14.06.2007 - 15h57 Lusa
O Sindicato de Professores da Zona Centro (SPZCentro) anunciou hoje que vai processar o Estado "por atentado à dignidade humana", por ter obrigado a voltar ao serviço uma professora com leucemia, que veio depois a morrer.
etc., etc., etc...
Este episódio lamentável mostra com crueldade a forma como somos olhados pelo Estado. Somos números, peças da máquina, equipamento, somos tudo excepto, ao que parece, seres humanos.
É assustador que um governo apoiado numa maioria absoluta de deputados eleitos nas listas de um partido que se diz socialista permita que acontecimentos desta natureza sejam parte da realidade.
É triste constatar que, cada vez mais, precisamos de olhar o Estado como uma espécie de inimigo a combater por todos os meios ao nosso alcance uma vez que ele (o Estado) não hesita em atentar contra a vida dos mais fragilizados dos nossos.
É aviltante que um serviço estatal obrigue uma pessoa como Manuela Estanqueiro a regressar ao trabalho quando se encontrava num estado de saúde extremamente debilitado para que não perdesse direito ao ordenado. Pensava eu que a nossa sociedade se rege por princípios de solidariedade indiscutíveis. Vejo agora que estava enganado.
É justo que o Estado seja condenado por este atentado aos mais fundamentais direitos de uma cidadã que deveria proteger mas acabou por privar de sossego nos últimos dias de vida. Estou para ver qual será o desfecho desta horrenda situação.
É estranha a pouca visibilidade mediática de tão gritante injustiça.
É revoltante que o Ministério da Educação, sempre tão lesto quando se trata de armar em justiceiro solitário nos ataques continuados e persistentes contra a classe docente, se cale e não comente esta vergonha desastrosa. Compreendo que não saibam o que dizer mas, ao menos, poderiam lamentar o sucedido e enviar condolências à família enlutada. Se o fizerem amanhã já não irão a tempo. Nada apagará mais esta nódoa nojenta vinda de um conjunto de políticos sem carácter nem um pingo de coragem.
Que vergonha.
Que raiva!
2 comentários:
incompreensível!
:(
(vergonha, de facto...)
abraço
Dizia Sócrates na campanha eleitoral que "os portugueses não são números"... são lá agora!
Abraço também para ti.
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