Robinson Crusoé ( link de acesso a E-book com texto integral em inglês http://books.google.pt/books?id=N3j6lAqRmwEC&dq=robinson+cruso%C3%A9&pg=PP1&ots=s_QyOr2ME5&sig=JzPQK5PD8CA4RfR-PpJQTYGcQAc&hl=pt-PT&prev=http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=robinson+cruso%C3%A9&sa=X&oi=print&ct=title&cad=one-book-with-thumbnail) chamou Sexta-Feira ao Sexta-Feira por se terem encontrado a uma Sexta-Feira. Robinsosn Crusoé teria a capacidade criativa de um armário de cozinha ou encontrou naquela designação uma forma de evitar pensar muito no assunto?
Vincent van Gogh (link de acesso a uma das milhentas páginas sobre o pintor louco http://www.vangoghgallery.com/), um dos mais populares artistas de todos os tempos para os habitantes do momento actual dos últimos anos no mundo ocidental, pintou muitas obras (em muito pouco tempo). Paisagens, retratos, objectos, espaços interiores. Searas, pessoas comuns, quartos e pares de botas. Tinha Vincent a imaginação de um roupeiro com espelho ou encontrou nestas temáticas uma forma de evitar gastar muitas energias a decidir sobre o motivo da sua acção, podendo concentrar-se mais em aspectos técnicos de execução?
Eu próprio tenho andado a pensar que raio hei-de fazer com a minha falta de vontade para desenhar, pintar ou, mais simplesmente, a minha falta de chama criativa que me tem assombrado a existência nestes últimos tempos. Sinto que possuo a imaginação de um aparador em madeira de nogueira ou carvalho.
Dou comigo a pensar que, quando a imaginação se parece mais com algo que literalmente não pode existir porque não existe de facto (não tem corpo, não mede, não se cheira, nem nada dessas coisas) resta-nos sempre a realidade, seja lá isso o que for.
Vai daí tirei a foto acima a uma "jarra" com quatro flores que roubei à vida quando as arranquei de um canteiro na rua numa viagem de regresso da escola para casa.
Não se vê lá muito bem (clicando na imagem já se vê bem melhor) mas o Cristo Rei está lá ao fundo, atrás do telhado à esquerda e, do lado direito, há um avião (da minha varanda vê-se um corredor aéreo de entrada para o aeroporto de Lisboa). Ali em baixo, do lado direito, cortado pelo parapeito onde assenta a "jarra", surge uma personagem em simples silhueta cortada. As nuvens parecem ter sido dispostas cuidadosamente em conjugação com as flores, numa composição pictórica.
Dei por mim a pensar como a criação pode ser acaso e o contrário também é válido, como a criatividade depende tanto de quase nada. Uma foto tirada na varanda, num momento de algum fastio. Sexta-feira.
Isto deixou-me em paz em com o mundo. Com a minha rua, pelo menos.















É aqui que entra o pequeno (ou grande?) equívoco do gótico, já de si um erro de classificação desde a primeira hora.
Seja como for, a Obra dos Franceses caracterizava-se por um conjunto de conquistas técnicas que permitiam uma arquitectura completamente diferente daquela que tinha vingado ao longo da extensa Idade das Trevas que nós associamos ao estilo Românico, pesado e escuro. O Gótico introduzia os enormes janelões com vitrais que permitiram que a ligação entre Deus e a Luz fizesse parte do programa conceptual das catedrais da época.
Resumindo, aquilo que o renascentistas designaram como gótico pretendendo significar algo desajeitado e não-belo, é afinal um estilo gracioso, luminoso e de um requinte assinalável tanto em termos técnicos quanto formais. Gótico era um termo depreciativo, criado para menosprezar a arte dos povos não-italianos mas acabava por ser apenas tão injusto quanto xenófobo.
Na verdade o conceito de gótico que hoje é popularmente aceite, está relacionado com a visão Romântica de uma Idade Média idealizada e valorizada em pleno século XIX. Por outro lado, os românticos criam um universo criativo onde a obscuridade interior dos indivíduos encontra a possibilidade de se expressar. Os artistas românticos, pálidos, vestidos de negro e incompreendidos pelo mundo com demasiada frequência, geniais mas tão fora que não se parecem com nada nem ninguém, acabam por se transformar no arquétipo do artista durante o século XX. "Os artistas são todos malucos" é uma expressão comum entre nós e que terá nos escanzelados e alucinados românticos a sua raíz mais profunda.