quarta-feira, junho 25, 2008

Viva a Pintura!



Uma historinha exemplar para desanuviar o ambiente em, pelo menos, umas noventa das cem cabeças.

Li hoje no jornal que "O Colosso", uma das obras-primas atribuídas ao meu mais que adorado Goya (tenho por este mestre uma admiração que ultrapassa tudo o que possa dizer ou escrever) afinal pode não ter sido pintado por ele (ver também aqui).

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Pronto, querem lá ver! Então como é? Tudo o que se disse, tudo o que se escreveu sobre a terrível visão do Surdo sobre os malefícios da guerra e a forma aterradora como ela arrasa a esperança do Ser Humano tem, afinal, menos esta parcela?
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A tela é excelente. Ter sido pintada por Goya ou por Asensio Juliá (aqui retratado pelo Mestre), um seu colaborador ocasional, faz dela menos do que aquilo que é?
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Outra questão interessante que se levanta tem a ver com a dimensão da crítica na construção da imagem do artista. Ser conhecido ou reconhecido nos textos que ficam para a posteridade é importante. Quantos artistas excelentes aguardam na penumbra da sombra projectada pela fama dos considerados grandes mestres por uma migalhinha de reconhecimento? Quantos nomes e obras grandiosas vão ficando para trás, caídos e esquecidos nos quadros cronológicos dos manuais de História da Arte?
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Enfim, Goya não sofre a mínima beliscadura. Que o Colosso tenha sido pintado por ele ou por Asensio Juliá não é mais que um pormenor. O que temos a fazer é olhar para a obra e reflectir sobre ela independentemente de quem a tenha realizado. Viva a Pintura!

4 comentários:

pandoracomplexa disse...

viva o Colosso.

Anónimo disse...

Você tem toda razão. O quadro não perde nem ganha. É o que é. Tão pouco Goya perde com isso. Seu pupilo aprendeu a lição, e como geralmente acontece, não chegou a superar o mestre!Na opinião dos especialistas que duvidam da autenticidade!
Vou levar o ÒTIMO post para o Varal.

Forte abraço

Silvares disse...

Viva a Pandora e os seus chapéus orgânicos :-)

Eduardo, há uma frase atribuída (se não estou em erro) a Leonardo de Vinci que será qualquer coisa como: "Pobre do aprendiz que não ultrapassar o Mestre" ... é uma perspectiva interessante.
:-)

pandoracomplexa disse...

ainda vamos ter que fazer uma chapeuzito para esse teu frankenstein mas com mais glamour do que os da da Mary Shelley :-)