A notícia é estranha. O Sr. Matsuoka ter-se-á enforcado de pijama vestido com a trela de passear o cão no apartamento onde vivia. Envolvido em questões menos claras relacionadas com contabilidades duvidosas, Matsuoka não quis continuar a contribuir para a degradação da imagem do governo que integrava e resolveu pôr fim à vida. É uma coisa cruel e parece demasiado brutal, vista deste lado do planeta.
O sentido de honra dos japoneses está a anos-luz do sentido de honra dos portugueses. Basta ver a forma angustiante como, entre nós, certos detentores de cargos públicos se agarram aos lugares que ocupam, berrando aos sete ventos a sua inocência mesmo depois de estar à vista de todos que foram, no mínimo, habilidosos na forma como retorceram a lei e as regras em proveito próprio. Claro que não esperava que, por exemplo, Fátima Felgueiras se pendurasse pelo pescoço mas dói ver a forma como agora tenta iludir a Justiça com truques de prestigiditação em pleno Tribunal. Temos de continuar a aturar a gritaria do Major sempre que lhe colocam uma questão menos pacífica etc., etc., uma colecção extensa de cromos pouco recomendáveis que terão atropelado a Lei em nome dos superiores da população que dizem servir. A Lei é, entre nós, demasiadas vezes encarada como um empecilho que urge contornar. E contorna-se.
Matsuoka merece respeito? Assim, à primeira vista, sou tentado a dizer que sim. Afinal prescindiu do seu bem mais precioso em nome de um sentido de honra que talvez tenha chegado tarde, após ter cometido as alegadas irregularidades, mas quando chegou foi com tal força que o ministro japonês nem sequer teve tempo de vestir fato e gravata para se pendurar pelo pescoço e ir ao encontro dos seus antepassados. Com a cabeça baixa de vergonha, está bom de ver.
3 comentários:
ainda temos as mais altas taxas de suicidio da Europa (mundo??). Não é bem pelo sentido de honra, mas por uma depressão crónica. Ao menos isso podia acontecer à nossa classe politica.. uma depressão daquelas que os levassem a atidues drásticas... mas honrosas. Suicidem-se com a gravata, que sempre fica melhor nas fotos. E quem é que levou o cão à rua no passeio da tarde?
Honra e vergonha, para um japones tem conotação completamente diversa da ocidental.Infezmente para nós!
Caro anónimo(a) não há notícia sobre quem levou o cão à rua. Temo que tenha mijado na perna da escrivaninha e, espero, tenha ficado por aí (cão japonês também deve ser diferente pelo que não terá cagado na alcatifa). Quanto ao siucídio com a gravata não vejo que faça uma face cadavérica mais agradável. Os olhos saltam das órbitas e as veias do pescoço incham, sei lá, um tipo deve ficar mesmo com má cara.
Eduardo, não se felizmente ou infelizmente, na parte que me toca gosto de imaginar que sou honrado... à maneira ocidental! Mas que o mundo muda muito conforme o sítio em que vivemos, lá isso muda. O que nos leva a reflectir sobre essa história da Globalização... mas isso é outra história!
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