Foi em 2005 que o PÚBLICO editou A História da Arte de Gombrich. A leitura desta obra é altamente recomendável a quem se interessar pelo assunto e mesmo aos outros, que nem por isso se interessam.
Não sei se a querida ministra da cultura já lhe deu uma vista de olhos ou se os críticos de arte fazem deste volume livrinho de cabeceira, mas lá que lhes daria algum jeito, pelo menos, uma releitura circunstancial, disso não tenho a mínima das dúvidas.
Publicada originalmente em 1950, conheceu reedições sucessivas, revistas e aumentadas pelo autor em não-sei-quantas línguas por esse mundo fora. Em português havia edições brasileiras. Tenho um volume duma dessas edições, de capa cartonada já cheia de fita-cola mas, para minha grande felicidade, a família mais chegada ofereceu-me um exemplar da edição do PÚBLICO com mais imagens a cores e com reproduções em folhas desdobráveis. Esta edição é excelente, um objecto de culto para quem tem a "mania" de tentar perceber algo mais do que a ilusão de um olhar contemporâneo e a pretensão de poder transmutar as ideias que apreende noutras ideias, novas, pessoais e transmissíveis.
Veio isto a propósito de um dos preceitos fundamentais de Gombrich. O autor propõe que as formas artísticas perduram no tempo sendo adaptadas por diferentes artistas de acordo com o tempo e o espaço particular por eles habitado. A Arte, com "A" é, segundo Gombrich, uma espécie de bicho-papão inventado por uma comandita de críticos e historiadores preguiçosos que pretendem elevar-se à categoria improprável de guardiões do templo de uma impossível cultura superior. Para ele é mais válido observar os artistas e tentar enquadrá-los nas correntes de pensamento estético características da respectiva época, tendo ainda em conta os aspectos técnicos e tecnológicos observáveis. Reflectir mais sobre os artistas e menos sobre aspectos crípticos e estilísticos que nos conduzem demasiado depressa a rótulos e preconceitos.
Assim sendo, essas formas artísticas primordiais vão sendo moldadas ao longo dos séculos, num incessante processo de reformulação e busca de qualquer coisa um pouco (talvez mesmo muito) difícil de perceber na sua totalidade.
Haverá quem lhe chame Beleza, outros falam em Sublime, enfim, resta-nos experimentar a plasticidade das formas, dos materiais e das ideias. Há ainda quem diga que a arte acabará por nos conduzir à essência do Absoluto, em última análise permitirá a Grande Revelação: um vislumbre fugaz da face de Deus.
Lol.
3 comentários:
Também tenho uma edição do Gombrich. E li-a como se fosse um romance. Esta edição de que falas, passou-me ao lado.
Vale a pena te, nem que seja apenas por uma questão de vaidade!
:-)
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