.

domingo, junho 18, 2006

Too many happy-meals


Havemos de conseguir. Todas as crianças do mundo terão igualdade de oportunidades perante os bens de consumo correntes nas nossas sociedades demo-capitalistas.
Não é de todo aceitável que continuem a morrer crianças de fome, vítimas de doenças evitáveis com um simples sopro na moleirinha, crianças que nunca pousaram o plácido olhar sobre um écran eléctrico e luminoso. Não é aceitável que continuem a existir países onde as crianças não conhecem o rato Mickey nem o Gato das Botas nem o raio-que-os-parta mais a puta que os há-de parir (aos dois).
É nosso dever e nossa sina proporcionar estas e outras felicidades básicas a todas (mas mesmo todinhas, caraças!) as crianças do mundo inteiro que, de outro modo, nunca será um mundo completo e, muito menos, complexo.
Nem que para isso tenhamos que matar, destruir, trucidar, engaiolar, comprar, vender e trocar tudo e todos como se modernos Nóes fôssemos, reordenando o mundo dos vivos e dos mortos, havemos de conseguir levar a felicidade tão longe que a conquista do espaço parecerá coisa de atrasadinhos a distraírem-se num fim-de-semana com a família.
Todas as crianças merecem ser felizes e todas, sem excepção, merecem ter acesso aos mesmos bens de consumo que este palonço aqui na imagem, símbolo completo ( e complexo) do mundo que andamos a exportar e a construir com a alegria de um estúpido perante a ilusão de o não ser.

Caraças, estarei a passar-me?

Como disse?


Queen of Hearts (sem data)
Tenho cada vez mais dúvidas sobre a possibilidade de uma arte sem objecto poder cumprir alguma função que não seja a de preencher o vazio com outro vazio de igual valor.
O discurso da arte sobre si própria, a reflexão exclusiva sobre os limites do suporte ou em torno da plasticidade dos materiais parecem-me coisas inúteis.
Sei bem que a arte do século XX trilhou caminhos que nos trouxeram até ao futuro presente. Só que me apetece voltar atrás com frequência e regressar, não sair do lugar. Tomar atalhos, misturar as coisas. A originalidade do discurso não se me afigura uma necessidade absoluta. Citar outros, roubar-lhes ideias, copiar-lhes formas. Porque não?
Pintar com pincéis e tinta.
Há qualquer coisa que me obriga a representar figuras humanas. Procuro-as quase sempre no meio do vazio e é com elas que o tento preencher. É uma forma de me sentir humano. Como essas imagens permanecem quase secretas não sei bem se poderão causar sensações semelhantes a outras pessoas e tenho dúvidas sobre se isso interessa mais ao Menino Jesus se à vaca do presépio. Este texto já me começa a parecer quase tão inútil como um objecto de arte sem objecto.

sábado, junho 17, 2006

Sangue, Iago, sangue!

As notícias são o menos. À esmagadora maioria dos jornalistas parece interessar apenas o sangue que as suas penas possam fazer correr. Estes escrevinhadores ou repórteres televisivos (os que usam o microfone como torneira de onde jorra o sangue) são os nossos Iagos e nós, pobres Otelos, vivemos enganados, a desejar a morte a quem não devemos, com o coração dilacerado pela dúvida.

A notícia incide demasiadas vezes sobre o pormenor, o acessório sórdido, o sinal ambíguo que permite a especulação, que dirige o raciocínio ao abismo da mentira ou, pelo menos, da tão pós-moderna "inverdade". Otelo já pede sangue e Iago sente que pode oferecer ainda muito mais.

Todos sabemos que a felicidade não faz notícia, a menos que seja a de alguma celebridade rançosa que se casa ou que tem um filho ou que descobre o amor pela enésima vez no corpo de outra celebridade e vem declará-lo em letras coloridas nas capas das revistas da especialidade. Mas, mesmo nesses areópagos da vacuidade, a intriga e a maledicência são de longe preferidas. E assim vamos erguendo um zigurate tenebroso pelo qual ascendemos à nossa divindade de hoje: a Mentira, essa velha gorda e malcheirosa que habita escondida nos nossos corações e se alimenta incessantemente da crendice que os Iagos deste mundo tão laboriosamente nos oferecem embrulhada em papel perfumado.

