“Enverguei um traje especialmente desenhado por Janco. As minhas pernas estavam cobertas por tubos de cartão azul-brilhante que me chegavam às ancas.” Nos ombros, Ball usou um grande colarinho e na cabeça um chapéu de cano de aquecedor. (…) Nesta indumentária, Hugo Ball apresentou-se à audiência como um alto sacerdote do Dadaísmo e quando, após uma breve pausa, avançou com a sua recitação, o espanto dos espectadores transformou-se numa violenta tempestade de protestos. Ele começou a sua actuação com as seguintes frases, declamadas em voz alta:
“Gadji beri bimba glandridi glandridi lauli lonni cadori
Gadjama gramma berida bimbala glandri galassassa laulitalomini
Gadji beri bin blassa glassala laula lonni cadorsu sassala bim
Gadjama tuffm i zimzalla binban gligla wowolimai bin beri ban
O katalominai rhinozerossola hopsamen laulitalomini hoooo
Gadjama rhinozerossola hopsamen
Bluku terullala blaulala looo”
Hugo Ball foi o inventor destes poemas sonoros que se tornaram a forma preferida de actuação em palco para os artistas dadaístas.
Texto de Dietmar Elger traduzido para Português por João Bernardo Boléo no livrinho Dadaísmo (o "D" maiúsculo é da mesma dimensão que as letras minúsculas) da Taschen
Vou a imprimir esta cenaça num acetato para mostrar amanhã aos meus alunos do 12º ano na aula de História da Arte. A coisa promete já que a turma tem alguns elementos que gostam de pensar nos assuntos em análise e não têm medo de se manifestar.
O Dadaísmo abre sempre horizontes e abismos nas cabeças dos jovens estudantes de artes.
É uma delícia deliciosa para mentes gulosas.
2 comentários:
Um abre-cabeças.
Já leste o meu e-mail?
Li e respondi agora mesmo.
A aula foi fixe :-)
em dias assim gosto mesmo de ser professor (o problema foi a pança!)
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