Hoje vou participar num debate sobre Culturas Comunitárias, Instituições, Auto-Organização e Redes no âmbito de um seminário sobre Arte, Educação e Sociedade. Chiça, a coisa promete! Estarei presente na minha qualidade de professor e dinamizador de uma coisa que chamamos Atelier de Artes na escola onde dou aulas.
Reflectindo um pouco sobre estas questões não tardei a concluir que a principal cultura comunitária dos tempos que correm é a que passa pela televisão. Novelas, futebol, futebol e novelas. A Arte, na verdade, verdadinha, nem sequer para aqui devia ser chamada. A Arte é elitista e causa indigestões e insónias às mentes menos poderosas, habituadas à sua dietazinha de futebol e novelas, novelas e futebol (eu adoro futebol e novelas nem sequer vejo, só para que conste).
Os artistas contemporâneos discursam sem parar e na sua maioria sobre a própria arte e sobre si próprios, remetendo o discurso e as narrativas artísticas para um baú cuja fechadura é o umbigo de cada um. Podemos admirar os baús mas, para podermos dar uma olhadela ao seus conteúdos, teremos de andar a esfurancar o umbigo dos artistas o que, além de pouco higiénico, é extremamente desagradável.
Entre o mundo televisivo e a colecção de umbigos que nos oferece a Arte Contemporânea o povão escolhe rápido. Nem sequer escolhe porque não tem curiosidade pelos umbigos dos artistas plásticos. Se ainda fossem os de Cristiano Ronaldo ou de outro qualuer produto cultural comunitário...
Assim sendo lá irei para o meu debate a pensar nestas coisas e a engendrar um modo de conseguir dizê-las sem ofender nem parecer demasiado acanhado. Talvez ainda dê para ver um bocadinho de televisão antes de sair de casa enquanto dou uma olhadela à História da Arte do Gombrich, o meu Deus e a minha Bíblia. Ou vice-versa.
3 comentários:
Serão as bandeirinhas nas janelas das marquizes sem educação estética uma forma de arte?
Será o brinco do ronaldo uma escultura?
Não. O povo, a vulgaridade e a demência em trono do fenómeno futebol são, na sua essência, a verdadeira forma de anti-arte.
Isso levar-nos-ia à velha e insolúvel questão: o que é a arte?
Nem o gosto pelo futebol é anti-arte nem a arte é anti-futebol.
A sua tese é, no mínimo, relativista. E o seu raciocínio em tom de Benfica-Sporting. Considere que a vulgaridade a que eu me refiro é a oposição à erudição. A vulgaridade é pimba e tem cor salomão com beirados em telha portuguesa. O seu blog é arte.
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