A solução (se é que se pode chamar a isto solução!) é tornarmo-nos eremitas da comunicação social cortando relações com o mundo mediático. Escondidos nas profundezas das nossas cavernas cranianas poderemos enfim sonhar e meditar sobre um mundo ideal e vazio onde, além de nós, haja apenas uma luminosa Desdémona a quem possamos oferecer o nosso amor sem um Iago que nos atormente.

quarta-feira, junho 14, 2006

Paciência

Ter paciência deve ser uma virtude mas às vezes apetece pensar que é o pior dos defeitos.
Um dia de trabalho árduo ao ritmo da cafeína ingerida mais que a conta deixa marcas. Um tipo fica entre o excitado e o eufórico, capaz de trucidar os minutos com a eficácia de um Hércules a partir ossos de recém-nascidos. Tungas, tungas, tungas, vai tudo a eito sem hesitação nem temor!
O pior é quando, apesar de todo o esforço, da boa vontade, dos resultados apresentados, da eficácia das acções, um gajo se apercebe que tudo aquilo vale o peso de um saco meio cheio de vento, meio cheio de nada. Afinal nem a satisfação do dever cumprido limpa a cabeça porque um gajo, na voragem criativa, acaba a fazer mais que a conta e, quando dá por ela, já está metido em trabalhos extra porque há sempre uma multidão de canastrões que passam o dia a queixar-se mas, na verdade (e também na realidade) não fazem a ponta de um corno. O dever já tinha sido cumprido anteontem! No fim das contas bem feitinhas os tais madraços ainda levam os louros, são os primeiros da lista e tu... lá te diriges ao balcão e bebes outro café. Antes que a coisa esmoreça.

Paciência! Pronto, lá dás por ti com esta taralhoquice a afagar-te a testa já que a frustração espreita, prontinha para te morder o cérebro com dentinhos de piranha. Paciência? Paciência mas é o caraças!!! Apetece-te espernear, barafustar, berrar um pouco até, para compor melhor a personagem que está quase, quase, fora de si. Falas muito, esbracejas, mas estás apenas a lamentar-te e o lamento anda sempre com a cotação muito por baixo. Não vale nada. Vai outro café goela abaixo e pensas que é necessário tomar uma atitude. Olhas em volta e, finalmente percebes. Não podes vencer, tens de juntar-te a "eles". E lá vais, com uma chávena de café na mão, procurar um lugar vago na parede.
E encostas-te.

A menos que queiras ser santo e garantir um lugarzinho no céu.

domingo, junho 11, 2006

Dia de quem?

Não há nada a fazer. Sempre que se comemora o 10 de Junho as ratazanas saem da toca e vêm vomitar na sarjeta. Nestas ocasiões aparecem uns gajos de cabeça rapada a fazerem de conta que são pessoas e a provocar a boa consciência cívica. Digam o que disserem estes gajos não têm direitos democráticos iguais aos dos outros cidadãos uma vez que pura e simplesmente abominam a democracia e tudo fazem para a mutilar. A democracia não pode ser condescendente com estes energúmenos pois eles, se fossem crescidinhos, haviam de lhe deitar gasolina e fogo em cima.

Aqui há dias foi um pagode. Um destes gajos veio mostrar-se forte e feio num documentário na RTP. Arma em punho, conversa do género "Se for preciso defender a nação temos um exército organizado" e outras balelas do género. Claro que foi preso. Tal demonstração de inteligência emocional diz tudo sobre a personagem. Veio a saber~se que este tipo, um tal de Machado, está a ser julgado por suspeita de envolvimento em vários crimes de delito comum. Desde extorsão a rapto, passando por tráfico de drogas e posse ilegal de armas de fogo, as acusações são tudo menos monótonas. E diz-se este tipo perseguido pelas suas ideias políticas? Parece-me bem que não é esse o caso.

Só não percebo bem a ligação de grupos de criminosos deste calibre com as celebrações do dia de Portugal. Portugal não precisa destes tipos. Precisa de emigrantes dispostos a contribuir com o seu trabalho para o crescimento económico e social. Não precisa de meliantes comuns dispostos a cometer os mais variados tipos de crimes para poderem pagar a rapadela do cabelo e a graxa para as Doc Martens.

Honra seja feita a Rui Tavares pelo excelente texto por ele assinado ontem no Público. Caro leitor se ainda não leste, tenta fazê-lo. Vale bem a pena.

