segunda-feira, maio 28, 2007

Piratas

Sparrow, Barbossa, um pirata de Singapura e uma mão-cheia de piratas mais sujos que uma fralda de bébé, em cima, o Capitão Blood e uma série de piratas um pouco mais limpinhos, em baixo.

Depois de uns quantos posts sobre diversas formas de pirataria social capazes de incomodar o sono ao mais pacato dos cidadãos eis, finalmente, uma referência a algo menos pesado e um pouco mais fantástico.
O 3º filme da série de "Os Piratas das Caraíbas" estreou e leva-nos de volta ao mundo encantado do Capitão Jack Sparrow e compinchas. Sendo um filme que fecha um ciclo, recupera e conclui uma série de peripécias desenvolvidas nos anteriores. O argumento ata e desata nós entre as diversas personagens dando-lhes um destino, como seria de esperar. As opiniões poderão ser mais ou menos entusiastas mas, na minha óptica, o filme confirma a excelência da personagem criada por Johnny Depp, sem a qual não haveria sucesso garantido. As restantes personagens são mais ou menos eficazes (o Capitão Barbossa de Geofrey Rush é também um "boneco" bem construído) e os efeitos especiais simplesmente deslumbrantes.
Querer comparar esta série com os filmes de aventuras dos anos 50 com Errol Flinn a protagonizar piratas estereotipados (como faz um crítico do Público) não me parece um exercício particularmente interessante. Os meios de produção e o público a que se dirige "Os Piratas das Caraíbas" configuram uma realidade tão diferente de, por exemplo, "O Capitão Blood", que compará-los é o mesmo que comparar umaparelho de televisão dos anos 50 com um écran de plasma do século XXI. Têm a mesma função mas as performances são tão distintas que parecem pertencer a planetas diferentes. Não fazendo juízos de valor, facilmente percebemos como são diferentes e impossíveis de comparar tanto nos objectivos a alcançar como nos resultados obtidos. Entre os filmes de corsários de Hollywood de épocas passadas não encontro, assim de repente, nenhum que possa ser considerado intemporal ao ponto de o virmos agora colocar lado a lado com a série protagonizada por Depp sem corrermos o risco de querermos confundir gato com lebre (sem desprimor para o gato nem querendo sobrevalorizar a dita lebre).
Seja como fôr, este "At World's End" vive menos à custa da figura de Jack Sparrow, distribuindo protagonismo pelas demais personagens de acordo com as necessidades narrativas criadas ao longo dos dois filmes anteriores e fechando sucessivamente as histórias particulares de cada uma delas (e são muitas).
No entanto o filme termina com a vedeta máxima da saga partindo em direcção a mais uma possível aventura. Fica no ar a sensação de que a coisa não acaba aqui e parece haver também a intenção de recentrar a narrativa de futuras aventuras no pirata efeminado que fez o sucesso da actual série.
Podemos então esperar por mais pirataria sem escrúpulos, umas vezes cómica, outras até que nem por isso. Nos écrans de cinema e, talvez até mais e com maior intensidade dramática, na vida real. Coisas de piratas!


3 comentários:

Anónimo disse...

Já havia lido uma crítica muito negativa. A sua é até convidativa. Gosto muito da forma que abordas a sétima arte!Com respeito e compreensão dos diversos angulos que envolve uma produção milionária e com objetivo comercial. Parabéns!

Silvares disse...

Sabe Eduardo, quando andei na Escola de Belas-Artes tive professores tão injustos e mal intencionados nas críticas que faziam ao meu trabalho e ao dos meus colegas que aprendi a olhar os objectos de, pelos menos, dois ângulos: quem fez e quem não gosta por obrigação profissional. Depois há os outros, que tanto podem gostar como não. Penso que, na maior parte dos casos, não devemos tentar influenciar as opções.

Lord Broken Pottery disse...

Silvares,
Concordo com o Eduardo com relação à crítica que fazes. Os críticos profissionais, pelo menos os que leio por aqui, muitas vezes nos confundem. É comum julgarem gêneros e não obras. Há um que, por exemplo, sembre fala mal das comédias românticas. É para ele um estilo de filme que, por definição, carece de qualidade. Prefiro a análise direta, feita filme por filme, com a mente aberta. Sem preconceitos. Exatamente como o que aparece no seu texto.
Abração