Tenho a convicção de que o Cristianismo na sua vertente católica chegou ao que é hoje, precisamente graças ao trabalho de gerações sucessivas de artistas que se encarregaram de tornar visível a Palavra dos evangelhos através da pintura mural, da escultura e da ilustração de manuscritos. As primeiras de carácter mais popular e universalista, a ilustração orientada para um público mais exigente e erudito.
Aliada ao poder encantatório do espaço arquitectónico das basílicas e das catedrais, a Palavra tonitruante dos pregadores dos primórdios da igreja, tornou visível os fundamentos da Fé, deu uma forma tangível ao Paraíso, inventou o Inferno e retratou com igual pormenor Deus e o Diabo.
É difícil para nós imaginar o poder avassalador que uma igreja teria sobre as populações escravizadas da Europa Medieval. À miséria das cabanas contrapunha o fausto do edifício em pedra. À ausência de imagens no quotidiano oferecia todo um mundo visual complexo e magnífico, narrando com clareza e eficácia os episódios mais oportunos para a evangelização das hordas de analfabetos que a ela acorriam na esperança de vislumbrarem uma luz que lhes justificasse a existência.
A igreja católica é, assim, um caso de sucesso de campanha mediática. Enquanto foi a única instituição com capacidade para encomendar e promover a criação artística, esta igreja dominou por completo o mundo Ocidental.
Com o século XX assistimos ao declínio definitivo desse monopólio. Ao triunfo da sociedade da informação corresponde a perda de influência da igreja católica sobre as orientações de vida e principais aspirações das populações europeias. O centro comercial substitui a catedral nos Domingos das famílias. A missa já não encanta os jovens que preferem um palco com estrelas Pop a um altar com a imagem de Cristo, que entoam em coro cânticos profanos com muita mais naturalidade que cânticos litúrgicos. A divindade toma a forma mais prosaica do dinheiro e das coisas que ele permite obter.
Não será fácil para a igreja romana retomar um papel determinante no mundo das imagens. Digamos que lhe está reservado um “nicho de mercado” neste campo, nada mais. É que, tal como os actuais Taliban, também a igreja, nos seus primórdios, revelou “uma tendência satânica para o irreparável” ao promover a destruição e mutilação de tantas obras de arte “pagãs” e mesmo de inspiração evangélica.
E, como diz o povo, “O que torto nasce, tarde ou nunca se endireita”.
Aliada ao poder encantatório do espaço arquitectónico das basílicas e das catedrais, a Palavra tonitruante dos pregadores dos primórdios da igreja, tornou visível os fundamentos da Fé, deu uma forma tangível ao Paraíso, inventou o Inferno e retratou com igual pormenor Deus e o Diabo.
É difícil para nós imaginar o poder avassalador que uma igreja teria sobre as populações escravizadas da Europa Medieval. À miséria das cabanas contrapunha o fausto do edifício em pedra. À ausência de imagens no quotidiano oferecia todo um mundo visual complexo e magnífico, narrando com clareza e eficácia os episódios mais oportunos para a evangelização das hordas de analfabetos que a ela acorriam na esperança de vislumbrarem uma luz que lhes justificasse a existência.
A igreja católica é, assim, um caso de sucesso de campanha mediática. Enquanto foi a única instituição com capacidade para encomendar e promover a criação artística, esta igreja dominou por completo o mundo Ocidental.
Com o século XX assistimos ao declínio definitivo desse monopólio. Ao triunfo da sociedade da informação corresponde a perda de influência da igreja católica sobre as orientações de vida e principais aspirações das populações europeias. O centro comercial substitui a catedral nos Domingos das famílias. A missa já não encanta os jovens que preferem um palco com estrelas Pop a um altar com a imagem de Cristo, que entoam em coro cânticos profanos com muita mais naturalidade que cânticos litúrgicos. A divindade toma a forma mais prosaica do dinheiro e das coisas que ele permite obter.
Não será fácil para a igreja romana retomar um papel determinante no mundo das imagens. Digamos que lhe está reservado um “nicho de mercado” neste campo, nada mais. É que, tal como os actuais Taliban, também a igreja, nos seus primórdios, revelou “uma tendência satânica para o irreparável” ao promover a destruição e mutilação de tantas obras de arte “pagãs” e mesmo de inspiração evangélica.
E, como diz o povo, “O que torto nasce, tarde ou nunca se endireita”.
Texto de 2001 retirado de carta ao Director do jornal Público
6 comentários:
Muito lógica e bem apanhada a linha de raciocínio.
Gostei.
Estou a tentar recuperar textos e temas que me proporcionaram momentos de reflexão sobre a arte e as histórias que contamos a partir da sua observação. Sexta-feira é dia de sessão pública e esses temas poderão ressurgir...
Ótimo! Estou gostando.Sempre atuais!
Gostava mais das missas se fossem como as Rave Partys, com Ecstasy e tudo.
Veja isto Silvares:
"Toda humanidade está perdoada, mas o Senhor deve morrer.
Esta é a implicação revolucionária do epílogo que, 2 mil anos atrás, um grupo de escritores judeus radicais juntou às Sagradas Escrituras de sua religião.
Por causa disso, milhões de pessoas no Ocidente, hoje, oram diante da imagem de uma divindade executada como um criminoso, e - não menos importante- outras milhões,que nunca rezaram por quem quer que fosse, carregam no interior de seu DNA cultural uma desconfiança derivada da religião de que, algum dia, de alguma forma, 'os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos'(Mateus 20:16)." - Trecho extraído do livro de JACK MILES, CRISTO Uma crise na vida de Deus (em Português, edit. Companhia das Letra)
A propósito coloquei uma crônica sobre essas coisas em CRÔNICAS.
olá Silvares
V. tem toda a razão a igreja católica é um palco pop e bem satânica e sacana. Por longos tempos vem mostrando imagens de deuses fracos e enganadores.
ignorância em cima de ignorânica,só obras satânicas é o que ela abriga hoje, mentiras, enganações,cobiça,avareza e luxúria.
Ter fé em Deus é outra coisa muito diferente.Igreja Católica é lixo.
V. tem razão.
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