sábado, junho 10, 2006

Umbigos

Hoje vou participar num debate sobre Culturas Comunitárias, Instituições, Auto-Organização e Redes no âmbito de um seminário sobre Arte, Educação e Sociedade. Chiça, a coisa promete! Estarei presente na minha qualidade de professor e dinamizador de uma coisa que chamamos Atelier de Artes na escola onde dou aulas.
Reflectindo um pouco sobre estas questões não tardei a concluir que a principal cultura comunitária dos tempos que correm é a que passa pela televisão. Novelas, futebol, futebol e novelas. A Arte, na verdade, verdadinha, nem sequer para aqui devia ser chamada. A Arte é elitista e causa indigestões e insónias às mentes menos poderosas, habituadas à sua dietazinha de futebol e novelas, novelas e futebol (eu adoro futebol e novelas nem sequer vejo, só para que conste).
Os artistas contemporâneos discursam sem parar e na sua maioria sobre a própria arte e sobre si próprios, remetendo o discurso e as narrativas artísticas para um baú cuja fechadura é o umbigo de cada um. Podemos admirar os baús mas, para podermos dar uma olhadela ao seus conteúdos, teremos de andar a esfurancar o umbigo dos artistas o que, além de pouco higiénico, é extremamente desagradável.
Entre o mundo televisivo e a colecção de umbigos que nos oferece a Arte Contemporânea o povão escolhe rápido. Nem sequer escolhe porque não tem curiosidade pelos umbigos dos artistas plásticos. Se ainda fossem os de Cristiano Ronaldo ou de outro qualuer produto cultural comunitário...
Assim sendo lá irei para o meu debate a pensar nestas coisas e a engendrar um modo de conseguir dizê-las sem ofender nem parecer demasiado acanhado. Talvez ainda dê para ver um bocadinho de televisão antes de sair de casa enquanto dou uma olhadela à História da Arte do Gombrich, o meu Deus e a minha Bíblia. Ou vice-versa.

quinta-feira, junho 08, 2006

Bof!

Um gajo pode chegar ao fim do dia e pensar... bof! Quem dizia isto com frequência era Achille Talon, a personagem de BD. E o que significa bof? Enfado, desconfiança e nem por isso. Hoje, ontem, espero que amanhã não: bof! Bof! Bof! Tanta coisa a fazer. Tanta coisa feita e tão pouco sumo, zero em realização. Até amanhã.

quarta-feira, junho 07, 2006

(...)

Nem o sono vem nem o sonho nem nada que se pareça.
Há noites assim, parecidas com os dias só que sem o sol a iluminar os passos à consciência.
A lua deve lá estar (tem de estar).
Os aviões passam na janela, a piscar luzinhas, descendo para o outro lado do rio perante a indiferença do gigantesco Cristo plantado do lado de cá.
Muitas outras janelas iluminadas deixam imaginar pessoas como eu, debruçadas no parapeito da memória com os olhos passeando sem destino.
Apetecia-me pintar, mas até isso é mentira. Uma mentira caridosa que ofereço à preguiça que me impede de dormir.
Amanhã há um mundo inteiro de coisas por fazer. Caótico, à espera de uma ordem que, não podendo existir, teima em tentar sobreviver uma vez mais.
Assim sendo vou desligar esta trampa e tentar outra coisa qualquer. Talvez dormir. Boa noite.

terça-feira, junho 06, 2006

Querido Presidente

Chegou à minha caixa de e-mail uma petição dirigida ao Presidente da República. Pede-se a Cavaco que venha em defesa do ensino público, afirma-se mesmo que "Vossa Exª saberá certamente melhor do que ninguém como melhor agir face a esta situação e esperamos sinceramente que o faça e o quanto antes melhor." Além do tom geral da carta, que não me agrada e com o qual não posso estar de acordo, parece-me no mínimo sinal de inocência apelar a este presidente que interceda em tal matéria.
Enquanto foi 1º ministro, Cavaco foi responsável por medidas desastrosas no campo da educação. Basta lembrar quando colocou no ministério da educação a agora tão admirada Manuela Ferreira Leite. Comparada com ela a actual ministra é uma mera bonequinha de porcelana.
Não me parece possível que a simples eleição para o cargo que agora ocupa transforme Cavaco em santo padroeiro, uma espécie de Nun'Álvares Pereira de pau carunchoso. Cavaco é Cavaco, nem mais nem menos. Apelar para ele não adianta nada. Aliás nada garante que o cargo actual o leve a ler jornais, coisa que nunca havia feito, a acreditar no que ele próprio afirmava em tempos que já lá vão mas que a memória não apagou. Mas lá terá quem os leia por ele e lhe faça resumos de modo a que consiga compreender o essencial das questões menos complexas. Mesmo assim não vejo como se possa sensibilizar neste capítulo.
por estas e por outras não assinei a tal petição o que não me impede de deixar o link respectivo
http://www.petitiononline.com/piprep/petition.html .
A mensagem acaba com um texto merdoso que anda por aí a infectar a paz de espírito de muito boa gente com um vírus malandro. O autor é certamente um tótó com a mania que tem piada mas que só consegue ser incoveniente de tão grosseiro. O grave será não se aperceber da vulgaridade tremenda das alarvidades que profere. Como não sou uma professora não me parece que seja particularmente ofensivo, apenas grosseiro e estúpido quanto baste.
Estão a dar-lhe demasiada atenção e ele, como estúpido encartado que é, deve estar a pensar que, afinal, até é um gajo do caraças.
Manias.
Sempre gostaria de ser uma mosca para esvoaçar no gabinete do querido presidente no momento em que ele leia o tal texto. Mera curiosidade... mera curiosidade.

