Será mesmo assim tão arrasador? Estaremos definitivamente transformados em algo que o destino não nos havia reservado por sermos europeus? Transformados numa espécie de americanos mal amanhados, a viver o sonho americano fora do lugar e colonizados por um imaginário que não queremos mas nos é imposto por uma máquina de ilusões demasiado forte para as nossas mentes pouco brilhantes, por cá andamos alegres e com as cabeças entre as respectivas orelhas.
Temo bem que sim. Resta saber se isso nos prejudica mais do que beneficia ou se antes pelo contrário e vice-versa. Na verdade é um dos grandes ricochetes da História. Os europeus colonizaram o continente americano, chacinaram por completo uma série de povos autóctones, substituindo-os e moldaram todo aquele espaço à sua imagem e semelhança. Longe dos constragimentos impostos pelas tradições religiosas e políticas da "Velha Europa", os colonos geraram um "Novo Mundo" sem os respectivos velhos habitantes. Os portugueses experimentaram isso no Brasil, os espanhóis pela América central acima, os franceses e os ingleses mais para Norte, foi um fartar vilanagem que está longe de acabar enquanto houver seres humanos em cima da carcaça do planeta.
Algumas centenas de anos volvidas começámos a receber de volta uma cultura europeia reciclada e adaptada pelas novas tecnologias, transformada em produto comercial altamente apetecível. As Grandes Guerras mandaram para o outro lado do Atlântico todo o tipo de artistas, cientistas, pensadores e outras aves raras que se foram estabelecer no tal mundo novo, capaz de os aceitar e lhes dar apossibilidade de criarem coisas novas. Tão novas, tão novas que, no ricochete, vêm fazer de nós uma espécie de reflexo.
A América (não apenas os EUA, todo o continente) envia para a Europa o resultado deste estranho intercâmbio cultural e económico, ao ponto de agora ser o "Velho Mundo" a ver-se obrigado a um esforço de adaptação a formas "alíenigeas". É a invasão ao contrário, a eterna mutação dos seres humanos à procura de... ninguém sabe bem do quê!
Estamos melhor? Estamos pior? Quem sabe! Ficamos diferentes.
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