sexta-feira, novembro 16, 2007

Vai chatear o Camões


A imagem mostra um dos momentos mais mediatizados nos últimos tempos, aquele preciso em que o Rei Juan Carlos, de Espanha, mandou calar o Presidente Hugo Chávez, da Venezuela. Pessoalmente quer-me cá parecer que a atitude do Rei se deveu mais à evidente falta de sentido de oportunidade do venezuelano, que estava a ser chato e a falar fora do seu tempo de intervenção, do que pelos insultos que iam caindo sobre José Maria Aznar, que não estava ali.
Penso que Chávez tem razão, Aznar é um fascista de "mierda", mas também acho que Zapatero marcou pontos ao lembrar a Chávez onde estavam e que, naquele contexto, há coisas que não se dizem, nem que sejam verdade (sabendo que a verdade é uma questão de perspectiva, alguém poderia afirmar que Chávez é um comuinista-tirano-de-merda e depois...?).
Chávez imagina-se uma espécie de anjo vingador enviado à terra por uma divindade mestiça para pôr ordem nas desordens deste mundo e do outro. Será verdade lá na cabeça dele e nas de alguns milhões de venezuelanos que o apoiam, mas o mundo existe independentemente de Chávez e da sua fértil imaginação. Mais, as regras de funcionamento de certas reuniões internacionais não se alteram para se adaptarem ao estilo "saiam-da-frente-que-aqui-vou-eu" do Hugo da Venezuela. O homem fala quando deve e quando não deve, em estilo matraca, e pensa que os outros o devem aturar e permitir-lhe tudo porque ele "não tem medo da verdade" ou coisa que o valha. Porque ele fala pelos oprimidos e deserdados do sistema capitalista e etc. e tal. O gajo está convencido que detém a verdade e, por isso, estamos todos obrigados a ouvi-lo sempre que lhe apetecer falar e durante o tempo que ele conseguir aguentar, mesmo sem assunto que não sejam umas cançõezitas ou umas anedotas de gosto duvidoso.
Há quem não esteja para o aturar e lho diga na cara, como fez Juan Carlos. "Porque não te calas?", "que já estás a chatear" ou "não é a tua vez de falar" seriam conclusões possíveis para a frase do Rei de Espanha. Não me parece que haja outra intenção na sua inesperada intervenção mas a paciência tem limites. Em português alguém lhe diria,"Chavecito, vai chatear o Camões!" e a coisa ficaria por ali e resolvida.

6 comentários:

Anónimo disse...

carissimo:
o que os media democraticos a que temos acesso em portugal não mostraram foi que, antes do teu amigo chavez interronper o1º espanhol, era chavez que etava a falar e foi ele interronpido pelo dito 1º. é engraçado ver que quando o rei de espanha (individuo auto eleito democraticamente pelo imperador francico franco) interrompe contra todo o protocolo tanto o seu 1º, como o comunitas do chavez, o seu 1º estava a dar uma lição de bom comportamento democrático ao venuzuelano, que por acaso já venceu 3 eleições (uma das quais a meio do mandato imposta pela "comunidade internacional"), sempre com uma margem maior de votos. E já agora será importante lembrar que chavez chamou fascista ao aznar porque este apoiou um golpe de estado para o depor?

Anónimo disse...

Parece que se uma pessoa não amochar, não cumprir as “regras da boa educação”, se tiver veleidades de lembrar às grandes potencias e senhores da Europa e EUA os seus crimes, se não estiver para “papar” aldrabões e criminosos, se torna numa “espécie de anjo vingador enviado à terra por uma divindade mestiça” e o melhor é ir chatear o Camões.
Não, “quem detêm a verdade” é o Aznar, o Zapatero, o Bush, o Durão Barroso, O Blair, a bourbónica figura lá “cloacada” pelo honesto Franco, o Sócrates, o Sarkozy, o Lula que não faz muitas ondas. Como pode aquele papagaio do Chavez interromper o honesto Zapatero, é louco com certeza.

É tão bonito ver toda a direita exultar com o “porque nom te calas”, como eles gostam destas manifestações de autoridade, lembra-lhes aquela frase “viva la muerte”. Só é pena certa esquerda ser tão condescendente com estas manifestações de arrogância e falta de cultura democrática, dessa coisa que se dá por reizinho.
Por mim prefiro aqueles que não se calam, que não fazem parte deste faz de conta do “porreiro pá”!

Já agora, só para referir que Aznar não só apoiou o golpe como colaborou com ele; o embaixador espanhol em Caracas juntou-se aos golpistas no Palácio Presidencial, dando conselhos acerca da forma "bem educada" como estes deviam lidar com os lideres "bem educados" deste mundo.

Posto isto, um abraço

Silvares disse...

Amigos meus, não duvido, nem por um momento que o Aznar é um fascista de merda mas também ele ganhou umas eleições como se sabe. Ele e os outros todos que o Olaio refere, em termos de representatividade não ficam a dever nada ao Huguinho. Quanto ao rei já se sabe, numa monarquia é assim mesmo. Lembrem-se das recepções que ele e o princípe das Astúrias têm de cada vez que aparecem por estes lados. E olhem que o povinho até parece gostar deles. O povinho delira com bibelots, que se há-de fazer? Quanto ao Chávez vamos ter o prazer da sua visita em breve mas decerto não será tão calorosa. A boca da "divindade mestiça" pretende apenas acentuar a diferença de universos que estão em confronto neste episódio. Assim como assim prefiro ser governado por um vigarista como o Sócrates do que por um vigarista como o Chávez. Aliás, um vigarista como o Chávez não encaixa no nosso modo de sermos vigarizados. Não serve para esta velha Europa cheia de salamaleques e sorrisos forçados. Nesta história toda, como em muitas outras, não aceito a justificação de que "pois, o gajo é uma merda, mas os que nos governam são merdas piores". Para mim o lugar da merda, seja ela branca, preta ou mestiça, de esquerda, de direita ou maneta, é toda no mesmo lugar.
Mas que o Chávez fala demais, tal como, por exemplo o Fidel nos seus célebres discursos de 8 horas (quando fala pouco) disso não duvido. E fala assim por não estar habituado a ser contrariado ou dar poucas oportunidades aos que dele discordam.
Que venha chatear o Camões.

Anónimo disse...

Não se trata de uma opção entre o Chavez e o aldrabão do Sócrates (está quase a cumprir a promessa dos 150 mil empregos), ou outro qualquer, acho que o Chavez está muito bem na Venezuela e espero que continue por lá durante muitos e longos anos. Acredito que por cá ainda encontraremos uma solução para esta porra.

A questão, julgo, é só de respeito pela soberania dos povos e muito especialmente, acabar com estes resquícios de superioridade colonialista que povoa a mente das gentes que vivem nos países outrora colonizadores e que, a burguesia tanto gosta de fomentar. Como eles se deleitam com episódios deste género, lembra-lhes outros tempos em que o Rei ordenava e o servo cumpria.

Quanto ao facto do Chavez falar demais, não sei se as 8 horas de discurso dele são demais ou não, o certo é que ouço o Sócrates ou o Santana, o Portas, o Menezes ou o Cavaco a falar durante 6 segundos e já acho que é um atentado a qualquer ser inteligente.

Portanto parece-me que não é uma questão de tempo, mas de conteúdo.

Silvares disse...

Convenhamos que o Chávez deverá, então, transbordar conteúdo! :-)

Anónimo disse...

O -porque não te calas!- está a fazer grande sucesso no mundo da internet. Sucesso mundial!!!