Forçar os limites do dia é o trabalho do homem comum. Empurrar a rotina, lutar com o relógio, endireitar as costas no esticar do queixo. Os carros passam, um pássaro esquce-se de piar ás 8 da manhã. Não há que recear o erro nem temer o sabor amargo do café matinal. A vida é para ser vivida. Cada minuto conta. Todos os minutos de cada dia. Dentro do carro ouvindo as últimas sobre a fila de trânsito ali mesmo à frente. A sujar as mãos na tinta do jornal e a sola do sapato na caca fresca deixada no passeio pelo caniche da vizinha. É assim que um homem comum encara a vulgaridade da vida. O erro, quando surge ao virar da esquina, não é mais nem menos que uma hipótese, uma outra oportunidade de fazer uma coisa com aparência de ser bem feita. Os homens extraordinários habitam os corpos dos homens comuns. Estão ali, à espera. Mais tarde ou mais cedo eles aparecem. E vêm tomar o café matinal contigo.
4 comentários:
Rotina dos mortais. Não precisa título.
Abçs
Silvares, tem outro mimo para seu blog no Varal de hoje!
Abçs
Silvares,
Grande texto! Gostei muito.
Abraço
Eduardo, obrigadão pelo mimo e pelos comentários que vais deixando por aqui.
Lord, obrigado também para ti. Nos últimos tempos ando meio obcecado com questões mais próximas da política, este texto é uma tentativa de respirar ares mais puros.
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