O que por aí há mais são ratos paridos por montanhas de dimensões variadas. Atente-se na notícia que nos conta que: Três pessoas aderiram à manifestação convocada para esta segunda-feira frente ao Palácio da Ajuda, em Lisboa, contra o novo Acordo Ortográfico, que apelidaram de «aborto ortográfico».
Espanta-me que haja quem faça desta questão um cavalo de batalha tão furioso e continue a insistir numa espécie de cruzada purificadora contra o acordo ortográfico.
Os inimigos do acordo agitam as mais descabeladas razões e despertam fantasmas hediondos; que havemos de ficar todos a falar uma língua de trapos que ninguém entende nem ninguém saberá como escrever, que a coisa vai custar dinheiro (o que é de graça nos tempos que correm?), que estamos a abrir mão da nossa maior riqueza que é a língua portuguesa, enfim, quando um gajo quer dizer mal de alguma coisa não lhe custa nada encontrar motivos de horror.
Pesoalmente, tudo isto me soa como sendo uma falsa questão. Não me parece que venha a alterar significativamente a minha forma de escrever. Talvez esteja disposto a abdicar de uma ou outra consoante muda (se me lembrar disso) mas quanto aos acentos a coisa já pia mais fino. Sei que haverá alterações da escrita nos livros e nos jornais, mas não é isso que me vai incomodar. O português do Brasil sempre foi muito diferente do português que se gasta por estas bandas mas isso não impede que o compreenda bem. Quando lemos Eça de Queirós também por lá encontramos muita coisa estranha ao português contemporâneo. Onde está o problema?
Os 3 manifestantes da notícia que cito lá mais atrás devem estar furiosos. Não tanto por perceberem que o acordo vai mesmo para a frente, imagino que os irrite mais o facto de tão poucos estarem dispostos a manifestar desagrado perante coisa tão insignificante.
A língua portuguesa é uma coisa viva e, como tudo o que vive, adapta-se às circunstâncias. Deixemos o português viver. Quanto mais livre, mais feliz!
7 comentários:
O assunto é tão sem importância, que me nego comentar...já tendo comentado! Pobre desses três portugueses! Morreram e não sabem!
Usando o bom português, com ou sem acordo, estou-me bem cagando para este assunto.
Dar importância a isto, como esses 3 estarolas, é negar a evolução normal que a linguagem sofre.
mas pá, ya, tipo, tá-se bem, continuo a escrever na mema. :-P
O Brasil que tem como idioma hoje em dia um pout-pourri lexico, tem muitos resistentes à mudança.
Bem lembrado nosso querido Eça de Queirós que todos o entendem em seu portugues acaico.
Silvares, vou postar essas suas opiniões no meu blog. Posso?
Aqui a discussão é pertinente, visto a grande resistência de alguns homens das letras.
Mas concordo com você. Lingua viva muda, se acultura. É inexorável!
Boa tarde! Desculpe não tem nada a ver com o que escreveu o que quero perguntar ou comentar, mas na verdade decidi pesquisar por curiosidade se havia alguem com o apelido Silvares na net uma vez que tenho o mesmo apelido e sinceramente não estava à espera de encontrar alguem muito menos que pintasse e utilizasse o nome Silvares. Gostava de saber se é esse mesmo o seu apelido ou é só nome artístico? os melhores cumprimentos Obrigado
Boa tarde! Desculpe não tem nada a ver com o que escreveu o que quero perguntar ou comentar, mas na verdade decidi pesquisar por curiosidade se havia alguem com o apelido Silvares na net uma vez que tenho o mesmo apelido e sinceramente não estava à espera de encontrar alguem muito menos que pintasse e utilizasse o nome Silvares. Gostava de saber se é esse mesmo o seu apelido ou é só nome artístico? os melhores cumprimentos Obrigado
Eduardo, só me lembro da questão quando ela surge nos jornais e, quase sempre, por razões estúpidas (ui, aquele acento no "u" já não deve usar-se :-)
Tiago, é isso mesmo. Se a língua não andasse por aí, nas ruas, como íamos nós dizer iá, pá, tá-se bué bem?
Lina, use à vontade (já vi que usou :-), curiosamente também por aqui são os homens (e as mulheres) de letras que vão protestando. O povo não me parece que lhes dê importância. A estreia na Copa do Mundo não foi famosa e, isso sim, está preocupando o povão!
Caro Anónimo Homónimo, Silvares é nome de família mesmo, apelido da minha mãe. Desde criança que sempre me trataram por esse nome e não pelo último apelido que herdei do meu pai (Carvalho), talvez por ser menos vulgar.
Nunca visitei nenhuma das terras chamadas Silvares. Talvez um dia destes...
Concordo com você, a lingua portuguesa é livre e viva e se modifica através do tempo... o português que se fala em Portugal é diferente do que se fala no Brasil, o jeito de falar esse português também, afinal nossas heranças foneticas e culturais diferem, mas nos entendemos bem, leio livros vindos de Portugal (especialmente no contexto acadêmico) e não sinto dificuldade alguma... Não sei se esse acordo é bom ou mal, deixo essa questão aos linguistas, mas sei que não vai ser capaz de tirar o vigor de nossa lingua!!!
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