terça-feira, outubro 02, 2007

Sem título


Forçar os limites do dia é o trabalho do homem comum. Empurrar a rotina, lutar com o relógio, endireitar as costas no esticar do queixo. Os carros passam, um pássaro esquce-se de piar ás 8 da manhã. Não há que recear o erro nem temer o sabor amargo do café matinal. A vida é para ser vivida. Cada minuto conta. Todos os minutos de cada dia. Dentro do carro ouvindo as últimas sobre a fila de trânsito ali mesmo à frente. A sujar as mãos na tinta do jornal e a sola do sapato na caca fresca deixada no passeio pelo caniche da vizinha. É assim que um homem comum encara a vulgaridade da vida. O erro, quando surge ao virar da esquina, não é mais nem menos que uma hipótese, uma outra oportunidade de fazer uma coisa com aparência de ser bem feita. Os homens extraordinários habitam os corpos dos homens comuns. Estão ali, à espera. Mais tarde ou mais cedo eles aparecem. E vêm tomar o café matinal contigo.

4 comentários:

Anónimo disse...

Rotina dos mortais. Não precisa título.

Abçs

Anónimo disse...

Silvares, tem outro mimo para seu blog no Varal de hoje!

Abçs

Lord Broken Pottery disse...

Silvares,
Grande texto! Gostei muito.
Abraço

Silvares disse...

Eduardo, obrigadão pelo mimo e pelos comentários que vais deixando por aqui.
Lord, obrigado também para ti. Nos últimos tempos ando meio obcecado com questões mais próximas da política, este texto é uma tentativa de respirar ares mais puros.