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Quando acontece não haver opinião que se leia, quando o relógio apressa a escrita e o teclado parece roer as pontinhas dos dedos ao crítico, o caso será angustiante mas não há-de ser nada! A crítica tem de estar pronta a tempo e horas. É preciso aprontar o suplemento, paginar a revista, retocar pormenores. O paginador vê apenas manchas de texto, o designer gráfico trabalha com formas e não com conteúdos. Esses são da responsabilidade do pobre escravo do dever que terá de assinar por baixo e assumir a paternidade da coisa.
Nem sempre me dou ao trabalho de ler as recensões críticas nas páginas dedicadas às artes plásticas mas, quando me entrego à tarefa, fico quase sempre com a sensação de que é mais interessante ler o resumo de um jogo de futebol entre o Rio Ave e o Gil Vicente.
No entanto é nesses textos, tantas vezes sem substância, que se vai fazendo a historinha da arte contemporânea. Criam-se reputações, ignoram-se outras, fala-se do trabalho de alguns amigos e já não é coisa pouca.
Vem isto a propósito do texto publicado hoje no Mil Folhas do Público, por Óscar Faria, com o título Rebentar com a pintura. É uma coisa amorfa, repleta de lugares comuns e ideias estafadas, um texto que me faz ter pena do escriba. Coitado.
Acredito que o trabalho de Bruno Pacheco, "analisado" neste texto, seja interessante. Não posso deixar de ter a impressão que, quem leia o dito cujo, não vai dar-se ao trabalho de arrastar os sapatos até à galeria Quadrado Azul, no Porto, para uma visitinha.
A menos que seja crítico de arte e tenha urgência em escrever qualquer coisa para justificar o cheque do ordenado, lá mais para o final do mês.
1 comentário:
o exercício da escrita e da crítica acoplada ao quadrado, é ouro sobre azul,....
;o-
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