quinta-feira, janeiro 31, 2008

Rauschenberg em Serralves




É uma mostra cruel. O visitante desprevenido encontrará decerto muitas razões para maldizer a hora em que decidiu meter a testa a caminho do Museu de Serralves. A exposição ROBERT RAUSCHENBERG: Em viagem 70-76 (http://www.serralves.pt/actividades/detalhes.php?id=1008) é pouco fácil de engolir e, no entanto, com um pouco de sorte, pode transformar-se num requintado pitéu. Foi o que acabou por acontecer comigo, personagem normalmente avessa a expressões artísticas mais conceptuais e menos habilidosas sob o ponto de vista do manuseamento dos materiais, dei por mim a criar uma estranha empatia com o universo criativo do amigo Bob Rauchas.

Os objectos expostos, na sua maioria, encerram mundos plenos de significados e, graças à magia da re-equação e da re-utilização, ali surgem no digníssimo espaço museológico daquele edifício de Serralves. Dei por mim a olhar para um cartão exposto na parede a recordar pinturas românticas e, perante a sua aparente nudez, a cor amarelenta dos anos passados, os cortes, os pedaços de fita-cola, as indicações impressas, a encontrar significados e narrativas que estranhamente se formavam no meu cérebro, ali assim, sem aviso nem razão que pudesse ter previsto. Houve um quase fenómeno de Revelação. Faltou pouco para tanto.


Outros momentos houve em que estabeleci contacto. Por uma vez senti claramente a pedra-de-toque conceptual em que o objecto e o espectador completam a obra do artista, mero mestre de cerimónias, encarregue de nos apresentar um ao outro. Valeu a pena. Gostei.

2 comentários:

Anónimo disse...

O sr. Rauschemberg foi ao lixo apanhou uns cartões e depois montou uns puzzles muito lindos.
Até aí parece que ninguém se tinha lembrado de ideia tão Genial.
Na Esbal a coisa resultava de certeza.

Silvares disse...

Resultava num chumbo redondo como uma bola de râguebi!