domingo, junho 03, 2007

O Grande Não-Há-de-Ser-Nada


Afinal era tudo uma espécie de mentira! O Grande Dador não passava de uma estranha e pouco usual manobra mediática para atrair as atenções na direcção dos problemas provocados pela escassez de doações de órgãos para transplante que afligem doentes e médicos, por essa Europa fora e, imagino, no resto do mundo onde se tentam resolver certos problemas recorrendo mais à medicina do que à magia tradicional.

Pessoalmente confesso-me surpreendido. Acreditei que tudo aquilo era verdade e que havia produtores de TV suficientemente macacos para apostarem num programa tão selvagem. Mas não. É tudo boa gente e a Holanda recupera um pouco do brilho que esmorecia nos nossos imaginários.

Pelos vistos não fui só eu a acreditar nesta "brincadeira" (a doente terminal era uma actriz contratada mas os doentes a precisarem do rim continuam a sê-lo, mesmo) e há por aí muito boa gente visivelmente irritada. Não sei se por se ter deixado enganar se por encontrar em tão esquisito método promocional traços de ilegalidade ou contorcionismo das boas normas de funcionamento da sociedade de consumo capitalista. Seja como for, toda a situação se enquadra num inopinado quadro legal. A ver vamos qual o desenlace de toda esta história que, apesar de tudo, me continua a parecer de bastante mau gosto. Mas, enfim, o mau gosto tornou-se um modo de vida e é produzido em quantidades industriais, todos os dias e nas mais variadas formas.

Não há-de ser nada.

2 comentários:

Lord Broken Pottery disse...

Silvares,
Há de ser muito, sim. Já tinha comentado sobre o mau gosto. Parece-me agora que ele é duplo.
Grande abraço

Silvares disse...

Realmente, esta história é mesmo estranha. No entanto a produção do programa recebeu centenas de telefonemas de pessoas fazendo perguntas sobre doação de órgãos. E se este mau gosto contribuisse para aumentar as doações de órgãos? Não deixaria de ser um péssimo método mas os resultados poderiam ser considerados bons... deve ser a cenas deste tipo que se referem quando dizem que "Deus escreve direito por linhas tortas". Linhas em zigue-zague, neste caso particular.