Jeff Koons está, mais uma vez, a provocar uma cena de ciúmes entre os que acreditam que a arte é uma coisa meio morta e os que defendem que a arte está em permanente evolução, não havendo um corte obrigatório entre o que a arte foi e aquilo que é.
A exposição de trabalhos de Koons no Palácio de Versalhes pôs em total "desafinanço" muitas vozes defensoras de uma suposta pureza das formas artísticas que deveriam ser poupadas a contágios perigosos com a contemporaneidade (ver vídeo no Youtube). Mas a exposição lá está, os trabalhos de Koons infectando o ambiente barroco engravatado de classicismo, característico da arquitectura sumptuosa e glorificadora do monarca absoluto que arquitectos franceses criaram para Luís XIV, inspirados em obras italianas.
O próprio palácio é uma forma arquitectónica que resulta dessa técnica infecciosa, de estilos que se interpenetram para originar algo inovador (ou, pelo menos, diferente), algo que vai buscar uma forma aqui, outra ali, resultando, neste caso, numa monstruosa exibição de ambição e poder de um rei que pretendia comparar-se com o Sol. Versalhes está longe de ser um exemplo de pureza formal.
O luxo faraónico (a adoração do Sol pelos antigos egípcios terá algo a ver com a ambição de Luís em ser considerado "irmão" de Ra?) dos interiores do palácio, a mistura infindável de materiais, formas, volumes, texturas, ambientes e mais que se possa imaginar, fazem de Versalhes um gigantesco objecto "kitsch". Daí que me pareça perfeitamente adequada a escolha de Koons, proclamado actualmente como o "rei do kitsch", para expor ali as suas obras.
As vozes dissonantes e as manifestações públicas de desagrado e desacordo com a exposição estão ao mesmo nível de ignorância que, por exemplo, as manifestações de fundamentalistas islâmicos quando foram publicados na Dinamarca os tristemente célebres cartoons com Maomé como protagonista.
Mais uma vez se faz muito barulho por nada. Koons não é tão iconoclasta que desmereça o Palácio de Versalhes. Afinal este está à altura do mau gosto do artista norte americano. Na minha opinião estamos perante um casamento perfeito. Mais perfeito ainda do que aquele que Koons contraiu com Cicciolina. Mas essa é já outra história...
8 comentários:
Concordo que se merecem!
Experimente dar "um passeio" pelo site de Mister Koons clicando no 1º link deste post. Acho que vale a pena gastar algum tempo vendo imagens dos trabalhos deste mestre da arte contemporânea.
Amanhã, dia 15, inicia-se o "tal" leilão de obras de Damien Hirst. A seguir atentamente.
Rui; estamos de acordo...o JEFF está no seu Habitat natural...
Rei di mau gosto, o que é bastante ciscutível nos dias que correm...
rsrsrsrs...
emenda: "Rei do Mau Gosto, o que é bastante discutível..."
troco os dedos todos.
muita rapidez...
:-)))
Dissestes tudo...mestre da arte contemporãnea...e seu "casamento" com Versalhes..."perfeito" quase tão bom quanto o com Cicciolina....
Já tive oportunidade de defender a mesma ideia:
kitch+kitch não há
Jo-zei, o mau gosto é discutível, claro. Muito discutível...
Ví, o bom do Jeff tem queda para as cenas de grande espectáculo!
[a], fica qualquer coisa próxima do Kitsch ao quadrado ou duplo kitsch. Seja como for, demasiado kitsch!
amo essa contemporaneidade q infecta!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!ahahahhahahaha........bravo!
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