Aqui há dias morreu Robert Rauschenberg (recordêmo-lo jovem e a preto e branco). Com ele foi-se uma boa parte da energia dinâmica que ainda restava a uma certa maneira de produzir objectos com possibilidades de virem a ser encarados como sendo artísticos. Não há muito tempo visitei com os meus alunos alunos a exposição deste matador de toiros académicos que esteve patente em Serralves. Foi uma tarde de exclamações e perplexidades. Mesmo em 2008 os trabalhos do velho "Rauchas" fazem mossa nos nossos preconceitos mais arreigados. Um gajo com qualidades artísticas invulgares e um humor corrosivo. Lá vai ele em direcção ao Grande-Sabe-se-Lá-O-Quê.
Cá na Terra mantém-se firme o inigualável Lucien Freud. Foi também notícia mas porque se vendeu uma obra sua (na imagem acima) por um daqueles preços astronómicos cujo número não faz sequer sentido. Bem vistas as coisas, Freud tem já 86 anos. É um daqueles tipos que têm mais que fazer do que morrer mas os investidores em coisas pintadas já desatam o cordame da bolsa com o à vontade proporcionado pela miragem do negócio chorudo. Um dia destes vai fazer companhia ao "Rauchas" e o balúrdio que se pagou pela "Big Sue" multiplica-se mais do que uma vez. Simples e eficaz.
Rauschenberg e Freud, diferentes como só podem ser diferentes dois criadores em campos diversos. As obras de um e outro estão aí, na História da arte, dois mitos capazes de saborearem o ser mito durante a vida que viveram. Já vou escrevendo o verbo viver no passado pois o neto do mais famoso dos psis já tem, pelo menos, um pé para a cova. Quando ele morrer falecer-nos-à um soberbo criador de imagens. E são cada vewz mais poucos.
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