Uma das coisas boas de viver em Almada é poder admirar Lisboa sem necessidade de lá entrar. Principalmente à noite é uma vista bonita. Da janela da minha sala vejo o Cristo Rei e os aviões que se fazem à pista do aeroporto da Portela a passarem-lhe sobre a cabeça, uns após outros, ininterruptamente. Sinto a capital a pulsar do outro lado do rio. Quando lá vou tenho sempre uma qualquer razão objectiva. Raramente me desloco a Lisboa apenas para passear mas isso também acontece.
Hoje foi o culminar do processo das eleições intercalares para a presidência do município alfacinha. A campanha foi o que se viu e ouviu. Teve de tudo. 12 candidatos fizeram discursos variados e para todos os desgostos. No fundo, no fundo disseram basicamente a mesma coisa conforme se inclinassem para a esquerda ou para a direita, sem correrem grandes riscos. Todos jogaram pelo seguro e os resultados finais confirmaram as previsões dos últimos dias.
O PS dramatizou a coisa e lá agitou com o fantasma da ingovernabilidade caso não tivesse maioria absoluta. Carmona conseguiu passar a imagem de rapazinho bem comportado e melhor intencionado. Negrão confirmou ser um bimbo emproado, incapaz de cativar o eleitorado lisboeta. Ruben de Carvalho, Helena Roseta e Sá Fernandes formam um trio de esquerdistas convictos. Tão convictos que tiveram de concorrer separados como é costumeiro entre os partidos de esquerda. Cada um mais puro que o outro nas formas e intenções que representa lá elegeram os respectivos vereadores. Fica a gora a curiosidade de ver quem irá apoiar António Costa nas diversas ocasiões.
Os partiditos mais pequenitos lá dividiram migalhas e não é com desagrado que vejo Garcia Pereira, o eterno candidato a todos os cargos que nunca será eleito para nenhum, ficar à frente daquele gajo sinistro do PNR, com o dobro da percentagem de votos que o homenzinho do cartaz conseguiu alcançar. O nazi-fascista pretendia ser o maior dos mais pequenos (o gajo tem mesmo necessidade de afirmação!) e ultrapassar a inimaginável barreira de 1%. Deus é grande e nem uma coisa nem outra. Espero que se esconda por um largo período de tempo e continue a dar entrevistas para blogs secretos e a iluminar a existência dos seus apagados partidários com cortes de cabelo à Adolf que o acompanharam pelas ruas de alguma Lisboa que este gajo não pode entrar em bairros onde vivam muitos pretos. Por razões óbvias tem de se ficar por zonas de brancos, de preferência transparentes e barbeadinhos.
Tanto barulho por nada! A abstenção chegou a 62%. A praia e as férias prejudicaram a Democracia afastando os eleitores do seu dever cívico. Fica a amarga sensação que a Democracia é coisa menor e deveras desinteressante aos olhos daqueles palonços que vêm fazer bichas infinitas nos caminhos da Costa, como se disso dependesse a sua felicidade e existência.
Tanta agitação mediática, tanto discurso e cartaz, para as colinas de Lisboa parirem afinal um rato miserando que proporcionou a Sócrates um discurso inflamado, com um brilhozinho nos olhos, a reclamar uma grande vitória para o Partido Socialista. Foi uma vitória, sem dúvida, mas não me parece que tenha sido tão grande como o 1º ministro nos quis fazer acreditar.
Fui à beira do rio olhar para o outro lado. Lisboa ainda lá está, igualzinha sem tirar nem pôr. Tenho cá a impressão de que assim vai ficar.
1 comentário:
Vista previlegiada! Sobre todos os pontos de vista. Objetivos e subjetivos. Localização de Mestre!
(;-)
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