É certo que o regime russo pós-soviético nunca se caracterizou por respeitar os direitos humanos ou mesmo o regime democrático, tal como é promovido no espaço da União Europeia. A guerra permanente na Tchetchénia ou as pressões contínuas sobre os países que formaram o antigo império comunista, a violência exercida pelo estado russo sobre os opositores políticos, a forma como a Rússia encara o seu próprio papel no mundo actual, são sinais contínuos que provocam inquietação do "lado de cá".
Quando Putin vem agora ameaçar a Europa com a possibilidade de voltar a apontar mísseis a alvos no espaço da União como resposta à intenção dos Estados Unidos virem a montar o seu célebre escudo anti-míssil em solo "aliado" marca o regresso da velhota Guerra Fria, uma senhora que já estava esquecida e regressa do túmulo, qual múmia animada por artes de magia negra. Ou Putin está a fazer bluff ou a brincar com o fogo, fiando-se na nossa tradicional moleza e incapacidade para tomar decisões militares de força. Do mesmo modo, os americanos que afirmam pretender defender a Europa de possíveis ataques lançados a partir dos "estados párias", Coreia do Sul e Irão que constituem o celebérrimo "Eixo do Mal", ignorando as dores de cabeça que tal intenção provoca no actual Czar, estão também a atirar umas quantas achas prá fogueira. O urso rosna e afia as garras.
Será necessário colocar o discurso a este nível? É de todo inevitável voltar a agitar estes fantasmas sobre as cabeças das democracias capitalistas da União? Não haverá um espaço de debate e diálogo onde as coisas possam passar-se de um modo um pouco mais... civilizado?
Talvez fosse hora de organizar um novo encontro entre Bush e Putin em que vestissem outra vez os fatinhos de feiticeiro e assistissem lado a lado à projecção do filme de Walt Disney, Fantasia. Podiam vê-lo todo, se tivessem tempo e capacidade de concentração suficiente, mas, muito particularmente, deveriam ver com atenção aquela parte em que o Rato Mickey (um dos heróis de Bush, só pode!) se arma em feiticeiro e a coisa acaba a dar para o torto quando as vassouras lhe fogem do controlo e quase destroem o castelo onde ele se encontra. Dramático!
No escurinho do cinema, Putin e Bush, pipocas, coca-cola e vodka e talvez a paz pudesse ganhar alguns pontos ao desvario militarista destes gajos.
Mostrem-lhes uns bons filmes infantis, caraças, é o que lhes está a faltar; uma infância mais ou menos feliz e informada. Talvez ainda vá a tempo.
2 comentários:
Ótima e oportuna postagem.
Putin é agressivo e quase mete medo! Ao pé dele o Bush faz figura de personagem de história infantil.
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