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É um pouco estranho quando morre um ícone do cinema. Ainda ontem milhões de pessoas o terão visto em diferentes filmes e em diferentes situações. Em casa, num cinema de reprise, com 30 anos, 50, 60, um Paul Newman representando várias idades da existência humana, numa aparente indeferença para com o passar do tempo. Agora está morto. No mundo real está morto. No mundo virtual permanece jovem ou nem por isso. Mas permanece.
Seguem-se os habituais exageros post-mortem. Toda a gente vai descobrir como ele sempre foi adorável, admirável, extraordinário, um actor fora-de-série. Vai haver rios de gente a considerar uma injustiça ter recebido um único Oscar em tão longa carreira. Vai haver montanhas de gente a recordar episódios em que o velho Paul protagonizou alguma situação picaresca. A morte santifica-nos a quase todos. Um mar de gente nos ama depois de morrermos.
Newman (Homem Novo) era uma figura carismática. Nem o envelhecimento lhe retirou aquele aspecto digno e galante que foi a sua imagem de marca. Um tipo duro, com um queixo perfeito para enfiar um par de sopapos e uma boca rasgada, óptima para sorrisos enigmáticos, trocistas de preferência. O olhar não deixou de ser azul mas a doença retirou-lhe fulgor. É estranho como a vida tantas vezes se apaga no olhar das pessoas.
Descansa em paz, Homem Novo, se é que a morte traz algum descanso.
11 comentários:
Rest in Peace.
PAUL NEWMAN is dead---83.
Acho que o olhar se apaga conforme a idade avança...não necessáriamente por uma doença ...alguma coisa vai morrendo aos poucos... e os olhos não enganam nunca !
Naõ se fazem mais como ele...O bom é saber que para nós os apaixonados por cinema...não morrerá nunca.
Quanto a Mamma Mia...eu previa,voce nao é público para ele...mas...te asseguro, a alegria nele contida é para todos.
Bj
A morte "santifica"?
Tem pessoas que não morrem, vão embora... este é um.
Roserouge, amen.
Jo-Zéi, that's it.
Ví, há algumas pessoas (talvez raras) nas quais o olhar se mantém luminoso apesar das rugas. E depois é como o Beto diz no comentário dele "há pessoas que não morrem, vão embora". De vez em quando fazem-nos visita.
Quanto ao "Mamma Mia", acredito em tudo o que você diz.
Célia, não há santos em vida, só depois da morte. É uma questão de segurança, acho eu. Um santo vivo é um perigo para a ordem pública!
Beto, concordo plenamente.
Eu creio que pessoas que mantém sua "vida" fora da morte, atores, artistas de todos os tipos, escritores etc, snunca terão descanso. É como se os evocassem (vixa essa palavra tá certa?) cada vez que chamassem sua memória de volta... algo deles ficam, e para quem busca vida eterna isso é o que há... para quem quer largar mão, já não...
entrou directamente na "sala" dos Mitos.
ETERNIDADE ???
*_*
É sempre bom a redenção depois da morte. É a maneira que encontramos de apagar os defeitos que, afinal, todos temos.
Silvares, espreita lá o Absolutely. Para quem aprendeu há umas duas horas atrás até já fiz umas gracinhas.
Alice, há uma frase que diz que "há vidas que a morte não apaga", esse é um caso assim.
MUMIA, a eternidade que durar a humanidade ou, pelo menos, a memória desta época.
Jorge, podes crer. "Everybody loves you when you're dead", como diz o tema dos Sranglers.
Roserouge, e como se vai até ao Absolutely?
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