sexta-feira, maio 25, 2007

Em jeito de futebol


O secretário de estado da administração pública João Figueiredo anuncia o congelamento das carreiras até 2009 e, quatro horas depois, vem explicar que afinal é só até 2008. Tudo isto com a mesma cara, o mesmo fato, a mesma gravata e o mesmo par de óculos. Não consta que se tenha rido ou atrapalhado. Mais uma imagem de rigor e competência do nosso executivo. Com governantes assim podemos todos dormir descansados.


Reviravolta em quatro horas
Governo recua e abre a porta à existência de progressões na função pública já em 2008


Se dúvidas houvesse quanto aos métodos e processos do actual governo, esta rábula dos "congelados" poria tudo em pratos limpos. Mas não é preciso ser analista político para ver como o executivo funciona de forma intempestiva, atirando primeiro e medindo a consequência do tiro depois, ao analisar o corpo da vítima estendido no chão e hirto como carapau de corrida.

Em linguagem futebolística poderemos classificar os nossos ministros e os seus fiéis secretários de estado como "repentistas". Em geral têm pouca técnica e não estiveram atentos à prelecção do Mister quando este explicou a táctica no balneário. Uma vez chegados ao terreno de jogo, com as luzes a brilhar e as objectivas dos repórteres fotográficos a olhá-los de perto eles perdem-se e aí vai disto!

Depois, ao regressarem arfantes e ruborizados pelo esforço e a sensação do dever cumprido, o treinador chama-os à parte e dá-lhes uma descasca valente. Então era aquilo que lhes tinham dito para fazerem? Isto agora é de improviso? Desde quando é que as regras são para serem cumpridas? Só se o árbitro estiver a olhar e, mesmo assim, um gajo pode sempre enganá-lo! O que é verdade na primeira parte do jogo não o volta a ser, obrigatoriamente, ao longo da segunda. Há sempre a possibilidade de fazer teatro, mascarar devidamente a mentira para que passe por verdade verdadeira e por aí adiante.

Regressados ao terreno de jogo até parecem outros e a interpretação da táctica transfigura-se por completo. Na bancada há quem ache tudo aquilo uma valente palhaçada. Mas há também espectadores que compreendem.
Afinal somos todos humanos. Não passamos de animais!

3 comentários:

Unknown disse...

era para comentar o post abaixo, mas entretanto surgiu este, actualizado.
Além do açucar ou adoçante, na corrida aos 'excelentes', temos agora os queixinhas.
e como tens passado aí no deserto?
;-D

Lord Broken Pottery disse...

Silvares,
Apenas para prestar minha solidariedade.
Abraços

Silvares disse...

Maravilhas inesperadas do sistema democrático! Aqui no deserto há milhares de pessoas. É um deserto muito estranho.
:-)

Obrigado Lord. Não sei como é no Brasil mas imagino que os professores sejam também funcionários públicos, como em Portugal. Este Governo, que é do Partido Socialista, tem-nos tratado muito mal. Imagino quando voltar um governo de direita!