domingo, junho 04, 2006

Não dou pra este peditório

A esta hora deve estar a passar no canal 2 da RTP uma entrevista com esta senhora. Como sou professor deveria estar interssado na coisa mas, afinal e de facto, não estou. Nem tão pouco li a versão em papel de jornal que saiu hoje no Público.
Não me seduzem discursos populistas de governantes com mais certezas que dúvidas na hora de atirar a matar. Não me interessam conversas feitas sem margem para surpresas. Não tenho pachorra para a senhora.
O meu objectivo, enquanto professor, é cumprir com profissionalismo as minhas funções. Apesar da ministra. Como dizia a canção de José Mário Branco: "Qual é a tua, ó meu? Neste peditório o pessoal já deu!" Neste caso é só substituir "meu" por "minha". Perde-se a rima mas fica o recado. Estou farto da "minha" ministra.

sábado, junho 03, 2006

Arte

A questão é: "Para que serve a arte?"
Nestes tempos com pós de modernidade a resposta não entusiasma ninguém. Está entretida por discursos crípticos que nem aqueles que os produzem parecem compreender. O que são as modernas instalações conceptuais comparadas com as pinturas rupestres conhecidas? Eu respondo; são uma merda.
(complemento)
Mas se comparadas umas com as outras, as ditas instalações e outras manifestações artísticas contemporâneas, já são outra coisa.

Se a pós-modernidade relativiza tudo, então também no campo da arte acaba por encontrar justificação para certas realizações menos... ortodoxas, por assim dizer.
Resumindo, se compararmos um monte de merda com outro monte de merda poderemos estabelecer parâmetros de avaliação que os tornem menos merdosos do que poderiam parecer à primeira vista.
É uma questão de perspectiva.

Por nada

O tempo de olhar para trás nunca mais acabava. Assim, da janela para baixo, o mundo até poderia estar de pernas para o ar. Mas tenho a impressão de que não estava e que ainda se encontra mais ou menos da mesma maneira. Sujo, pequenino e lá em baixo na rua. Nem mais nem menos.

O vizinho lá estaria, a morrer, como sempre, com aquele olhar de quem está farto da vida e tem saudades do cabelo. Já deixara de chatear. Parecia que tinha perdido a força de se intrometer nos minutos menos interessantes e nos outros todos, a importunar os momentos de intimidade sem pedir licença. Como se fosse dono do tempo e o obrigasse a ser sempre tempo de olhar para trás. E era por isso que nunca mais acabava. Mas agora talvez isso já fosse passado, não me lembrava bem.

Talvez o tempo resolvesse andar e ir dali para fora, para a frente, que é o sentido que imaginamos que o tempo usa nas suas deslocações. Dantes o tempo andava mais às voltas, nos mostradores dos relógios, como um cão estúpido a tentar morder a cauda. Ou talvez fosse alguma pulga maldita. E rodava, rodava, rodava, dando aquela sensação de que as coisas recomeçavam continuamente, sem nunca se cansarem de ser coisas que é algo complicado porque uma coisa, para ser coisa, é porque ainda não tem um nome que lhe dê um lugar no mundo.

O tempo novo, digital, brilhante e despachado, um pouco frenético, reconheço, desloca-se na vertigem dos dígitos. Então se o mostrador for daqueles que marcam os milésimos de segundo, um gajo até pode perder o tino a olhar para ele. Imaginar que está a envelhecer aquela velocidade não deve dar saúde a ninguém a menos que se tenha vontade de morrer e não haja coragem de trocar o relógio por uma pistola encostada ao céu da boca. A táctica que eu gostava de ter ensinado ao meu avô consiste em desviar o olhar e fazer com que o tempo fique suspenso. Esquecendo o relógio o tempo é capaz de se descontrolar.

A suspensão da acção é uma arte imensa. A arte consiste na capacidade de utilizar essa suspensão no momento certo (ou no momento errado, acho que tanto faz) acreditando que conseguimos realizar algo no momento imediatamente anterior à suspensão do gesto, da acção, do pensamento, seja lá o que for que estejamos a utilizar. A arte é isso mesmo. Suspensão. Depois o objecto que criamos fica para ali, suspenso, fora do tempo, à espera de uma presa que será o observador.

A arte é como um bicho de atalaia. E o tempo, com a arte, não brinca. Penso que seja por não poder. Porque o tempo é como meu vizinho. Intromete-se, atrapalha o descanso, faz da nossa intimidade algo que pretende tirar-nos. Não é que queira fazer nada com o que nos tira. É só para chatear. Porque isso de ser tempo, eterno, a andar em circunferência ou aos pinotes de dígito para dígito, também deve ser uma seca das antigas!