Manuel Maria Carrilho no DN on line http://dn.sapo.pt/2008/02/23/opiniao/opcao_rejeicao.html
Fico cá com a sensação de que o problema é duplo. Por um lado temos um sistema democrático vendido e feito refém do grande capital (o selvagem) e, por outro lado, temos uma massa de cidadãos automatizados e meio zombies, que se estão a cagar nas questões básicas do próprio sistema democrático.
Carrilho vem fazer notar como, quando votamos, exercemos muitas vezes o nosso direito mais como forma de expressar uma discordância (contra o poder) do que para afirmar-mos uma concordância (com um projecto de poder submetido a sufrágio). O sistema eleitoral transforma-se num jogo de espelhos, daqueles espelhos deformadores que antigamente abrilhantavam a poeira das festas populares e das feiras de enormidades, e nós deixamo-nos embalar na vertigem do prazer provocado pela imagem deformada. É sempre com algum desconforto que leio estas coisas, escritas por personagens que não chego a perceber se admiro ou deixo de admirar. Carrilho foi um bom Ministro de Cultura... acho eu. Mas foi um péssimo candidato à Câmara de Lisboa, utilizando todo o género de golpes eleitoralistas que, agora, parece querer dizer que despreza. Este homem adora a própria sombra mas não faz mal (que mal poderia fazer ao mundo a simplicidade da situação de existir um homem extremamente vaidoso?).
O diagnóstico acima transcrito e apresentado por Carrilho é acertado. Temos muita forma e pouco conteúdo. A democracia vai alastrando mais é mais como se fosse um vírus, uma doença contagiosa, do que a cura para algumas das maleitas sociais e económicas que diz pretender curar.
É como se, na verdade, a democracia não fosse mais do que uma sombra daquilo que dizemos que ela é (ou, pelo menos, acreditamos que ela é) fazendo com que a nossa vaidade em nós próprios e no nosso sistema político não passe disso mesmo, mera vaidade sem ponta por onde se lhe pegue.
Bom Domingo.
3 comentários:
Silvares,
cada DEMOCRACIA tem lá suas particulareidades locais, nisso já haviamos concordado.
Agora, mais uma vez, o debate reside na falta de propostas dos partidos políticos, ou dos candidatos. Daí o voto contra fatos, e não a favor de idéias. Pelo menos é assim minha leitura do regime aqui no Brasil. Não sei se vale para Portugal.
Boa semana!
Eduardo, nós estamos muito de ser felizes com o governo que temos actualmente. Os casos de corrupção e favorecimento de "amigos" são cada vez mais e a justiça não actua. Então poderíamos estar a pensar mudar nes próximas eleições. Mas a única alternativa oferecida pelo sistema, o outro partido que poderá vencer as eleições, é tão mau ou ainda pior que o que governa actualmente! Estamos a perceber que entrámos num beco sem saída!
realmente a prenda vem muito bem embrulhada, depois o que está lá dentro é que é um grande e verdadeiro busilis para todos nós.
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