A exposição "O Corpo Humano como nunca o viu" (http://www.ocorpohumano.net/) é um espaço onde nascem estranhas sensações. Visitei-a hoje com a minha filha depois de termos passado pela extraordinária Igreja de São Roque. A Igreja está absolutamente espectacular. A "aridez" da fachada sobre o Largo da Trindade constitui uma discreta cortina, não deixando adivinhar, nem de longe nem de perto, a riqueza esfusiante do interior. Absolutamente deslumbrante!
Com "O Corpo Humano como..." passa-se algo vagamente semelhante. Também ali se descerra uma cortina para entrarmos num mundo estranho e perturbante.
Esfolados em posições dinâmicas ou de repouso, plastificados e recortados, expõem aos nossos olhos segredos que normalmente apenas suspeitamos. Numa sequência didáctica, com momentos de grande impacto visual ou interesse científico, a exposição oferece perspectivas verdadeiramente curiosas do que guardamos cá dentro, mostrando cruamente o aspecto de alguns dos nossos tesouros mais preciosos. Admirar um coração ou um cérebro é, certamente, uma actividade perturbante. Nós somos aquilo. Melhor, nós parecemos aquilo, porque o que somos não se pode plastificar, cortar às postas e expor ao público. Ainda não conseguimos materializar a alma ou o espírito, ou lá como se chama a coisa que põe todos aqueles ossos e músculos a funcionar com determinado objectivo.
O único senão poderá ser o preço dos bilhetes (consultar o link acima) mas, no meu caso, tive a sorte de a Célia nos oferecer 2. Foi por isso que a Ana ficou numa esplanada no jardim do Príncipe Real a conversar com a Célia, enquanto eu e a minha filha visitavamos a exposição. Lá no fundo, lá bem no fundo, talvez a vontade de ver corpos humanos retalhados e plastificados não produza o mesmo tipo de curiosidade em todos nós!
7 comentários:
Nunca tantos corpos esfolados, como diz, fizeram tantos dolares pelo mundo. Não sei bem o que pensar!!!
É comércio, mesmo. Mas vivemos num mundo livre onde a opção de gastar uns "dólares" é nossa. Neste caso não gastei nadinha. Se tivesse de pagar talvez não tivesse ido...
Silvares, nem eu, pagando. E de graça, sem nenhuma graça, se vê esfolados pelas estradas da vida!
Ainda não fui ver esta exposição, nem creio que o faça, apesar da beleza que encerra, tambem deve ter qualquer coisa de dor e sofrimento. Gostei desta apresentação
saudaç~es amigaiveis
Arghhh
Não obrigado... é demasiado perturbadora para mim :|
Silvares,
Não sei se tenho vontade de ver corpos assim. Talvez me produzissem assombro demais, além do suportável. Não quero ser o que está exposto tão cruamente, sou apenas o que está dentro de mim, meus pensamentos, mais nada.
Abração
Eduardo, esses esfolados da vida são bem mais impressionantes!
Valente, a forma como a exposição é feita não remexe muito com as entranhas. O processo de preservação consiste numa plastificação dos tecidos. São uma espécie de manequins. É muito estranho...
Lopesca, é suster a respiração e experimentar uma visita! :-)
Lord, a coisa é muito científica e plastificada, com pouca poesia. Na verdade acaba por ser pouco impressionante. As fotos são mais sugestivas que a realidade.
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