É estranho, complicado, difícil de explicar. É qualquer coisa, impossível dizer que coisa. As imagens, repetidas até à exaustão, da multidão de emigrantes que aguardava a chegada dos nosso queridos matraquilhos da selecção nacional em terras suiças deixa qualquer um de cabeça à roda.
Ele era no aeroporto, na estrada onde rolava o autocarro da selecção e, finalmente, nas ruas de Neuchâtel. Dezenas, centenas, milhares de pessoas vestidas com as camisolas vermelhas da equipa de futebol de Portugal, aguardavam o efémero momento da passagem do veículo para explodirem numa gritaria eufórica, histérica, mesmo. E depois, aliviados, sorriam, parecendo confusos com a sua própria reacção, zonzos de uma emoção impossível de verbalizar. Aquilo que vai lá dentro parece poder expressar-se apenas com os tais gritos e aquele esbracejar frenético. Portugal, Portugal, Portugal. Uma espécie de alegria, ao que parece.
São portugueses e isso revela-se naquela fé estranha. Umas vezes na Nossa Senhora de Fátima, outras no Cristiano Ronaldo, são parte deste povo que espera ainda o regresso do Desejado. Somos parte deste povo que não sabe fazer um país de forma organizada, que não se compreende a si próprio nem ao mundo que o rodeia. Este povo capaz apenas de ter fé. Uma fé cega e doentia, uma coisa inexplicável. Uma sensação terrível que cresce dentro do peito e só pode saír numa gritaria descontrolada, a sensação de ser português e pertencer a este povo meio esquecido no fim do Velho Mundo.
Sinceramente, tanta maluquice, tanta tolice, comove-me até às lágrimas. Ver e ouvir aqueles emigrantes com os seus sotaques variados, a língua atrapalhada pela convivência com outras línguas estrangeiras. Gente tão simples que até dá dó. E a mi dá-me dó porque sou igualmente simples, igualmente maluco e igualmete tolo. Sou um deles e eles são como eu.
Eu sei que os jogadores são isto e aquilo. Que o futebol etc. Eu sei que isto é irracional e destemperado. Sei perfeitamente. Mas gosto. E sinto aquela coisa cá dentro. E tenhovontade de gritar. Só o não faço por pudor e porque seria estranho desatar aos gritos para um écrã de TV.
Mas no próximo Sábado não me perdoo. Vou estar a roer as unhas, assistindo ao jogo com a Turquia e só quero que Portugal ganhe, nem que seja com um golo marcado com os tomates por um defesa adversário. Vou certamente chorar, seja qual for o resultado. E porquê? Sei lá porquê!É qualquer coisa!
3 comentários:
Vai ser um grande fiasco. Espero enganar-me redondamente, pois tb gosto muito de futebol. Mas começam logo a atirar os foguetes antes da testa. Tipo, já estamos na final.
Acho parolice, pateguice, a mais!
Caramba, que perspectiva tão negra!
tenho poucas esperanças, só uma restiazinha. A ver vamos...("quando a esmola é muita, o pobre desconfia." - sabedoria popular).
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